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15 de dezembro de 2017

As músicas que (talvez) mais ouvi em 2017


Pois bem, estamos em dezembro e é chegada a hora de dar início às retrospectivas. E como sei que nesse meu ritmo devagar-quase-parando meus posts não irão se escrever sozinhos, é melhor que comece agora, na segunda semana de dezembro. Com sorte, termino tudo antes do carnaval. Hoje trago um aquecimento, no qual repetirei algo que fiz no ano  passado.

Ao contrário do que aconteceu em 2016, dessa vez eu não tenho muita noção de como foi o meu ano musical. Consigo ter uma ideia dos artistas que mais escutei e álbuns favoritos, mas não fiquei ~controlando~ tudo, analisando as estatísticas do Last.FM e coisas do tipo. Ou seja, vou descobrir no calor do momento de distribuir os troféus e elaborar os posts, claro. E como foi só ontem que parei para escutar a playlist que o Spotify criou com os maiores sucessos da vigésima sétima temporada da minha vida - depois de praticamente todas as pessoas que habitam nosso planeta Internet -, irei compartilhar minhas descobertas com vocês que acompanham esta prestigiosa publicação listando as dez músicas mais escutadas por mim. Novamente, não posso afirmar que as informações do Spotify são 100% exatas e como adoro ~inventar moda~, irei montar a lista utilizando também as estatísticas do Last.FM e os meus excelentes critérios de seleção que se baseiam nas seguintes regrinhas: 1) não posso repetir artista e 2) não posso repetir as mesmas músicas de 2016. Agora, sem mais delongas, senhoras e senhores, vamos à minha fabulosa lista de músicas possivelmente mais escutadas em 2017!
ÓBVIO. Harry me lembrando desde abril que é para parar de chorar, porque o mundo tá acabando e a gente tem que fugir. Obrigada por existir, Harry. ❤

Não consigo pensar em outra coisa para dizer sobre essa música que não seja um sonoro e enfático QUE HINO! 'Cês já experimentaram escutar essa música com fones de ouvido, com um volume bem alto e de olhos fechados, de preferência em um dia bem estressante? Recomendo que façam isso pelo menos uma vez na vida porque a sensação é a da mais profunda #paz.

Crise existencial e no meio da madrugada precisa de uma trilha sonora apropriada e essa obra-prima do Fleetwood Mac (MELHOR BANDA) é perfeita. Escutei tanto a versão do disco de 1975, quanto a versão ao vivo em The Dance e acho as duas transcendentais, principalmente a última. Sinto que não enaltecemos Lindsey Buckingham o suficiente pelo que ele fez com essa música em The Dance.

Só sei que na virada do ano, um tanto alterada, fui dormir escutando música e quando acordei, era essa música que estava tocando. Não sei como cheguei à ela, só sei que fui impactada e, aparentemente, escutei uma quantidade razoável de vezes. Até agora não parei para prestar atenção na letra e na mensagem da música, mas gosto bastante.

ED SHEERAN VOLTOU, MINHA GENTE! De todas as músicas do álbum mais recente dele, essa foi a que eu mais gostei e me surpreendi muito com isso porque achei aquela prévia acústica bem sem graça. Adooooro a introdução e acho o refrão ótimo!

Novamente surpreendida por essa mulher, porque eu achei essa música nada além de HORROROSA da primeira vez que escutei e xinguei muito no Twitter. Porém, depois de alguns dias - e de um ótimo clipe -, a música ganhou um espaço no meu coração completamente Swftie. Obrigada por existir, Tay-Tay. ❤

Olha, não fazia ideia de que tinha escutado tanto assim porque não é como se eu fosse louca-obcecada por essa música. Porém, ela está na minha playlist roqueira, que me acompanhou bastante nos fatídicos dias de treinos na academia.

Tive uma fase power ballads de roqueiros farofentos dos anos 80, um gênero extremamente sentimental e que eu acho que deveria ser analisado, pois muitíssimo ótimo. Essa música é um chororô piegas and I think that's beautiful. E o clipe, meus caros, o clipe. Vejam o clipe.

MINHA MÚSICA, MELHOR MÚSICA! Eu ainda não acredito que justamente no ano que decidi ~aprofundar os meus conhecimentos~ sobre Tom Petty, ele nos deixou. Escutem Tom Petty, gente.

Praticamente uma música do Fleetwood Mac e não tinha como eu não gostar. A melodia, as harmonias e a atmosfera geral da música são uma delícia e fazem a gente querer se apaixonar só para escutar essa música em loop eterno enquanto contemplamos as nuvens.

***

Menção honrosa: 
Porque apesar de ser música de mãe e de sala de espera, só eu sei o quanto passei a amar o disquinho que esse ser humano lançou em 1984. Bryan Adams merecia mais de todos nós.


6 de setembro de 2017

Dark Side of The Moon (Pink Floyd, 1973)

6. Um álbum que mudou a forma que você pensa sobre música

Lembro de certa vez ter lido em algum lugar que, de todas as formas de arte, a música é aquela mais universal, mais acessível e mais identificável. E que também é a mais inexplicável, ou algo do tipo. Com certeza (?), está entre as mais antigas e deve ser por esse motivo que é considerada todas essas coisas que acabo de mencionar. Não sei até que ponto concordo com essa visão em termos mais gerais, mas quando falo exclusivamente de mim - e, convenhamos, este espaço aqui é todinho meu -, digo que é 100% verdadeira. Música é o tipo de coisa sem a qual não posso viver. Sério. Consigo me imaginar sem poder assistir filmes e espetáculos de teatro, sem poder visitar museus e exposições e até sem poder ler; mas jamais, sob hipótese alguma, consigo me imaginar vivendo em um mundo onde eu não tenha a possibilidade de escutar música.

Não sei se essa é uma noção que carrego comigo desde que nasci ou se foi algo que surgiu conforme fui me desenvolvendo como pessoinha. Talvez seja porque tive aulas de música na escola, ou talvez meu destino tenha sido traçado no momento em que meus pais resolveram me batizar com nome de canção. É possível que seja um pouco dos dois. Ou não. Tem coisas que são meio inexplicáveis mesmo. O que eu sei com certeza é que só me dei conta de que funciono desse jeito quando estava na adolescência, que também foi quando iniciei a minha formação como gente-que-escuta-música. Foi nessa fase que comecei a expandir meus horizontes, indo além daquilo que escutava apenas por influência de familiares e pessoas próximas e que nem sempre tinha muito a ver com meu interesse pessoal. Não que eu questionasse aquilo que estava escutando; para ser sincera, nem prestava muita atenção. Até que, de repente, comecei a prestar. Jamais saberei como aconteceu.

Era a primeira década dos anos 2000, a internet 2.0 engatinhava e a minha principal fonte de informação era a MTV. Só Deus sabe quantas horas da minha vida foram investidas na programação da emissora, mas eu estimo que tenham sido muitas. Até hoje, quando me lembro de alguma informação aleatória sobre algum vocalista obscuro de alguma banda igualmente obscura dos anos 80, sei que foi lá que aprendi. Os VJs, detentores de grande sabedoria, eram meus gurus e sob sua orientação, comecei minha jornada rumo à iluminação. Foram muitas degustações auditivas, que resultaram em experiências positivas, desagradáveis, passageiras, marcantes ou definitivas. Era tudo muito rocambolesco também, arquivos .mp3 completamente desconexos reunidos na mesma pastinha do player esperando o shuffle fazer a mágica acontecer.

Foi nessa época que escutei o nome Pink Floyd pela primeira vez e gostaria de dizer que tenho alguma história interessante a respeito, mas não. A real é que, assim como muitas das informações e estímulos bombardeados para o meu impressionável cérebro adolescente, o Pink Floyd caiu no limbo dedicado às informações inúteis que permanecem adormecidas até que um momento oportuno se apresente. No caso, ficou lá até 2007, quando graças ao finado e saudoso Orkut, descobri que uma das minhas músicas preferidas da trilha sonora de Os Infiltrados se chama Comfortably Numb (The Wall, 1979), que foi rapidamente baixada via eMule e exaustivamente escutada por aquela minha versão que não entendia muito bem o que raios era um álbum conceitual e nem se esforçou para pesquisar. A lerdeza era tanta que não me dei conta de que a versão que toca no filme não é a mesma que eu escutava e amava sem perceber, já que achava tudo muito estranho. Porque é assim que ocorre a conexão com o Pink Floyd: a gente não percebe que está vivendo um relacionamento, pelo menos não no começo. É tudo tão esquisito, sombrio e angustiante, que a única reação possível é o estranhamento. Inocente, mal sabia eu que ao encontrar um paradoxal conforto em uma música perturbadoramente chamada Comfortably Numb, estava tendo um vislumbre do que seria a vida adulta e, claro, o significado sagrado do Pink Floyd para mim. Não que eu possa me culpar pela ingenuidade de quem ainda nem tinha começado a viver. Não que eu possa condenar alguém por encontrar algum tipo de consolo na voz suave e no solo de guitarra transcendental do David Gilmour. Como poderia?

