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10 de dezembro de 2016

As músicas que (talvez) mais ouvi em 2016


Já cheguei a comentar por aqui que gosto muito de escutar música e que levo isso muito a sério, né? Pois bem, ontem o Spotify lançou a playlist com as músicas que mais escutei em 2016 - ação que julgo equivocadíssima já que ainda é 10 de dezembro - e, obcecada por esse tipo de coisa que sou, obviamente, já tinha meus palpites e, por isso, não fiquei muito surpresa. Contudo, ao comparar a lista do Spotify com a do a Last.FM, fiquei confusa, porque os artistas são os mesmos, mas as músicas são outras. Sinceramente, acho que a lista do Spotify não tá na ordem e a do Last.FM é meio questionável, porque o scrobble tá sempre bugado.

Assim, resolvi improvisar uma lista com dez das músicas que mais escutei em 2016 até o momento. Não tenho critérios muito exatos e só garanto que não vou repetir os artistas, assim posso ser justa com quase todos que fizeram a minha vida musical mais feliz este ano. Então, sem mais delongas, comecemos.

MINHA MÚSICA, MELHOR MÚSICA.

Amo essa música e as ~good vibes~ que ela transmite, então não vou me alongar.

MINHA MÚSICA, MELHOR MÚSICA [2].

Tom Petty faz parte de um grupo de cantores sobre os quais pouco sei, mas que sinto uma alegria genuína toda vez que ouço alguma música. Acho que Refugee foi sugestão das Descobertas da Semana; escutei, gostei e, claramente, ouvi muito.

Cortesia do revival de Supernatural em minha vida. A música, que é realmente muito boa, toca no episódio do Ceifador da primeira temporada, em uma das melhores sequências musicais da série.

MELHOR MÚSICA DOS ROLLING STONES. Talvez. São questões.

QUE MÚSICA. 

As ~vibes~, a letra. QUE LETRA.

Possivelmente, uma das músicas mais bonitas que eu já escutei. Tá sempre voltando para a trilha sonora da minha vida.

Porque sim. (risos).

Fleetwood Mac, que será uma das minhas bandas preferidas, aconteceu na minha vida em 2016 e foi tudo por culpa dessa música, que tocou em um loop por dias.

***
Menção honrosa: 
Apenas porque o Breathe In. Breathe Out. tocou muito por aqui no começo do ano e eu não poderia deixar de citar - apesar do clipe (?) muito ruim.

2016, claramente um ano rocambolesco.

24 de agosto de 2016

Em 2016 virei directioner

(ou: Às vezes os sentimentos são os únicos fatos que importam)

Quem me conhece há algum tempo - seja na vida real ou nessa internet de ninguém - sabe que eu gosto muito de escutar música e que levo essa atividade muito a sério. De verdade, música é aquilo que chega mais perto de fazer por mim o que fé e religião fazem por muita gente. Então, sim, eu levo muito a sério o tipo de coisa que decido colocar na playlist da minha vida e, para isso, levo em consideração um critério bem razoável: a capacidade que uma música e/ou artista tem de me fazer sentir qualquer coisa. Pode ser tristeza, felicidade ou uma vontade incontrolável de balançar o esqueleto. Não interessa, o que importa é sentir. E 2016 tem sido muito feliz neste departamento, meus caros; e eu atribuo este fato a um acontecimento marcante que data do já longínquo dia 9 de fevereiro, quando eu resolvi apertar o play e me entregar de corpo-alma-e-coração à grande obra-prima musical contemporânea chamada Made In The A.M.

Senhoras e senhores, se preparem. Hoje eu vou falar sobre One Direction.

(ou melhor, vou tentar falar sobre One Direction)

Mas, calma, meu intuito neste post não é falar sobre a formação da banda e nem sobre quem é quem. Tenho certeza de que o Google pode fazer isso muito melhor do que eu. O que quero é divagar sobre os seis meses nos quais One Direction se fez uma presença obrigatória na trilha sonora da vigésima sexta temporada da minha vida e as consequências dessa ~revolução~. Porque sim, houve um impacto significativo por aqui.

