Uma das minhas metas de leitura para 2020 era ler um livro que me intimida e o escolhido foi Golem e o Gênio, de Helene Wecker, lançado aqui no Brasil em 2015 pela Darkside. Mesmo sabendo que o livro é um romance histórico com fantasia, o que me intimidava era o tamanho. Já cheguei a comentar que, de uns tempos pra cá, comecei a sentir medo de livros com mais de 500 páginas e, mesmo quando sei que posso gostar, sempre acabo deixando a leitura desses livros para outro momento.
Contudo, durante esse isolamento social e a constante sensação de incerteza, senti que a hora de tirar esse calhamaço da estante havia chegado. Logo nos primeiros capítulos, já fiquei intrigada e curiosa para saber o que iria acontecer na história.
Aqui somos transportados para Nova Iorque, logo após a virada do século XX e conhecemos as histórias da golem Chava e do gênio Ahmad. Ambos chegam à esse cenário de maneira inusitada. Ela, uma criatura de barro criada por um rabino, desperta em um navio e, após a morte de seu mestre, chega à cidade sem saber como se comportar, em quem confiar e, de forma geral, o que fazer com sua vida. Ele, uma criatura do deserto sírio muito poderosa, ficou preso em uma garrafa por mil anos e, após despertar inesperadamente na oficina de um ferreiro, não consegue compreender quem ou o que está por trás de sua prisão em forma humana e não faz ideia de como se libertar. Eventualmente, os dois personagens se conhecem e, por meio de suas experiências e conversas, a autora nos apresenta à uma parte de Mahattan que foi construída por imigrantes. Além das histórias de Chava e Ahmad, por meio das histórias de outros personagens que vivem nesses bairros, podemos conhecer um pouco da realidade desses imigrantes, assim como aspectos das culturas árabe e judaica.