Foi em algum momento do ano de 2008 que decidi, sem muita explicação, começar uma pesquisa sobre o Pink Floyd, que até então, era apenas uma banda one hit wonder do meu MP4 Player retangular. E por meio daquela que eu considerava a fonte mais confiável da world wide web, Wikipedia, comecei a me informar e a tentar armazenar conhecimentos sobre a banda no meu cérebro. Não demorei para perceber que quando falamos de Pink Floyd, não dá muito para sair memorizando nomes de singles e vocalistas. Quer dizer, até dá, os nomes e números estão aí para serem consultados. É só que essa lógica de se deixar guiar por eles não é muito justa com o que, de fato, é o Pink Floyd. Estamos falando quase que de uma entidade. Lembro que, de tudo o que li sobre a banda durante aqueles primeiros contatos, o que mais me impressionou e fascinou foi tragédia de Syd Barrett, o gênio criativo por trás da fundação da banda, que definhou enquanto perdia a razão até que, de fato, sucumbiu à loucura. Já tinha lido sobre músicos que morriam inesperadamente em acidentes ou que tiravam suas próprias vidas, com ou sem intenção. Mas jamais havia passado pela minha cabeça a noção de se perder dentro de si à ponto de deixar de existir, ainda que, tecnicamente, ainda se exista. Syd Barret começou a declinar em 1968, mas só partiu em 2006. Sinto arrepios só de imaginar como devem ter sido os 38 anos no meio disso.

Com esse estranho fascínio, porém com um pouco de receio e - por que não? - medo de escutar as palavras desta mente atormentada, resolvi que só queria e precisava conhecer o Pink Floyd de Roger Waters, cujo primeiro e, talvez, principal expoente (são questões) é o icônico álbum com um prisma na capa: Dark Side of the Moon. Lançado em 1º de março de 1973, além de ser claramente pisciano, o álbum explodiu a minha cabeça e, não só mudou completamente a maneira como eu pensava sobre música, como transformou a minha vida, a maneira como eu enxergo a humanidade e o mundo. Sem que eu percebesse, estava sendo impactada por aquele que considero o melhor álbum já feito e, indiscutivelmente, o meu disco preferido de todos os tempos.

Já deixo claro que não irei me aprofundar a respeito dos aspectos técnicos do álbum e muito menos me propor a escrever algum tipo de crítica, análise, etc. Para tudo existe um limite e um dos meus começa quando o assunto é a discografia do Pink Floyd. Ou boa parte dela, pelo menos. Sem sombra de dúvidas, The Dark Side of the Moon entra na minha categoria de coisas intocáveis e sagradas. Para todos os efeitos, direi que ele foi revolucionário e figura na lista dos 1001 discos para ouvir antes de morrer. Altamente recomendável. Para mais informações, joga no Google.

O que quero, por meio deste textão é tentar explicar o porquê de eu considerar este álbum algo tão primoroso, que me toca profundamente e com o qual me identifico. Também quero atender à proposta original do post e explicar a forma como Dark Side of the Moon mudou a minha maneira de pensar sobre música. Vou conseguir? Não sei, vou tentar.

Creio não estar equivocada ao dizer que 99% das pessoas, ao escutar o Dark Side of the Moon pela primeira vez, ficam com cara de pastel e sem entender muito bem o porquê do hype todo. Eu, com certeza, fiz isso e jamais me esquecerei da reação de uma amiga que tinha na época que, depois de atender aos meus pedidos para que escutasse essa obra-prima, olhou bem na minha cara e mandou um sonoro EU ODIEI O DARK SIDE OF THE MOON! Oh, to be young and innocent! Não que eu a possa julgar muito. Mesmo não sendo o tipo de pessoa que sai por aí odiando as coisas, minhas primeiras reações após escutar o disco passam longe da adoração, do amor incondicional, da profunda identificação e da transcendência. A princípio, aquelas músicas não passavam de ruídos aleatórios e pirações com efeitos eletrônicos; o tipo de coisa que só poderia ser feita por gente sob o efeito de substâncias em uma época em que fazer esse tipo de coisa te dava a garantia de ser visto como descolado. Não vou mentir, é possível que eu tenha achado o Pink Floyd e seus fãs um tanto pedantes. Quer dizer, como assim vocês consideram o som de relógios disparando alarmes e caixas registradoras como música e chamam isso de arte? Sem mencionar a mulher histérica e a risada perturbadora que me causou calafrios quando escutei Brain Damage pela primeira vez em um quarto escuro, alguns instantes antes de dormir. Nada, absolutamente nada, no álbum fazia sentido.

Porém, ao contrário do que aquela voz no fundo da minha cabeça me dizia, não consegui sentir algo de negativo em relação ao Dark Side of the Moon. Ainda que incapaz de compreender o que raios se passava pela mente de Roger, David, Nick e Rick quando resolveram conceber um projeto tão peculiar, algo ali me atingiu, me intrigou e, louca que sou, não consegui parar de escutar. Criei um ritual quase diário de escutar o álbum, sempre à noite ou em algum momento em que sabia que estaria sozinha e não seria interrompida. Ninguém me disse que era assim que se deveria proceder ao escutar Pink Floyd, contudo, estava óbvio que era assim que as coisas deveriam ser feitas. É um daqueles casos em que a gente simplesmente sabe. Durante um ano, o estranhamento gerado pela banda se misturou com aquilo que soava mais amigável aos meus ouvidos e, de alguma forma, fui encontrando algum ponto de equilíbrio musical, mesmo que ainda me fosse impossível entender exatamente sobre o que eram aquelas músicas. Vejam bem, eu já sabia falar inglês e entendia as palavras cantadas; o problema era compreender a mensagem, o real significado. Se é que podemos atribuir um único significado à inigualável trabalho.

Falar sobre Dark Side of the Moon é um troço complicado para mim. É aquela velha história de encontrar dificuldade para colocar em palavras os sentimentos que surgem a partir de algo que nos é tão caro e próximo. É difícil de explicar, as frases não fazem sentido para além da minha cabeça e, sinceramente, nem sei se deveriam. Existem coisas que estão aí para que sejam sentidas e, muitas vezes, não precisam vir acompanhadas de alguma explicação verborrágica. E talvez seja por isso que gosto tanto do álbum, porque ao mesmo tempo em que ele pode soar bastante esquisito e confuso, também faz todo o sentido do mundo. É um álbum complexo e, por mais que eu não goste muito de utilizar esta expressão, é a única que me ocorre no momento. Contudo, quando digo que é complexo, não digo que é inacessível, muito pelo contrário. Penso que se existe um trabalho que fala tão diretamente com a essência da mente humana - principalmente nos tempos em que vivemos - , este trabalho é Dark Side of the Moon. Por isso que o defino como complexo, nós somos complexos também. E tentar entender o álbum é, ao mesmo tempo, tentar nos compreender. E, francamente, essa é uma tarefa difícil pra caramba.

Em seu ensaio Vivendo Pink (publicado na coletânea Pink Floyd e a filosofia, organizada por George A. Reisch), Steven Gimbel discorre à respeito do impacto do Pink Floyd na vida de quem o escuta e de como sua música é carregada de existencialismo. Ao cunhar a expressão estar pink para descrever um estado de espírito que atingimos no mundo pós-moderno, ele também consegue chegar perto de alguma definição ou explicação para os efeitos do Pink Floyd e do porquê de tantas pessoas se identificarem com a banda.
(...) Estar pink não é exatamente o mesmo que estar deprimido ou chateado. Essas emoções costumam ser relacionadas a acontecimentos ou circunstâncias particulares em sua vida. Pink é mais um sentido vago de mal-estar inconsolável, um sentimento de que alguma coisa na estrutura está rompida, não de algo localizado que pode ser consertado, mas de algo mais profundo e difuso em toda a sociedade. É um sentimento de impotência, de que nem mesmo existe uma razão para nos sentirmos ultrajados, já que qualquer coisa que você fizesse, como diz o velho ditado iídiche, seria como urinar no oceano, ou seja, de nada valeria. It can't be helped but there's a lot of it about. Não estamos falando de hanging on in quiet desperation, mas uma reflexão intelectual acerca desse desespero, desejando sem esperança que houvesse algo que pudesse ser feito, sabendo o tempo todo que o problema é endêmico à condição humana.
Optei por colocar este trecho do texto de Gimbel aqui porque acho que ele fez um trabalho louvável e conseguiu, na medida do possível, colocar em palavras o que é sentir o Pink Floyd, de uma forma geral. Todos os trabalhos da banda trazem esse quê de rompimento de estrutura, tanto no sentido mais prático - uso de diferentes técnicas e tecnologias para a gravação de álbuns inovadores -, quanto naquilo que é mais subjetivo, resultando na tal da identificação. Tenho para mim que todos nós, durante a transição para a vida adulta, passamos pelo momento do cair do véu, da abertura das cortinas, da quebra da quarta parede, da saída da caverna, da libertação da matrix. Chame como quiser. É aquele momento quando, pela primeira vez, encaramos a realidade nua e crua, com tudo o que há de mais podre e assustador. Não há exatamente uma idade certa para o processo iniciar e tudo varia de pessoa para pessoa. No meu caso, começou aos 18 anos e acho uma tremenda coincidência que tenha sido justamente naquela época que Dark Side of the Moon aconteceu na minha vida.