Comecemos, obviamente, pelo início. Ou quase isso. Pois bem, quando One Direction se transformou em um fenômeno mundial durante a era paleozóica, também conhecida como o ano 2012, esta que vos escreve estava no último ano da faculdade de jornalismo e prestes a concluir um TCC. Como vocês devem imaginar, tinha muita coisa borbulhando no meu cérebro e, por isso, pouco me importei para o que raios poderia ser One Direction. E assim permaneci por mais alguns anos - menos a parte do TCC, claro. Vejam bem, não era preconceito, era indiferença. Até entendo que para algumas pessoas o conceito de boyband pode ser algo meio inadmissível, mas para esta ser humana que cresceu ao som de Hanson e Backstreet Boys, tudo é bem natural. No entanto, permaneci nas trevas por longos quatro anos.

Uma breve lista dos meus conhecimentos sobre 1D até fevereiro de 2016:
1 - A música do Nissim é, na verdade , What Makes You Beautiful;
2 - Um deles se chama Harry e ele tem um corte de cabelo ~estiloso~;
3 - Esse que se chama Harry é também um ex-lover da Taylor Swift;
4 - Um deles tem um filho;
5 - Um tal de Zayn já fez parte da banda, mas um dia se cansou e pediu para sair.

Porém, durante uma tarde do verão brasileiro, motivada pela curiosidade levantada por um review da Rolling Stone e do constante incentivo de Anna Vitória, resolvi dar uma chance para a banda e encontrei a luz. Meus caros, eu era muito triste e não sabia. E o One Direction foi o furacão que me tirou da vida em sépia para me jogar em Oz. Um admirável mundo novo se abriu para mim e todos os meus demônios foram exorcizados. Pode parecer exagero, mas juro juradinho que não é. Tenho certeza de que existem estudos que analisam os efeitos de One Direction em nosso organismo. Tem que existir. Basicamente, o que acontece é uma explosão de sentimentos positivos. Uma mistura muito louca de alegria alucinada e vontade de voar. É o tipo de coisa que você sente quando encontra o Peter Pan e ele te convida para ir para a Terra do Nunca com a ajuda de pó de pirlimpimpim. One Direction te faz acreditar em unicórnios.


De fevereiro pra cá, meu conhecimento sobre a banda aumentou consideravelmente e confesso que passei mais horas do que deveria assistindo entrevistas com os integrantes em programas de talk show (obviamente, os meus preferidos são os com James Corden). AND I REGRET NOTHING. E, melhor ainda, acredito que a principal característica da ~Revolução 1D~ foi abrir as portas para um mundo de possibilidades musicais. Porque desde então, já adicionei tanta coisa que jamais imaginei escutar ao meu ~repertório~ que em alguns momentos nem me reconheço. And I think that's beautiful.

***
Pensei em fazer uma lista dos motivos que me fazem amar a banda, porém, como tenho certeza de que boa parte deles teria alguma relação com a aparência dos integrantes, o comportamento deles em entrevistas e os gloriosos e brilhosos cabelos do Harry irei me ater a apenas dois. O primeiro deles é a já citada sensação de euforia insana proporcionada pela experiência que é escutar One Direction; sensação essa que não só parece ser sentida por nós que escutamos, mas também por aqueles que cantam. Basta uma rápida pesquisa por apresentações ao vivo para ter certeza de que os integrantes do 1D de fato sentem muita felicidade quando estão no palco (com exceção do Zayn nessa apresentação aqui, que só evidencia o fato de que o melhor mesmo foi sair da banda). One Direction é melhor que drogas.


O segundo motivo tem mais a ver comigo do que com o 1D. Desde que me entendo por gente, guardo no coração aquilo que amo e que amo fangirlizar a respeito. No entanto, normalmente, adoto uma postura mais ~contida~ quando pratico a fangirlização e isso tem mais a ver com a minha natureza do que com qualquer tipo de crítica à quem ama intensamente e demonstra esse amor por meio de histeria. Aliás, acho lindo que as pessoas vivam suas vidas de fandom histericamente. A vida é curta demais para a gente não se permitir ser histérico com aquilo que amamos. Acontece que eu sou uma pessoa introspectiva e, normalmente, sinto intensa e histericamente na minha cabeça enquanto por fora sustento um carão de metida-descolada-demais-para-gritar-por-motivos-irracionais. Porém, depois de seis meses nessa vida directioner, percebi que é humanamente impossível amar One Direction sem perder a linha, sem sair berrando para os quatro cantos do mundo, sem ESCREVER EM CAPS LOCK QUE ONE DIRECTION É A MELHOR BANDA ABSUVJHBUUHBSYKGNIUBEUYFBF

I know, Harry. I have absolutely no control.

One Direction é tipo aquela xícara de café que você bebe e fica ligadona por horas. Só que sem a gastrite e um tipo diferente de dor que só pode ser sentida quando há amor demais envolvido. Acreditem, everything hurts. Mas é que nem a dor de academia que a gente passa a gostar quando percebe os resultados. E, meus caros, amar One Direction só tem se provado algo 100% saudável e positivo para mim.

Há algo de muito maravilhoso e louvável na arte de fangirlizar intensamente sobre aquilo que a gente ama. Principalmente quando isso deixa a gente meio besta. E eu adoro ser besta. Mesmo sendo criança dos anos 90 e tendo vivido durante a Era de Ouro das Boybands, nunca pude mergulhar de cabeça nesse tipo de fandom. Eu era muito nova, não assistia MTV e preferia gastar meu dinheiro do cofrinho com chiclete. Mas como eu era, basicamente, a sombra da minha prima mais velha - que até hoje é muito fã do Justin Timberlake - e queria ser como ela, acabei sendo influenciada e acho que é por isso que tenho um pouquinho da essência de fangirl de boyband no meu DNA. E, de verdade, eu acredito sim que todas nós precisamos ter uma boyband do coração, sabe? É tipo um rito de passagem e agora, com o One Direction, posso me entregar à essa vida de vez. Ou não, já que a banda entrou em ~hiato~. Eu sempre sou aquela que chega atrasada para a festa.

#feelingsaretheonlyfacts

9 de julho de 2016

14 de junho de 2016

Chaos And The Calm (James Bay, 2015)

29. Escolha um álbum e fale dele

Uma vez uma pessoa usou a palavra "cíclica" para me dizer que tinha fases no que diz respeito à forma como se relaciona com as diferentes formas de arte e fiquei com isso na cabeça. Desde que me entendo como alguém que deixou de ser criança, percebo que meus interesses quando busco entretenimento variam de intensidade; por exemplo: sempre gostei de filmes, televisão e livros, porém a intensidade com que me dedico à apreciação dessas formas de arte/entretenimento varia de acordo com o momento da minha vida. Esses ciclos duram anos e não há um padrão que explique o porquê de isso acontecer. E aí, tem a minha relação com a música.

Arrisco dizer que a música é uma constante na minha vida desde que meus pais escolheram o meu nome. Tenho lembranças muito antigas de momentos em que me esparramava em um tapete na sala de estar e manuseava os discos de vinil deles, pedindo para escutar. Assim, mais do que qualquer outra forma de arte, a música é aquela que mais mexe comigo, me faz sair da realidade e, claro, consegue ativar memórias que, às vezes, estavam adormecidas. Sabe aquela sensação de ligar o rádio, escutar uma música e imediatamente lembrar dos tempos de colégio, dos amigos, dos sonhos daquela época? Então, é disso que eu tô falando. E aí, lembrei de uma entrevista com a Taylor Swift em que ela fala que seus álbuns são como diários de fases de sua vida. Adorei tanto este conceito que resolvi trazer para a minha vida.

Como eu estou longe de ser talentosa como a Taylor Swift e não tenho meus próprios álbuns, resolvi adaptar isso para algo mais simples: escrever sobre os álbuns que escuto e sinto que, de alguma forma, estão marcando os momentos que vivo. Seria um registro para a Michelle do futuro, algo que ela lerá daqui cinco, dez, vinte (!!!) anos e se lembrará do que viveu hoje. O primeiro que escolhi é um que tenho escutado exaustivamente nos últimos meses: Chaos And The Calm, do britânico James Bay.

Nascido em Hitchim, Hertfordshire, em 4 de setembro de 1990, James Bay é aquele típico cara de cidade pequena que sonha em vencer na vida fazendo o que ama: música. Após anos de ~formação musical~ escutando os discos de seus pais, ele aprendeu a tocar guitarra, ingressou em uma academia de artes, adotou o chapéu como sua marca registrada e, em 2013, assinou com uma gravadora. Desde então, ele lançou cinco singles, recebeu alguns prêmios - incluindo dois Brit Awards -, e nos presenteou com Chaos And The Calm (2015), seu álbum de estreia.