Correndo o risco de parecer forçar a barra, peço a licença para traçar um paralelo com algumas ideias que povoam este meu cérebro mirabolante. Uma das coisas que mais me incomodam, apesar de fazer sentido, é que, ao crescer, a gente começa a fingir. De repente, nos tornamos grandes atores, capazes de desbancar qualquer vencedor do Oscar ao entregar excelentes interpretações no Grande Espetáculo da Vida. Acho fascinante como jamais decepcionamos ao escondemos o  nosso verdadeiro eu em prol da felicidade plástica (nossa e alheia) e da estética de um feed harmonizado. Nossos mundos desmoronam, nossos sonhos morrem e a gente vira um bolinho assado em linha de produção belamente decorado com glacê para agradar aos olhares famintos que observam a vitrine. Pode até ser que a massa não esteja boa, mas a aparência é fabulosa, digna de Cake Boss. Não importa se você vai passar mal depois de comer, o importante é manter o simulacro e garantir aquela foto bonita para postar no Instagram. Para além das metáforas culinárias, o que este modus operandi realmente revela é aquilo que sempre pareceu imperar na existência humana: a necessidade de estar no topo da cadeia alimentar. Ou de pelo menos parecer estar no topo da cadeia alimentar. É absurdo o peso que damos à aparência.

Tenho certeza de que se eu me concentrar mais, consigo puxar alguma linha de pensamento que vai terminar com alguma relação entre robôs, vida moderna e capitalismo; contudo, irei poupar à todos nós porque ninguém aqui é obrigado. Seja lá o que eu estava tentando dizer, o ponto de chegada era o fato de que quando a gente cresce, nos adaptamos à um sistema de máscaras que, além de garantir para o universo que somos muito felizes, também oculta parte de quem somos, normalmente aquilo que pode ser visto como escuso e, muitas vezes, as características primordiais que fazem do ser humano o que ele é. A gente é muito podre e sabe disso. E se ilude dizendo que não, não somos. Mas a gente é sim. E é a essa conclusão que eu sempre chego quando termino de escutar Dark Side of the Moon. Ao mesmo tempo em que sinto um conforto perturbador por me sentir representada de alguma forma, também me sinto péssima pela identificação e pelo reconhecimento de que não só estou no mesmo barco que uns músicos muito loucos dos anos 1970, mas também da humanidade de uma forma geral. Dá até pra dizer que foi ali, aos 18 anos e durante o primeiro contato com o álbum, que foi plantada a sementinha da destruição da noção de que floquinho de neve único e especial nunca fui e nunca serei. Dark Side of the Moon é tão discão que até com os infames millennials ele dialoga.

É claro que sendo uma peça artística, o álbum abre margem para múltiplas interpretações, sejam elas acadêmicas e pedantes, ou super particulares em bloguinhos nesta internet sem lei em que insistimos em viver. Há quem diga que os versos finais do álbum - que discorrem sobre o sol ser eclipsado pela lua e sobre não existir um lado escuro da mesma, já que tudo está na escuridão e o que existe mesmo é um lado iluminado - transmitem uma mensagem de esperança. Particularmente, discordo. Se tem uma coisa que o Pink Floyd jamais me passou foi uma noção de otimismo, de que tudo vai ficar bem. Pra mim sempre foi algo na linha de olha, tá tudo uma porcaria mesmo, não tem muito o que fazer, o que resta é aguentar aí e segurar as pontas como puder e o conforto parte da percepção de que sim, tá tudo bem ruim, mas pelo menos não estamos sozinhos no sofrimento. E se não dá pra melhorar, a gente pode pelo menos trocar uma ideia sobre as mazelas da vida. É o tal do hanging on in quiet desperation, o tal do viver pink.

E o que é que nós, jovens fracassos criados à base de promessas, temos feito para lidar com as constantes e, aparentemente, inesgotáveis derrotas da vida que não seja justamente viver pink? Moldando a nossa própria forma de lidar com tudo, o nosso segurar as pontas no desespero calado, por meio de filmes de super-heróis, maratonas Netflix, memes na comunidade sofredora twitteira e outras formas de escapismo rápido e eficiente? Vou além: que não seja se conformar em viver confortavelmente entorpecido ou se entregar completamente à loucura? Fica aí uma questão para se pensar.

Enquanto isso, Dark Side of the Moon continua tão impactante e relevante quanto na época em que foi lançado, uma década também de transição e com uma juventude pós-Woodstock bastante desiludida. Claramente, um clássico. Se esse discão não foi capaz de modificar a minha maneira de pensar sobre música, meus caros, nada mais o fará.

4 de setembro de 2017

The Scorpio Races (Maggie Stiefvater)

Eu, que passei os últimos quatro anos falando sobre livros na internet, não sei mais fazer isso. É sério, perdi o jeito; não sei mais fazer resenha. Não confirmo e nem nego que, talvez, seja este o motivo para o quase completo desaparecimento de posts literários. A última resenha de verdade, se não me engano, saiu em abril. Só que, ainda que tenha me tornado uma leitora lerda e de ocasião, não é como se eu não tivesse lido livro algum nos últimos quatro meses. Li sim e quero comentar o que achei, só não estava sabendo muito bem como o fazer. Como pessoa que devaneia em textos que sou, percebi que para voltar a falar sobre livros, precisaria ir direto ao ponto, evitando me perder em rodeios e falando logo o que tiver que falar Por isso, decidi que agora vou usar uma estrutura fixa quando quiser fazer review por aqui, mais ou menos como fiz neste post. E para inaugurar este novo estilo, não poderia escolher outro livro que não fosse um dos meus favoritos recentes: The Scorpio Races, da Maggie Stiefvater. ♥ 


Sobre o que é?
Em termos mais gerais, diria que The Scorpio Races traz  uma história sobre se descobrir, se encontrar e se libertar; com um pouco de romance, dramas familiares e fantasia. Falando de forma mais específica, o livro traz a história de dois personagens, Puck e Sean. Ambos vivem em Thisby, uma ilha minúscula em que todo mundo se conhece e na qual é quase impossível ter uma perspectiva de vida que vá além daquilo que dizem que você deve ser. Ou seja, ou você vai embora, ou você fica por lá e se contente com o que puder. A principal fonte de renda da ilha vem por meio da Corrida de Escorpião, um evento anual que atrai turistas de todas as partes, assim como competidores e comerciantes de cavalos.

A Corrida de Escorpião nada mais é do que uma corrida de cavalos na orla da praia, só que os cavalos não são do tipo comum, mas sim de uma espécie fantástica: os altamente ferozes, indomáveis e perigosíssimos cavalos d'água. Famintas por carne e sedentas por sangue, tudo o que essas criaturas querem é voltar para o mar, seu habitat natural; e é justamente aí que mora um dos principais desafios da corrida, pois, além de precisar se manter na montaria, o jockey (?) também deve fazer o possível e o impossível para manter o cavalo longe da água. Obviamente, muita gente se machuca e muita gente morre. Mas por que raios alguém iria se jogar nessa cilada?, o caro leitor pode estar se perguntando. Pela glória, talvez, mas, principalmente, pelo prêmio. Muitas pessoas apostam nas corridas e há sempre uma alta quantia de dinheiro envolvida, o que é parte dos motivos que levam os protagonistas a decidirem participar da corrida.

Quem são os protagonistas?
Puck Connolly é a irmã do meio e desde que seus pais morreram em um trágico acidente de pesca envolvendo cavalos d'água, ela divide as despesas e as tarefas da casa com os irmãos - Gabe e Finn. Está tudo mais ou menos sob controle até que Gabe, o mais velho, anuncia que irá embora para continente sem dar muitas explicações. Com a situação financeira familiar bastante lamentável, Puck decide se inscrever para a Corrida de Escorpião, o que, normalmente, já seria visto como uma loucura, só que nesse caso é ainda pior já que 1) por não ter um cavalo d'água, ela decide correr com sua égua normal e 2) ela é uma garota, o que contraria o regulamento da corrida, que só permite homens e garotos. Além disso, ela não tem muita experiência com corridas.

Sean Kendrick é o principal campeão das Corridas de Escorpião e, por isso, um dos  maiores atrativos para turistas interessados em apostar no evento. Após perder seu pai quando ainda era criança, ele foi adotado por Benjamin Malvern, o homem mais rico da ilha, que lhe ofereceu abrigo e emprego como domador de cavalos em seu aras. Durante praticamente toda a sua vida, Sean viveu para os cavalos e, principalmente, para Corr, um garanhão vermelho d'água imprevisível, veloz e cobiçado. Contudo, com exceção de Sean, ninguém consegue domá-lo. Fica muito claro, logo no início, que Corr e Sean têm um vínculo muito forte e é justamente por isso que o rapaz tolera a condição em que vive - que não chega a ser de escravidão, mas beira isso -, apesar de já ter juntando dinheiro o suficiente para não precisar manter o trabalho no aras e, principalmente, continuar se arriscando nas corridas.

São eles que nos contarão a história, com capítulos que se intercalam entre as perspectivas de cada um.

O que eu mais gostei?
Os personagens são o meu aspecto preferido do livro, principalmente o Sean. Gosto da forma como Maggie Stiefvater nos apresenta a ele por meio de sua narrativa, mas também pela visão que os outros habitantes de Thisby têm dele. Mas, mais que isso, gosto da personalidade do Sean; da forma como ele é deslocado, indomável e um pouco misterioso, mas também bastante vulnerável, ainda que não o demonstre. O que mais me fascinou é o quanto ele me pareceu real, a ponto de eu acreditar que alguém como ele poderia existir fora dos livros. Não é sempre que consigo me sentir assim em relação a personagens literários e adoro quando acontece. A Puck também é ótima, apesar de me irritar um pouco com a sua impaciência e na forma como se relaciona com os irmãos. Ainda assim, acho muito louvável a postura determinada que ela adota ao lidar com os perrengues que a vida coloca em seu caminho, se recusando a aceitar o papel que esperam que desempenhe e desafiando os padrões ao participar da Corrida de Escorpião. Gosto também da maneira como ela e o Sean se conhecem e como o relacionamento entre os dois é construído de forma sutil e natural.