E aqui peço à vocês que pausem a leitura por um instante para apreciar a beleza desse título. Chaos and the calm. Duas ideias tão contraditórias e complementares. E que têm tudo a ver com as músicas e com a atmosfera geral do álbum. Com uma sonoridade que abrange influências de indie rock, folk, blues e soul, as músicas de James Bay vão falar de suas angústias e anseios, refletindo sobre o passado e o futuro, romances que não deram certo e sobre ~a vida, o universo e tudo mais~. É um trabalho que mostra um artista seguro de si, que sabe o que quer musicalmente, mas que, de certa forma, ainda está tentando se encontrar no mundo. Olhem para essa capa, ele não parece meio perdido? Eu disse para vocês, meus caros, que os vinte e poucos são complicados. Para todos nós.

TRACK BY TRACK

Agora, se me permitem, vou fingir que faço parte da Crítica Especializada e tecerei alguns breves comentários no estilo faixa a faixa: 

Craving
Essa é a música mais agitadinha e ~pop~ do álbum. Aqui, toda aquela coisa que eu disse sobre o James Bay ser o cara da cidade pequena com sonhos grandes faz sentido. Ele anseia por algo mais, algo que possa sentir.

Hold Back The River
É possivelmente a música mais conhecida e a minha primeira favorita; mais pela sonoridade acústica-tranquila-meio-com-cara-de-John-Mayer do que pela letra, que não sei dizer sobre o que é. Rola certo arrependimento da parte do James, só não sei do que ele está falando. Meu palpite é que ele lamenta o fim de um relacionamento, como se a situação tivesse fugido de seu controle.

Let It Go
Minha mais recente favorita, essa música não tem nada a ver com Frozen. Aqui, com uns trechos de guitarra bem bonitos, James vai falar sobre um relacionamento que já não estava funcionando e entrega um dos trechos mais marcantes: I used to recongnize myself,  is funny how reflections change / when we're becoming something else, I think is time to walk away. E quando eu achava que não podia ficar melhor, James convidou o Ed Sheeran (!!!) para cantar com ele. Clique aqui, assista e seja feliz!

As três próximas faixas são mais agitadinhas, mas não chegam a retomar a ~empolgação~ de Craving.

If You Ever Want To Be In Love
Sinceramente, acho que James Bay poderia sentir um pouco de amor próprio. A moça, que ele conhece desde os tempos de escola, claramente não quer um relacionamento e ele sabe disso, mas afirma que estará esperando por ela se ela quiser algum dia, talvez, ficar com ele. Migo, deixa disso, vida que segue.

Best Fake Smile
Gosto de pensar que essa música é o jeitinho do James Bay de dizer "não, não sou obrigado". Sabe aquele tipo de situação desconfortável com a qual a gente lida, ou pessoas desagradáveis que toleramos só para agradar os outros? Pois então, não somos obrigados.

When We Were On Fire
James Bay está em um relacionamento sem sentido, que já deixou de ser o que um dia foi. Mas ele tem um anseio de que um dia os sentimentos antigos voltem. Rolam umas metáforas com sol, estrela e fogo. Sempre demoro para lembrar que música é essa, mas adoro como ela soa. 

Move Together
Uma música lenta e melancólica. Mais uma vez, um relacionamento que se deteriora e tudo parece fugir do controle do James, que está tentando fazer as coisas darem certo. Todos nós já passamos ou passaremos por isso. É triste, mas a vida tem dessas. Gosto de como a letra trabalha a ideia de separação, mostrando tanto a distância física entre as duas pessoas, quanto uma distância mais emocional. 

Scars
Não sei se a música é sobre um relacionamento que acabou ou sobre uma pausa em um relacionamento. Talvez seja um relacionamento à distância? Bom, o fato é que os dois estão separados e há muito sofrimento e, mesmo que eles nunca mais fiquem juntos, já estão marcados um pelo outro para sempre. #dramática Acho que o refrão é bem poderoso e deve soar bem durante um show, com todo mundo cantando junto.

Collide
Acho que essa é continuação de Scars. Se for, aqui temos um relacionamento no estilo vai-e-volta-toda-hora, com os dois brigando muito e James Bay preferindo isso a ter que ver a moça partir de vez. Ele fala um pouco sobre objetos sendo estragados e afirma: we can go wild if it's what you want / fire at me. Sei lá, acho meio doentio. 