Outro aspecto que me agradou é a atmosfera da história, que tornou toda a experiência de leitura bastante imersiva. Conseguia "enxergar" a ilha e seus habitantes, sentir os cheiros descritos, assim como a brisa do mar; além de ter uma imagem muito nítida dos cavalos correndo ao pôr do sol. Da mesma forma que tudo me parecia bem idílico, também consegui captar o temor das corridas e a inércia aprisionadora de Thisby, que creio ter sido a intenção da autora.

Por fim, acho que é impossível falar do que gostei no livro sem mencionar a relação do Sean com Corr. Muito mais do que sua montaria, o cavalo d'água parece ser o único que entende o que acontece na mente de Sean, quais são os seus traumas e os seus anseios. É quase como se um fosse reflexo do outro. É muito linda a relação dos dois. ♥

O que pode ser motivo para não gostar?
Uma ressalva que preciso fazer é em relação ao ritmo do livro, que pode parecer demorar um pouco para engrenar. Para mim, não foi um empecilho e gostei de degustar a leitura no meu tempo - levei mais de um mês! -, o que me proporcionou a criação de vínculos com os personagens e me sentir dentro da história. O título também pode passar a ideia de ser uma história de ação e o leitor menos avisado pode se frustrar. Não que a ação não desempenhe um papel na história, mas é só mais para o fim, quando a corrida acontece. Antes disso, é mais uma construção de tudo que irá culminar no desfecho.

Recomendo para quem?
Recomendaria para todo mundo que busca uma história com personagens cativantes. Para quem gosta de histórias de fantasia, o elemento aparece aqui, mas de forma bastante sutil, quase imperceptível, então é interessante ter isso em mente. Digo o mesmo em relação a ação. Se você procura uma leitura cheia de reviravoltas e ganchos ao final de cada capítulo, talvez esta não seja a melhor opção. Agora, se você se interessou, mas tem um pé atrás quando o assunto é YA, acho que The Scorpio Races pode ser interessante porque, tirando a idade dos personagens (algo entre os 19 anos, acho), não senti que é um livro adolescente. Muito pelo contrário, achei os dilemas apresentados bastante palpáveis e, em alguns pontos, fáceis de se relacionar. Dadas as ressalvas, recomendo muitíssimo a leitura. Com certeza um dos meus favoritos do ano.

Trecho:

"I don't trust the ocean, either. It would kill me as soon as not. It doesn't mean I'm afraid of it".

31 de agosto de 2017

08/2017: a playlist de agosto

Ao todo, são 31 músicas que, de forma geral, demonstram que durante o mês de agosto, vivi predominantemente nos anos 80. A seleção foi feita por meio de critérios aleatórios que iam desde uma música que escutei naquele dia, favoritei naquele dia ou me foi apresentada pelo shuffle naquele dia. Nem todas as músicas são reflexos dos sentimentos dos dias que representam, tiveram sim ocasionais esquecimentos, mas acho que, como um todo, o resultado me soa bastante coeso, além de representar muito bem o meu gosto musical atual. Tem gente mais das antigas, mas também tem gente mais recente.

Gostaria de deixar registrados os meus agradecimentos ao Spotify por me lembrar de Man On The Moon - e do R.E.M., que adoro, mas faz tempo que não escuto - e por me apresentar The End Of The Innocence, do Don Henley, a quem deveria me dedicar mais a conhecer - assim como The Eagles. Por fim, achei interessante que comecei o mês de forma bem positiva, com Learning To Fly, de Tom Petty & The Heartbreakers, e terminei no desespero calado, buscando consolo no colo do Harry Styles, que canta Sign Of The Times. É bom demais ser fã dessas coisas simples, mas que deixam a vida mais leve. 


#01 Learning To Fly - Tom Petty & The Heartbreakers
#02 Por Enquanto - Plutão Já Foi Planeta
#03 Walking in the Wind - One Direction
#04 Waves - Dean Lewis 
#05 Life Is A Song - Patrick Park 
#06 Love Is Here to Stay - Lindsay Buckingham, Christine McVie
#07 Steal Your Heart Away - Fleetwood Mac
#08 I Won't Back Down - Tom Petty 
#09 Storms - Fleetwood Mac 
#10 Breathe - Taylor Swift, Colbie Caillat
#11 Touched by an Angel - Stevie Nicks 
#12 Sweet Creature - Harry Styles 
#13 Africa - Toto 
#14 Take it Easy - The Eagles  
#15 All To Well - Taylor Swift
#16 Here Comes The Sun - The Beatles
#17 Maneater - Daryl Hall & John Oats 
#18 Forever Young - Alphaville
#19 Don't Stop Believin' - Journey 
#20 Got My Mind Set On You - George Harrison
#21 Piano Man - Billy Joel 
#22 The End Of The Innocence - Don Henley
#23 Man On The Moon - R.E.M. 
#24 Prisoner - Ryan Adams 
#25 For What It's Worth - Liam Gallagher 
#26 Sultans Of Swing - Dire Straits 
#27 Mad World - Tears For Fears 
#28 Leaning to Fly - Pink Floyd
#29 Even the Score - America 
#30 Isn't It Midnight - Fleetwood Mac
#31 Sign of the Times - Harry Styles

28 de agosto de 2017

Cold & Frosty Morning: uma playlist para dias frios

Ao todo, são 31 faixas, somando 1h56, que me fazem sentir frio e, ao mesmo tempo, me ajudam a lidar com ele. Nem todas estão relacionadas ao clima, mas não ligo muito porque o que importa é que elas soam como inverno para mim. Algumas são bem geladas e chuvosas, outras são como um ventinho nas bochechas e nos cabelos, e tem também aquelas que evocam aquela preguicinha gostosa de manhãs de fim de semana, nas quais só consigo pensar em dormir. Aliás, foi com esse tipo de manhã em mente que criei a lista e, por isso, a chamei de Cold & Frosty Morning. Acho válido mencionar que, apesar da referência, nenhuma música do Oasis foi contemplada pela playlist. Não ia ficar muito ~harmônico~. Não se pode ter tudo. A conclusão veio com Here Comes the Sun, a princípio, pela sonoridade; e depois, porque achei poético o contraste com a faixa de abertura. A gente começa com hello, darkness my old friend e termina com here comes the sun, it's all right. Porque é preciso acreditar que o sol voltará a brilhar. Funciona como um abraço quentinho e familiar ao final de um dia puxado. ♥


#01 The Sound of Silence (Peter Hollens) 
#02 Mykonos (Fleet Foxes) 
#03 Follow Suit (Trent Dabbs) 
#04 Full Moon (The Black Ghosts) 
#05 Welcome Home, Son (Radical Face) 
#06 The Cave (Mumford & Sons) 
#07 The Age of Worry (John Mayer) 
#08 Fare Thee Well (Dink's Song) (Oscar Issac, Marcus Mumford) 
#09 Meet Me in the Hallway (Harry Styles) 
#10 Waves (Dean Lewis) 
#11 The Funeral (Band of Horses) 
#12 Need The Sun To Break (James Bay) 
#13 Let It Go (Tanner Townend, Gardiner Sisters) 
#14 Idaho (Nerina Pallot) 
#15 Stealing Cars (James Bay) 
#16 The Hanging Tree (Angus & Julia Stone) 
#17 Safe & Sound (Taylor Swift, The Civil Wars) 
#18 I See Fire (Peter Hollens) 
#19 Heartbeats (José González) 
#20 The Only Boy Awake (Meadows) 
#21 About The Rain (Ron Pope)
#22 Let Her Go (Passenger) 
#23 Simple Man (Jason Manns, Jensen Ackles) 
#24 See You Again - Acoustic (Tyler Ward) 
#25 Society (Eddie Vedder) 
#26 Cemeteries Of Lodon (Coldplay) 
#27 The Rains of Castamere (Peter Hollens) 
#28 Little Lion Man (Mumford & Sons) 
#29 Snow (Angus & Julia Stone) 
#30 Begin Again (Taylor Swift)
#31  Here Comes The Sun (The Beatles)

17 de agosto de 2017

Respondendo a TAG dos álbuns (original)

Sou uma pessoa que escuta álbuns. Não que esta seja uma regra absoluta, pois tenho minhas trilhas sonoras preferidas e até me arrisco a escutar e a montar playlists. Mas, ainda assim, de forma geral, não costumo escutar músicas avulsas. Não sei se sempre fui desse jeito, ou se foi um hábito que desenvolvi ao longo dos anos; o que importa é que eu  sou uma pessoa que escuta álbuns. Gosto de pensar que há um porquê de todas aquelas faixas estarem reunidas no mesmo trabalho de um artista, que provavelmente queria passar uma mensagem por trás disso. E, no geral, sinto que as músicas reunidas em um mesmo disco costumam trazer a mesma vibe. Fico realmente abalada quando estou escutando uma música e a próxima se revela algo completamente diferente, de outro estilo, com outra atmosfera, outra batida. Enfim, é o tipo de coisa que ~corta o clima~, sabem? Eu levo muito a sério esse tipo de coisa.