Get Out While You Can
Tendo como base tudo que escutamos até agora, acho que James resolveu que estava na hora de dizer "chega". Pode ser que seja em relação ao relacionamento caótico das faixas anteriores, ou pode ser que seja em relação à cidade pequena em que vivia. O fato é que a música termina com ele fazendo as malas e se jogando na estrada, pronto para encarar o mundo.

Need The Sun To Break
Essa foi a segunda que escolhi como favorita. Ela tem uma ~energia~ muito boa e imagino que uma versão ao vivo deve ser ótima. Ao contrário da sonoridade um tanto agressiva da faixa anterior, aqui as coisas são mais leves. James fala sobre as borboletas no estômago que o mantém acordado à noite e, acho, que está se apaixonando novamente. De novo temos umas metáforas com o sol.

Incomplete
Novamente, muito sofrimento porque é isso que James Bay faz. Ele sofre. Aqui ele fala sobre reencontrar alguém - possivelmente a mesma moça do relacionamento vai-e-volta-toda-hora - e os dois percebem que ainda há um sentimento muito forte, mas eles precisam se separar mesmo assim, porque sabem que não vai dar certo. E aí, ele fala para serem incompletos. Eu só não sei se seriam incompletos se ficassem juntos ou separados. Acho que dá para interpretar das duas formas. Em termos de sonoridade, essa faixa mantém o ritmo da anterior e finaliza o álbum com tranquilidade. Chaos and the calm.

A versão deluxe inclui ainda mais três faixas: RunningClocks Go Forward e Stealing Cars. São boas (e favoritas!), mas suas temáticas já foram trabalhadas em outras faixas, então, não vou comentar sobre elas. Mas, escutem sim que vale à pena.

6 de maio de 2016

Fangirl (Rainbow Rowell)

Meu primeiro contato com Rainbow Rowell foi em 2014, quando li o  então comentadíssimo Eleanor & Park e, apesar de ter achado o livro bonitinho, não morri de amores pela história e nem consegui comprar muito a ideia do casal principal. Não que os dois não combinassem e que eu não tenha gostado de acompanhar a relação fofa deles, mas fiquei com a sensação de que algo havia faltado e não me convenci. Porém, analisando em retrospecto, percebo que o que mais gostei naquela leitura foi a quantidade de referências pop no texto de Rainbow Rowell; e foi justamente isso que me motivou a querer manter contato com o trabalho a autora. Demorei um pouco, mas aqui estou.



Fangirl traz a história de Cath, uma jovem que está prestes a deixar a sua cidade natal para ingressar na vida universitária. Ao contrário de Wren - sua bastante comunicativa, desinibida e popular irmã gêmea -, Cath é introspectiva e sofre de ansiedade, o que faz com que encontre dificuldades de convívio social. Esta nova fase é um respiro de independência para Wren, que busca individualidade e novas experiências; para Cath,  é um misto de desconforto e sensação de abandono, pois terá que dividir um quarto com alguém que não é a sua irmã. Um fato curioso sobre Cath: ela escreve fanfiction de sua série literária preferida, Simon Snow (o filho engraçadinho que teria nascido se as sagas Harry Potter e Crepúsculo fossem pessoas que resolvessem se reproduzir), e é nessa atividade que encontra consolo e apoio nos momentos difíceis.

Com uma narrativa bem humorada e, claro!, marcada por referências pop (Lady Gaga, O Senhor dos Anéis e Gilmore Girls são alguns exemplos), o livro acompanha a trajetória de Cath durante o seu primeiro ano universitário - marcado por novas amizades, dificuldades de adaptação, obstáculos acadêmicos, primeiros romances, etc. De forma geral, podemos dizer que é um livro sobre amadurecimento, pois vai tratar da transição da adolescência para a vida adulta, mas é também um livro sobre família e amizade. E, claro, sobre a importância das coisas que a gente ama e que nos fazem bem.