Então hoje quero falar sobre álbuns já que não tinha nenhuma ideia de como fazer isso, resolvi que iria responder uma TAG. E como não encontrei nenhuma que me interessassem resolvi criar a minha. Eis a TAG dos álbuns!

O último álbum que você escutou
Abbey Road  (1969), dos Beatles. Depois de alguns anos sem escutar muito a banda, de repente, acordei com vontade. Acho que o desejo veio por conta do clima frio que tem tomado conta da capital paulista nas últimas semanas; acho que o quarteto de Liverpool é a cara de dias frios, no melhor sentido possível. O álbum aqueceu o meu coração e me fez acreditar que os dias ensolarados voltarão. Aqui temos o ~último~ trabalho dos Beatles (são questões, favor pesquisar no Google), que já estavam mais do que consolidados como músicos maduros e, claro, como uma das maiores bandas de todos os tempos. Disquinho clássico, muitíssimo bom, super recomendado para todos.
Faixas para escutar: todas, mas principalmente...não, todas mesmo. Escutem todas.


Um álbum que você quer muito escutar
TS6, também conhecido como o novo da Taylor Swift. Até o momento, não temos muitas informações a respeito, mas sabemos que ele está à caminho e fico angustiada por saber que não terei paz enquanto não tiver escutado e também depois de o ter feito, porque Taylor Swift tem total controle das minhas emoções. Devo muito à ela, que me ajudou a lidar com fatídico ano passado e, desde então, decidi que 1) sou swiftie 2) viverei para escutar qualquer coisa que ela lançar. Afff, eu amo a Tay-Tay, melhor amiga famosa.

Um álbum para dias de bad (tanto para espantar, quanto para ~curtir~)
Olha, são muitos, mas o meu preferido em dias ruins é o incrível The Division Bell (1994), do Pink Floyd. A banda é a minha favorita e, como não poderia ser diferente, é responsável por alguns dos meus álbuns preferidos, entre eles esta preciosidade transcendental que veio ao mundo quando este pequeno hobbit que vos escreve tinha apenas quatro anos de existência. Diferente dos trabalhos anteriores e, principalmente, da era comandada pelo Roger Waters, tudo em The Division Bell me faz pensar em #paz; mesmo quando as letras discorrem sobre a falta de comunicação no mundo contemporâneo e tragam, de forma geral, uma atmosfera meio melancólica. Adoro as melodias, adoro os arranjos, adoro a forma como as faixas foram organizadas e a maneira como elas dialogam entre si, adoro os vocais do David Gilmour (a.k.a. minha alma-gêmea), adoro tudo. Realmente, não sei explicar e, por isso, digo que tudo é muito lindo nesse álbum. Não, tudo é muito perfeito nesse álbum.
Faixas para escutar: Todas, principalmente Marooned, Keep Talking e High Hopes. Mas, sério, todas.

Um álbum que te deixa feliz
Made In The A.M. (2015), do One Direction, porque jamais poderia ser diferente. Basta que os primeiros acordes de Hey Angel comecem para que eu seja bombardeada por uma onda de boas sensações. Esse álbum é, com certeza, um dos meus preferidos nos últimos cinco anos e irei sempre protegê-lo. Foi por causa dele que decidi me tornar directioner e adotar feelings are the only facts como um dos meus mantras pessoais. As músicas são deliciosas, do tipo que a gente canta junto sorrindo, mesmo quando a temática é meio tristinha, e se sente abraçado.
Faixas para escutar: Drag Me Down, Never Enough, What a Feeling e Temporary Fix.


Um álbum para escutar com a família e/ou amigos (ou que te lembre dessas pessoas) 
Aproveitando o gancho da categoria anterior: Harry Styles (2017) é uma unanimidade entre minhas amigas blogueiras. Todas nós gostamos muito - cada uma à sua maneira e com suas ressalvas - do trabalho de estreia solo do Harry e estamos bastante esperançosas em relação ao seu futuro como maior rockstar de sua época (risos!!!). Todas nós, pessoas da internet que somos, acompanhamos todo o hype na época do lançamento e, contrariando o que normalmente acontece, não ficamos de bode e até achamos tudo bem justificado.
Faixas para escutar: Sign of the Times (QUE HINO!), Two Ghosts, Sweet Creature e Kiwi.

Um álbum romântico (ou que embale as suas histórias de amor) 
Acho que é inegável que Taylor Swift é excelente na arte de lançar discos românticos e de toda a sua discografia, o que mais me faz entrar nessa vibe é o Speak Now (2010). Tudo nesse álbum me faz pensar em contos de fadas, desde o fabuloso vestido roxo de princesa que a Taylor usa na capa até a lindíssima Enchanted, que poderia facilmente virar um roteiro de comédia romântica com um casalzinho super fofo que se conhece em uma festa e termina o filme largando tudo para se beijar debaixo da chuva.
Faixas para escutar: Mine, Sparks Fly, Enchanted e Long Live - que não é de amorzinho, mas é ótima e merece ser sempre enaltecida.

Um álbum para feriados e/ou férias
Quando penso em férias e tempo para ficar de pernas para o ar, contemplando o nada, também penso em sol, praia e mar. E um dos meus discos preferidos para esses momentos é The Music From The O.C. - Mix #1 (2004), que faz parte da minha vida desde que foi lançado e até hoje é um grande sucesso. Por fazerem parte da trilha sonora de uma série ambientada na California, onde, aparentemente, não faz frio e o céu é sempre ensolarado, as faixas evocam esse clima de verão. Além disso, por serem músicas que escuto há mais de dez anos, tenho várias memórias-conforto associadas à elas.
Faixas para escutar: Honey And The Moon (Joseph Arthur), How Good It Can Be (The 88), Dice (Finley Quaye e William Orbit) e, obviamente, California (Phanton Planet).


Um álbum que te deixa nostálgica (o) 
Reckless (1984), do Bryan Adams, um álbum muito bom e que merecia mais reconhecimento. Não, eu não era viva na época em que ele foi lançado e também não o havia escutado até alguns meses atrás. Mas sabe quando a gente sente nostalgia por algo que nunca vivemos? Então, é isso que acontece quando escuto o álbum. As músicas, para mim, funcionam como uma máquina do tempo e me transportam para outra época; no caso, os anos 1980, que não vivi e acho que é justamente por isso que os acho fascinantes e sinto essa nostalgia. Tenho certeza de que não era uma época perfeita e em muitos aspectos devia ser pior do que os tempos de trevas atuais, mas ainda assim, não consigo deixar de imaginar que eram bons anos para se estar vivo. Culpa dos filmes do John Hughes e mais um monte dos que passavam na Sessão da Tarde.
Faixas para conhecer: One Night Love Affair, Run To You, Heaven (todo mundo conhece essa, sério) e Summer Of '69.

Um álbum para dias frios 
O primeiro em que consegui pensar foi Broken Brights (2012), do Angus Stone, e faz todo o sentido do mundo porque esse álbum foi feito para dias frios. Sabem aquelas músicas folk calminhas, que dão um pouco de sono, só que no melhor sentido? Então, esse álbum é todo assim. Tem cara de dia frio e chuvoso, mas traz o aconchego de um cobertor quentinho acompanhado por uma xícara de chocolate quente. Sinceramente, nunca prestei muita atenção nas letras e é possível que nunca tenha escutado até o final, mas acho que isso não importa. Definitivamente, preciso melhorar e dar à Broken Brights a atenção que ele merece.
Faixas para conhecer: Wooden Chair, The Blue Door, Only a Woman e Monsters.

Um álbum para dias ensolarados e quentes 
The Breaker (2017), do Little Big Town, que saiu em fevereiro, em pleno verão brasileiro e eu adorei a coincidência porque combinou demais. Apesar de a capa trazer uma imagem dos integrantes em um bosque (?) e vestindo roupas de outono, para mim, as músicas soam como dias quentes e de muito sol. Não conheço muito da banda e para todos os efeitos, achava que era do country. Contudo, achei o álbum bem pop, mesclando diferentes sonoridades e obtendo faixas, no geral, bem tranquilas e gostosinhas de escutar.
Faixas para conhecer: Lost in California, Better Man, Rollin' e Don't Die Young, Don't Get Old.


Um álbum que você nunca quis que terminasse 
Dopamine (2015), do BØRNS, uma verdadeira explosão sonora de good vibes. Acho que deve ser humanamente impossível se sentir triste enquanto se escuta esse disco e é justamente por isso que ele deveria ser eterno. Durante 40 minutos, a gente esquece de tudo de ruim que existe no mundo, assim como de nossas frustrações e apenas nos deixamos invadir pelas músicas. A experiência toda é uma delícia, além de realmente fazer bem e afastar os pensamentos ruins. Aí, o álbum termina e a gente precisa encarar a realidade de novo. Felizmente, sempre podemos apertar o play novamente.
Faixas para conhecer: 10.000 Emerald Pools, American Money, The Emotion e Overnight Sensation.

Um álbum que você escutou por causa do hype e não gostou
Lemonade (2016), da Beyoncé. Olha, 'cês vão me desculpar, mas acho a Beyoncé um tanto overrated. Talvez seja isso mesmo ou talvez eu é que não tenha sido atingida por suas músicas ainda. Contudo, até o presente momento, nunca me interessei por nada que ela lança; não porque não ache que seja bom, mas porque, realmente, não é muito o estilo de música que eu gosto de escutar. Mas aí, veio o Lemonade, o álbum mais importante de 2016; o álbum que, aparentemente, revolucionou a história da indústria musical com toda aquela coisa de ser conceitual e visual (e o The Wall, meu povo?, o que é o The Wall?, mas ok, não vou discutir); o álbum que é à frente de seu tempo. Então, tá. Fui escutar e...meh. Vida que segue, tem outros álbuns.

Um álbum que você escutou por causa do hype e amou 
Dangerous Woman (2016), da Ariana Grande. Até um mês antes do lançamento do disco, eu não fazia ideia de quem era Ariana Grande, só tinha visto o nome pipocando nos meus feeds. Aí, o YouTube recomendou o vídeo da faixa título e amei demais, fiquei ansiosa para escutar, curti o lançamento com todo mundo e agora, mais de um ano depois, tô achando uma delicinha ainda. Essa pegada de R&B bastante predominante no pop atual e esses vocais meio Mariah Carey são o tipo de coisa das quais eu sinto preguiça e fujo - nada contra, só não fazem meu estilo mesmo -, e justamente por isso, fiquei muito surpresa por, não só ter acreditado no hype, mas também por ter adorado a experiência com o disco.
Faixas para escutar: Dangerous Woman, Into You, Leave Me Lonely e Touch Me.

Um álbum flop que você acha bem legal
Achei o Breathe In. Breathe Out. (2015), da Hilary Duff, um álbum bem legal e honesto. Entregou tudo o que prometeu, mas acabou não fazendo sucesso algum, o que é bem frustrante já que demorou uns três anos para ver a luz do dia. Além disso, foi o primeiro trabalho que a Hilary lançou após sete anos de afastamento da música; ou seja, os fãs - eu inclusa - estavam bem empolgados, imaginando videoclipes, participações em programas de TV e shows. Só que não tivemos nada disso. Então, sei lá, o álbum meio que chegou mudo e saiu calado. Quase ninguém viu. Flopou mesmo. Mas é legal, de verdade.
Faixas para escutar: My Kind, Tattoo, Night Like This e Belong.


Um álbum que você acha que todo mundo deveria escutar 
Sem sombra de dúvidas, minha mais recente obsessão: Lindsey Buckingham Christine McVie (2017), nada mais, nada menos do que um álbum de colaborações desses ilustres seres humanos. Olha, se tem uma banda que tem ocupado muito do meu tempo consumido com música, essa banda é o Fleetwood Mac; então, acho que é compreensível que eu estivesse louca para escutar o que sairia desse duo do Lindsey com a Christine. Lerda e desatualizada que sou, só fiquei sabendo do projeto um mês antes e fico feliz que a espera não tenha sido longa. O álbum é mais do que tudo o que eu esperava. Sabe quando a gente escuta um trabalho de qualidade, de quem sabe muito bem o que está fazendo e tem anos de experiência e sucesso para provar? Então, não tem erro. Tudo é feito com perfeição, cuidado e muito talento.
Faixas para escutar: não tem nem faixa mais ou menos, tudo é bom.

Um álbum clássico (ou que você considere clássico; ou os dois) 
Finalmente resolvi conhecer mais do trabalho do Tom Petty, de quem sempre gostei de uma forma meio gratuita, e até agora foi só sucesso. Estou conhecendo seus álbuns aos poucos e não encontrei nada de que não tenha gostado. Contudo, se preciso comentar sobre um, escolho Into The Great Wide Open (1991), que é, na verdade, de Tom Petty and the Heartbreakers. Tenho para mim que um clássico é algo que transcende o tempo e que, não importa a época em que o encontremos, ele sempre parece atual. É isso que acontece quando escuto esse disco, que é apenas um ano mais novo que eu. 
Faixas para escutar: Learning to Fly, Kings Highway, All The Wrong Reasons e Built To Last.

Por fim, o álbum da sua vida
Dark Side of the Moon (1973), do Pink Floyd. Porque sim.

10 de agosto de 2017

Nevermore (Keith R.A. DeCandido) | Supernatural, livro #1

Quando soube que existiam romances de Supernatural, minha primeira reação foi torcer o nariz. Não sei exatamente o porquê, mas essa é sempre a minha reação ao descobrir a expansão, em uma plataforma diferente, de um universo fictício que amo. Contudo, uma vez superada a barreira do preconceito (leiam: as saudades de Sam e Dean são sempre enormes e está sendo absurdamente doloroso lidar com meu atual rewatch da 7ª temporada), fiquei bem curiosa para saber como seriam os Winchester de papel. Depois de me aventurar, venho contar o que achei da experiência.


Sobre o que é?
Aqui temos uma aventura na qual os irmãos são tirados de sua zona de conforto, e vão investigar um caso em Nova Iorque, mais especificamente no Bronx. É importante ter em mente que a história em questão ocorre durante a 2ª temporada da série e, depois de todos esses anos, demorei um pouco para reajustar a minha percepção dos protagonistas. Eles estão lidando com a recente morte de John, Sam está com o braço quebrado, Dean está o inconformado com o que o pai lhe disse antes de morrer e nós, os fãs, acabamos de ser introduzidos aos hellhounds - a trama de Nevermore se situa entre os episódios Crossroad Blues (2x08) e Croatoan (2x09) . Ou seja, era uma fase em que ainda não sabíamos as razões para os poderes psíquicos do Sam, ou qual era o verdadeiro nome do Yellow Eyed e muito menos poderíamos imaginar alguém como Castiel. Era uma fase completamente diferente. Enfim, seguindo uma pista do Ash, os meninos vão para Nova Iorque lidar com um ~simples caso de espírito~, mas acabam esbarrando com os crimes de um serial killer que se inspira nas histórias de Edgar Allan Poe.

O que gostei e o que não gostei tanto assim?
Como uma história para ser lida, Nevermore funciona bem, mas acho que não resultaria em um bom episódio para televisão. O desenvolvimento da trama é lento, cheio de passagens descritivas do Bronx e das ruas do bairro -  o que muitas vezes acaba rendendo momentos de humor com um Dean em estado de completo desespero ao tentar estacionar o Impala nas pequenas vagas -, um aspecto que pode ser cansativo em alguns momentos. 

Os casos também deixam um pouco à desejar, principalmente aquele que se relaciona com o trabalho de Edgar Allan Poe, ainda que traga ótimas referências à sua obra. Não sei se é porque já tenho ~experiência~ com histórias de investigação e/ou com Supernatural, mas já sabia quem era o culpado muito antes. Outra característica um tanto negativa é que há poucos elementos sobrenaturais na história, o que não deixa de ser um pouco problemático se pararmos para considerar a premissa da série. Ainda assim, temos o caso de fantasma que serve de pontapé para a chegada dos irmãos na cidade, mas só consigo descrevê-lo como medíocre. Por outro lado, o autor fez um ótimo trabalho de ambientação; não só dos cenários em que as coisas acontecem, mas de toda a atmosfera característica da série. De fato, parece Supernatural

Por mais que alguns possam discordar, Keith R.A. DeCandido acertou no tom das personalidades dos Winchester  - sim, o Dean da 2ª temporada deixaria o Sam dirigir o Impala pelas ruas de Nova Iorque (mas só nesse contexto e só porque ele mesmo não estava conseguindo; a única pessoa que ele deixaria dirigir Baby é o Sam!). E sim, Sam de 23 anos era um irmãozinho chato, get over it! - e, enquanto lia, conseguia escutar as vozes de Jensen Ackles  e Jared Padalecki, assim como imaginar seus trejeitos. Só que como, infelizmente, não se pode ter tudo, preciso dizer que e o autor errou feio na caracterização física dos irmãos e, convenhamos, isso é meio absurdo. O material original está aí, sabe? Uma rápida conferida em qualquer imagem dos dois já dava conta disso. 

Por fim, gostei bastante das partes em que muitos fatos sobre Edgar Allan Poe foram apresentados e, claro, as incontáveis referências musicais (tem um momento em que o Dean larga tudo para escutar o DARK SIDE OF THE MOON!!!).  O autor chega, inclusive, sugerir uma playlist para acompanhar a leitura e logo que minhas mãos começaram a coçar para montá-la lá no Spotify, descobri que alguém já o fez! Eu amo a internet! Para escutar, clique aqui. Tem muita coisa boa, gente, vale a pena!

Acho que vale a pena e recomendo?
Se você for fã de Supernatural, vale a pena sim. Principalmente se estiver à procura de uma leitura leve e descompromissada. 

21 de maio de 2017

9 de abril de 2017

Razorlight (Razorlight, 2006)

9. Um álbum que te traz boas memórias

Quando eu era adolescente e estava iniciando a minha formação musical, tive uma fase meio indie-rock-alternativo, o que quer dizer que eu escutava várias músicas parecidas, de bandas que faziam praticamente o mesmo tipo de som, cujos integrantes eram, essencialmente, uns caras magricelas vestindo calças skinny e camisetas coladas. Tipo o Seth Cohen.

I don't know what I'm doing wrong
Maybe I've been here too long
The songs on the radio sounds the same
Everybody looks the same
(In The Morning)

A real é que eu não as diferenciava muito bem e também não ia atrás de me informar melhor sobre o assunto. Ainda assim,  o auge dessa minha fase foi a banda inglesa Razorlight. Conheci a banda em meados de 2007 por meio da HBO, que transmitiu alguma reprise de algum festival ou programa - não me lembro, faz dez anos - com várias bandas se apresentando, sendo uma delas o Razorlight. Pouco me lembro da apresentação além do combo skinny branca feat. camiseta branca colada com gola em v usado pelo vocalista, cujos cabelos encaracolados e olhos azuis deixaram uma boa marca na adolescente impressionável de 17 anos que eu era.