Apesar de já ter passado pela experiência universitária  - com todas as alegrias e mazelas que o pacote traz -  os aspectos da protagonista com os quais mais me identifiquei foram a sua introspecção e as suas constantes fugas da realidade por meio de sua paixão pelos livros de Simon Snow. Como muitas das pessoas na casa dos vinte e poucos, vivi a Pottermania no seu auge e lembro da sensação de conforto e alívio que eu sentia quando chegava da escola e podia finalmente me perder pelos corredores e escadas de Hogwarts. Apesar de ter amigos, sempre me senti meio deslocada e esquisita durante meus anos de colégio e sei que, em partes, isso se deve ao fato de que eu sou uma pessoa que prefere viver mais com os próprios pensamentos do que ter que engajar em algum tipo de convívio social diário. Não que eu goste de ficar sozinha, só aprecio e valorizo momentos de solitude. Gosto da minha própria companhia. Às vezes, até demais.

Assim, foi fácil me identificar com a relação de Cath com Simon Snow, porque ali enxerguei a minha relação com Harry Potter e tudo o que a série de J.K. Rowling significou para mim. Cath aguarda ansiosamente o último livro da série, fato que não só marcará o fim de uma história, mas o de uma fase de sua vida. Para alguém que começou a vida potterhead aos 11 e se despediu aos 17 e quase às vésperas do vestibular, achei tudo muito familiar, daquele jeitinho que faz o coração da gente bater mais forte, sabe? Emocionante.

Outro tópico que me interessou durante a leitura foi a forma como a autora - por meio de seus personagens - trata do universo dos fandoms e, mais especificamente, das fanfictions. Não sei como é com vocês, mas sempre que vejo pessoas comentarem sobre o assunto é com certa dose de desdém e preconceito, como se escrever fanfic fosse coisa de gente estranha. Particularmente, não sou muito familiarizada com este universo, mas não condeno quem faz parte e acho completamente justificável que pessoas criem histórias com seus personagens e mundos preferidos como uma forma de entretenimento. (Não vou entrar na questão de fanfics que acabam virando livros, mas fica aí um tópico para se pensar). Digo isso porque me lembro muito bem que a Michelle de 11 anos sonhou com a sua carta de Hogwarts. E a Michelle de 26 lamenta muito que um Senhor do Tempo com uma caixa azul sejam apenas o fruto da imaginação dos criadores de uma série de ficção científica.

Rainbow Rowell explica, ao final do livro, que sua inspiração para escrever Fangirl surgiu após passar muito tempo lendo fanfics, então sinto que o que ela apresenta em seu livro é uma visão de alguém que se permitiu enxergar este universo através dos olhos de quem, de fato, faz parte dele. Uma visão sem preconceitos e que valoriza a importância que a gente dá para aquilo que a gente gosta. Ela chega, inclusive, a inserir trechos da fanfic escrita por Cath ao fim de cada capítulo (o que achei bem peculiar, apesar de sentir que em alguns momentos funcionam de forma negativa e quebram o ritmo da narrativa). Acho válido aproveitar este momento para comentar que também li e adorei o conto que a autora escreveu para o World Book Day, Kindred Spirits, no qual ela aborda novamente o universo dos fandoms ao criar uma história que gira em torno da estreia de Star Wars - O Despertar da Força.

Depois dessas duas experiências recentes bastante positivas, já me impus como projeto pessoal ler todos os livros da Rainbow Rowell, que acabou de entrar para o meu rol de autores capazes de proporcionar uma sensação de quentinho no coração, algo como o equivalente literário para comfort food. Então, fica aqui a minha recomendação. Por favor, leiam Fangirl e sejam felizes amando aquilo que vocês amam ♥

8 de janeiro de 2016

As Melhores Leituras de 2015

Ano novo, vida nova, leituras novas! Mas antes disso, vou recordar as histórias que marcaram o meu 2015 e encarar a difícil missão de escolher aquelas que farão parte do ~seleto~ grupo de favoritas. Os dez livros que escolhi não estão em ordem de preferência e aparecerão na ordem em que os li.

Se em janeiro de 2015 me perguntassem se esse livro seria um favorito, eu provavelmente diria que não, porque achei a leitura bastante cansativa em algumas partes. Porém, conforme os meses foram passando percebi que o problema estava comigo e, talvez, com o momento da leitura. "O garoto no convés" é um romance de formação e de aventura marítima baseado em fatos históricos que traz um desenrolar mais lento, porém necessário para a compreensão da dimensão e do impacto dos acontecimentos da vida do protagonista, John Jacob Turnstile.

Jane Austen aborda uma das principais oposições ideológicas da natureza humana, razão x emoção, ao apresentá-la nas personalidades das personagens que protagonizam seu romance. A história das irmãs Dashwood, tão diferentes em suas maneiras de pensar e enxergar o mundo, além de mostrar a busca por um final feliz, é recheada de ironia, humor e críticas à sociedade inglesa do século XIX. Clássico para ler e reler várias vezes. 

Como não amar um livro sobre o poder dos livros? A história de Juan, que vai passar uns dias na casa/biblioteca do excêntrico tio Tito, me ganhou logo nas primeiras páginas. Mais do que trazer uma história de mistério, o livro trata da descoberta do mundo literário, do poder que os livros têm de transformar as nossas vidas e, principalmente, de como podem dizer exatamente aquilo que precisamos escutar em momentos específicos. Tudo isso com elementos de fantasia. Por favor, leiam esse livro. 

As aventuras de Robin Hood, de Alexandre Dumas
O segundo livro que mais me fez companhia em 2015 não poderia ficar de fora da lista. Adorei poder ter contato com Robin Hood pelas visão de Alexandre Dumas, que nos apresenta a história do príncipe dos ladrões desde o seu nascimento até o momento de sua morte. O que mais gostei de observar foi a construção do mocinho-bandido, que surge como o típico herói até que se transforma no ladrão que tira dos ricos para dar aos pobres. 

Viva a música!, de Andrés Caicedo
Conhecem a expressão "live fast, die young"? Tudo neste livro me lembra dela, desde a história do autor Andrés Caicedo - que cometeu suicídio aos 25 anos - até a vida frenética que a protagonista de seu livro leva pelas ruas e festas de Cáli. Com fortes influências da literatura beat dos anos 1950, "Viva a música!" é um clássico colombiano e um culto à juventude alucinada e desenfreada. 

Por lugares incríveis, de Jennifer Niven
Qualquer livro que me faça sentir como se tivesse levado uma facada no coração, me deixe com uma profunda vontade de chorar e me faça pensar na história por dias merece estar em uma lista de favoritos. E este talvez seja o favorito do ano. "Por lugares incríveis" tem um título e uma capa fofos e que sugerem uma história igualmente adorável, mas isso é um engano. É um livro sobre depressão, sobre angústia, sobre não enxergar possibilidades. Achei que iria ler mais um YA genérico com adolescentes problemáticos e acabei me surpreendendo. 

Nunca fui fã de "Blade Runner" e até passar a fazer parte do booktube, não fazia ideia de que o filme era baseado em um livro. A história futurística que apresenta um planeta Terra devastado por uma terceira guerra mundial que obrigou parte da humanidade a migrar para diferentes planetas é bastante intrigante. Além do cenário pós-apocalíptico e da presença de androides, o livro também levanta reflexões sobre a natureza humana e sobre o que define um ser humano como tal. 

Til, de José de Alencar
Se contassem para a Michelle vestibulanda de 17 anos que um dia ela iria se apaixonar por um livro escrito por José de Alencar, ela diria que era uma enorme e absurda mentira. Pois bem, agora estou aqui para provar que é verdade e dizer que "Til" é um dos romances clássicos brasileiros mais bonitos, interessantes e envolventes que eu já li (não foram muitos, eu sei). Com uma estrutura não linear, uma atmosfera de mistério e cara de novela das seis, o livro não só me cativou como me fez cogitar procurar outros trabalhos do autor. 

Este é mais um dos livros que conheci por causa do booktube. É um clássico do século XX que se tornou bastante conhecido por tratar da questão racial nos Estados Unidos, mas que vai muito além disso e levanta também questões sobre desigualdade social, diferença de gênero e sobre a importância da educação para a formação do ser humano. Tudo isso sob a perspectiva de uma criança. Apesar de a leitura não ter tido tanto impacto para mim - pois já li outras obras com temáticas parecidas -, foi uma experiência muito válida. 

A Guerra dos Tronos, de George R.R. Martin
Confesso que fiquei na dúvida se colocaria este livro na lista, mas no fim optei por fazê-lo. Assisto "Game of Thrones", então já sabia do desenrolar dos acontecimentos e das reviravoltas; ainda assim, a experiência de leitura foi excelente! Tudo o que eu já admirava na série de TV ganhou uma dimensão muito maior quando tive contato com a história em seu formato original e pelas palavras de George R.R. Martin. Além do universo rico em detalhes, os personagens de "As crônicas de Gelo e Fogo" são bem construídos, bem humanos e cativantes.