Johnny Borrell

Pouco tempo depois, em uma era recém-saída da internet discada e ainda bastante inóspita e pouco desbravada, fui atrás das músicas e, por razão que desconheço, só consegui encontrar o segundo álbum, Razorlight (2006). E foi amor à primeira escutada. Vivemos um relacionamento intenso por meses e hoje, sempre que escuto, sou transportada para aquela época. No caso, os primeiros meses do meu ano de cursinho e o trajeto que eu precisava fazer de ônibus para voltar para casa. Por mais que as letras tratem de relacionamentos frustrados, da sensação de não saber o que raios aconteceu na noite anterior depois de álcool e festas e, de forma geral, de chororô de sad guy, para mim as músicas evocam uma vibe de incertezas em relação ao futuro e aos rumos que a vida vai tomar.

No âmbito ainda mais pessoal, foi uma fase bastante transitória. Não só porque eu estava naquele limbo entre a escola e a faculdade, mas também porque pela primeira vez na minha vida, estava lidando com mudanças de grandes proporções. Depois de estudar dez anos na mesma escola e com praticamente as mesmas pessoas, estava conhecendo gente nova e lidando com o fato de precisar fazer novas amizades, descobrir quem eu era, me tornando maior de idade, conhecendo outra região da cidade, questionando a-vida-o-universo-e-tudo-mais, etc. Um período bem aterrorizante e marcado por algumas angústias, mas também muitas descobertas, anseios, sonhos, liberdades e good vibes. Na época, o meu seriado do coração era One Tree Hill e, curiosamente, o Razorlight participou da trilha sonora alguns anos depois. (Aliás, a trilha sonora da série era excelente, cheia das bandas indie).

Sobre o álbum homônimo, como disse, é o segundo da carreira da banda e, aparentemente, o mais bem sucedido, com hits no topo - ou quase isso - das paradas indie britânicas e blablabla. Ao todo são dez faixas na versão standard, das quais quatro se transformaram em singles. Tem uma versão mais recheada no Spotify, com algumas versões ao vivo. Essa belezinha completou uma década no ano passado, mas é nesse primeiro semestre de 2017 que ela completa dez anos na trilha sonora da minha vida e, por isso, achei apropriado registrar comentários e recordações sobre o assunto por aqui como uma forma de dar continuidade à minha ideia de registrar minha vida por meio de recordações musicais.


DESTAQUES

America
Foi a primeira música da banda que me marcou, tanto porque foi a única que consegui memorizar quando assisti aquela apresentação na HBO, quanto porque é realmente boa. Gosto da atmosfera gostosinha da música, da batida, da guitarra suave no começo e da melodia. A letra tem um quê de anseio e espera.

I Can't Stop This Feeling I've Got
O tipo de música que poderia facilmente entrar para a trilha de The O.C., acho que depois de America, foi a próxima a ganhar meu coração. É suave, com cara de fim de dia preguiçoso na beira da piscina. A letra é meio aleatória e, penso eu, aberta para interpretações. Eu encaro como algumas reflexões sobre se apaixonar? Sei lá.

Back To The Start
Amo essa música! Ela tem uma vibe de verão e praia que me deixa completamente bugada quando penso que a banda é britânica/sueca e, por isso, deveria me fazer pensar em frio, chuva, céu cinza. O ritmo é contagiante, a melodia é fácil de cantarolar e a letra é bem mediana, mas ok, o que importa é a sensação boa que fica enquanto escuto.

Los Angeles Waltz
Mais uma que me ganhou pela atmosfera, com uma batida good vibes e uma melodia gostosa. A letra, novamente, é genérica e cheia de mimimi, mas quem se importa? (Risos). Na minha cópia física (!), é com ela que o álbum termina e gosto muito da sensação de nostalgia que me invade quando chego ao fim da música, com vontade de começar tudo de novo.

Por fim, mas não menos importante, preciso registrar o fato de que o álbum sobreviveu à passagem do tempo de forma louvável. Não vou mentir: quando fui escutar novamente, depois de tanto tempo, para poder escrever o post, fiquei com receio de achar as músicas enfadonhas e não me relacionar mais com elas. Felizmente, o que aconteceu foi o oposto. Apesar de não ser exatamente o tipo de coisa que gosto de escutar atualmente, o álbum continua ótimo e me passa boas sensações, me faz lembrar de uma época boa da minha vida. Com certeza, vou escutar mais vezes nos próximos anos. Só fico chateada porque a banda não lançou mais nada tão bom desde então (rumores de que vão voltar esse ano, após um longo hiato e com uma nova formação; aguardemos) e, por razões que desconheço, o álbum é muito subestimado. Sério, pensa em um álbum que você coloca para escutar e TODAS as músicas são boas? Não são muitos trabalhos que me causam essa impressão e, por isso, escolhi prestigiar mais esse disco.

30 de janeiro de 2017

Retrospectiva Musical 2016

Reza a lenda que o ano só começa de verdade depois do Carnaval e, por isso, vou aproveitar que ainda estamos no fim de janeiro para dar continuidade à minha retrospectiva, desta vez falando sobre as músicas, as vozes, as bandas e os álbuns que fizeram do meu fatídico 2016 um ano tolerável. Já começo por dizer que fazia muito tempo que não me sentia tão "musical" como me senti em 2016. É claro que tô sempre escutando música, mas não me recordo quando foi a última vez que fiz isso quase que com a mesma frequência com que respiro. Atribuo esta peculiaridade em minha personalidade ao fato de que o ano passado foi devastadoramente tenebroso e que apenas com uma trilha sonora 24/7 foi possível lidar com tamanho pesadelo.

E se 2016 foi um ano difícil, cheio de dores e crises para todos nós, no departamento musical foi só alegria. Primeiramente, porque resolvi explorar mais as funcionalidades e o catálogo do Spotify à procura de descobertas da semana e, também, porque abracei de vez a causa dos sentimentos como únicos fatos. E uma vez que fiz isso, não teve volta, abri as portas da felicidade e uma revolução aconteceu por aqui. Na real, se tivesse que descrever a vibe musical de 2016, diria que foi um constante *screams internally*. Mas, chega de enrolação e me deixem explicar como é que essa folia vai funcionar: começarei por entregar troféus para os vencedores de algumas categorias criadas por mim e depois, partirei para a fabulosa lista dos meus discos favoritos de 2016.
Disclamer: acho importante frisar que 1) não escutei todos os lançamentos de 2016 e 2) o post é sobre o que eu escutei em 2016 e, por isso, a retrospectiva irá incluir coisas que não necessariamente foram lançadas durante o ano. Na verdade, a maior parte dos álbuns é de 2015 (risos) (sou sempre aquela que chega atrasada para a festa).

E agora, sem mais delongas, senhoras e senhores, eis a minha Retrospectiva Musical 2016!

Escutei pouco, mas gostei e quero prestigiar em 2017

Nunca achei que fosse chegar o dia em que diria uma coisa dessas, mas a única resposta possível é Purpose (2015), do Justin Bieber. 2016 foi um ano bem pop por aqui e, no meio de tantas descobertas e lançamentos, não consegui dar a devida atenção ao que me parece ter sido o trabalho mais aclamado do xófem. Foram algumas as vezes em escutei o álbum e gostaria de destacar as faixas What Do You Mean?, Love Yourself e The Feeling.

Vou aproveitar para fazer uma menção honrosa ao Joanne (2016), da Lady Gaga, que escutei logo que foi lançado, mas parei de escutar depois de algumas semanas sem um motivo aparente. Das faixas, gostei principalmente de Million Reasons (pois é claro que sim) e Angel Down.


Achei que ia amar, mas flopou

Por mais doloroso que seja, não posso mentir: Glory (2016), da Britney. Vejam bem, não é que eu não tenha gostado, acontece que, depois de umas semanas já tinha enjoado e nem ligava mais.

Outro que entra nessa categoria é o Shawn Mendes. Numa dessas de sair explorando as possibilidades do Spotify, comecei a escutar as músicas do jovem e, por um breve momento, achei que ele preencheria momentaneamente o vazio em meu coração deixado pelo Ed Sheeran. Mas não. Acho que depois de uma tarde escutando Handwritten (2015), percebi que  não é pra mim e o resto é flop.

Morri de preguiça

mInD oF mInE (2016), dO gArOtO nOrMaL dE 24 aNoS, zAyN. Porque, convenhamos, o álbum todo é bem pretensioso (leia: muitos, muitos bocejos) e depois de um tempo eu cansei de escutar sobre como o zAyN transa muito, transa pra c***lho e, nossa, como ele é foda por transar muito. #Ai #Zayn

Foi bom enquanto durou

Southerner (2005), do Trent Dabbs. Descobri a música Follow Suit na trilha sonora de Pretty Little Liars, gostei bastante e resolvi escutar o álbum todo. Acho que nosso relacionamento deve ter durado um total de uma semana e meia e aí, nos separamos. Foi bom enquanto durou, sempre me lembrarei de Southerner em dias frios e chuvosos. Ou não.

Bombs Away (2015), do Sheppard, sugerido pelo Spotify. Logo que escutei fiquei empolgadíssima e saí berrando e recomendando pelos quatro cantos da world wide web o quão legal-Geronimo-é-todos-precisam-escutar-Sheppard-é-ótimo-melhor-descoberta-de-2016. Quinze dias depois, nem lembrava mais. A vida tem dessas. 

A descoberta do ano

BØRNS, ou Garret Borns. Até agora não sei direito como me referir a este ser humano musical que adorei conhecer em 2016. Como mais pra frente neste post pretendo falar mais sobre seu álbum de estreia, apenas direi que meu encanto veio das vibes meio Lana Del Rey meets MGMT. E, nossa, OLHA ESSA AESTHETICS.

O reencontro do ano

Claro que este troféu só poderia ser entregue para a minha melhor amiga de infância, Sandy. Acho que não tínhamos contato desde 2013, quando ela lançou o Sim, que eu gostei, mas não vivi intensamente. Contudo, em 2016 ela nos agraciou com Meu Canto, um trabalho ao vivo que reúne trabalhos anteriores de sua carreira e também apresenta faixas inéditas. A sensação de conforto é real e eu só sei sentir. Eu amo a Sandy, gente.

Finalmente entendi o hype

Taylor Swift. 2016 foi o ano em que finalmente entendi do que todo mundo tava falando e finalmente me apaixonei pela Taylor. Agora, já a considero minha melhor amiga famosa e só quero fazer parte do squad dela. Taylor Swift, que pessoa intrigante, que músicas sensacionais. Eu amo a Taylor Swift, gente.

Classicão que só aconteceu na minha vida agora

Com toda a certeza deste mundo, Fleetwood Mac. Eu não faço ideia de quando foi que ouvi falar da banda pela primeira vez, mas faz tempo. Provavelmente, durante minha adolescência bombardeada por informações da MTV. Só que eu simplesmente ignorei a banda até 2016. E não consigo enxergar este fato como nada além de lastimável, porque Fleetwood Mac é bom demais e só me resta lamentar o tempo perdido. O sentimento de arrependimento é tão grande que estou determinada a transformar o Fleetwood Mac na minha banda do ano em 2017, então, por enquanto falarei pouco sobre a maravilhosidade que é o som deles e da minha pequena obsessão pela Stevie Nicks. Me aguardem.

A voz do ano

De acordo com as estatísticas do Last.Fm, a voz solo que mais escutei em 2016 foi a do James Bay e este fato faz muito sentido porque eu realmente escutei muito as músicas dele. E isso deve ter acontecido porque a voz do James é tudo o que eu mais gosto em vocais masculinos: algo meio rouco, mas forte e que consegue oscilar entre a suavidade e a agressividade. Há algo de rockeiro no James Bay e em sua voz e meu coração é muito vendido pra esse tipo de coisa, 'cês me perdoem.

A banda do ano

One Direction, pois óbvio, pois é claro, pois jamais poderia ser diferente. Louis, Liam, Niall e Harry são os responsáveis por uma parcela considerável da minha sanidade em 2016 e, por isso, serei eternamente grata a esses quatro seres humanos adoráveis. Obrigada por tudo, 1D - you light up my world like nobody else. ❤

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Bate-bola das músicas

A primeira música do ano (ritual do shuffle): Did I Make The Most of Loving You (Mary-Jess Leaverland)
A música do ano: Craving (James Bay) e/ou New Romantics (Taylor Swift)
As ~good vibes~ do ano: What a Feeling (One Direction), In a Night Like This (Hilary Duff feat. Kendall Shmidt), Touch and Go (Ed Sheeran) e American Money (BØRNS).
Sofrência do ano: All Too Well (Taylor Swift)
Rocks do ano: Gimme Shelter (Rolling Stones), All Along The Watchtower (Jimi Hendrix), Peace of Mind (Boston), Refugee (Tom Petty and the Heartbreakers), Don't Fear The Reaper (Blue Öyster Cult) e Go Your Own Way (Fleetwood Mac)
Grata surpresa do ano: Simple Man (cover do Jensen Ackles)
Chegou no fim do ano, mas ganhou meu coração mesmo assim: Just Hold On (Louis Tomlinson feat. Steve Aoki)
São questões: PILLOWTALK, BeFoUr e dRuNk (claramente do zAyN)

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Aqueles que voltaram para aquecer e abraçar meu coração

X (Ed Sheeran, 2014). Essa belezinha tá integrando a trilha sonora da minha vida desde que foi lançada. Jamais me canso de Ed Sheeran e, na ausência de álbum novo, tô sempre escutando o X. Só que em 2016 optei pela versão Wembley Edition, que conta com várias faixas bônus. 

Diorama (Silverchair, 2002). Simplesmente porque um belo dia acordei e me lembrei de que era muito doente por Silverchair quando era mais nova e, por isso, decidi escutar o álbum da vida da Michelle de 18 anos. Diorama continua sensacional e falando diretamente com esta que vos escreve. Saudades, Silverchair. Saudades, Daniel Johns do Diorama

The Division Bell (Pink Floyd, 1994). Curiosamente  - e infelizmente, convenhamos -, o Pink Floyd não teve muito espaço para brilhar no meu 2016. Considerando a avalanche de derrotas que foi o fatídico ano passado, até que faz sentido. De qualquer forma, não importa muito porque eu sei que, eventualmente, sempre volto para a banda da minha vida. Pink Floyd é relacionamento longo, sério e que vai durar para sempre. The Division Bell, como já era esperado, continua lindo, emocionante e extremamente relevante. De toda a discografia da banda, este é o álbum que mais me transmite uma sensação de #paz e conforto; é sempre a ele que recorro quando tô lidando com bad e aNsIeDaDe. Obviamente, não poderia ficar de fora do repertório musical de 2016.

Menção honrosa

Cover With Friends
(Jason Manns, 2016)
Com um título autoexplicativo, o álbum reúne alguns covers de músicas bastante conhecidas feitos por Jason Manns e seus amigos. Não vou mentir, não fazia ideia de quem era Jason Manns e só cheguei ao seu álbum por conta de vídeos do YouTube relacionados a Supernatural. Acontece que alguns dos amigos dele que participaram do álbum também fazem parte do elenco da série. Foi uma feliz descoberta que, durante vários dias - principalmente tardes de domingo preguiçosas ,- me fez companhia, aqueceu meu coração e, por isso, merece um espaço nesta retrospectiva.


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TOP 10: melhores álbuns de 2016

Honeymoon (Lana Del Rey, 2015)
Este foi o disco que mais escutei durante metade do verão 2016, principalmente quando estava na praia. Assim como em seus trabalhos anteriores, aqui Lana evoca aquela atmosfera que remete a décadas passadas, anos 50 ou 60. Contudo, sinto que em Honeymoon, mais do que em qualquer outro álbum da cantora, a vibe queria-estar-morta-mas-já-que-não-estou-vou-curtir-uma-summertime-sadness está muito forte. Não ligo, tem horas que a gente só quer mesmo ficar curtindo uma melancolia durante dias ensolarados e este álbum é a trilha sonora perfeita.

Blue Nighbourhood (Troye Sivan, 2015)
Não vou mentir, queria muito ter escutado mais e amado mais intensamente o trabalho de estreia do Troye Sivan. Juro que não tenho absolutamente nada de negativo para dizer a respeito de Blue Neighbourhood; o álbum é realmente muito bom. Delicinha mesmo de escutar. Daqueles que você aperta o play na primeira faixa e deixa tocar todinho porque todas as músicas são gostosas. Foram muitas as tardes na companhia deste disco, que aqueceu sim meu coração no gelado 2016. É um trabalho que traz melodias que ficam na cabeça, arranjos bonitos e toda uma vibe de urgência da juventude. É exatamente o álbum que eu teria escutado até furar quando tinha 15, 16 anos.
Faixas preferidas: BITE, TALK ME DOWN, YOUTH e LOST BOY.

Dangerous Woman (Ariana Grande, 2016)
Sinceramente, eu não fazia ideia de quem era Ariana Grande na fila do pão até meados de abril de 2016. Claro que não estava vivendo debaixo de uma pedra e, por isso, já tinha escutado o nome da moça, mas era só isso. Aí, numa bela madrugada de aNsIeDaDe e insônia, o YouTube sugeriu o clipe de Dangerous Woman e eu fiquei fascinada pela voz (gente, que voz!), pelo arranjo e pelas vibes ~rockeiras~ da música. Em poucas semanas, o álbum foi lançado e eu vivi toda a empolgação e o hype junto com a galera e foi ótimo. O que mais me surpreendeu no Dangerous Woman é que eu ainda estava escutando suas músicas em novembro e achando tão deliciosas quanto da primeira vez. A atmosfera geral do álbum é essa do título mesmo:  Ariana poderosa, perigosa, mulherão, etc.
Faixas preferidas: Dangerous Woman, Into You, Side To Side, Greeeeeeedy (pois óbvio), Leave Me Lonely e Touch It.


Breathe In. Breathe Out. (Hilary Duff, 2015)
Se Sandy é minha melhor amiga da infância, Hilary é minha melhor amiga da pré-adolescência. De forma que toda e qualquer coisa que ela lança rapidamente ganha o meu interesse. E, céus, como ela demora para lançar as coisas. Acho que foram uns três anos até que todos nós pudéssemos escutar seu comeback depois de sete/oito anos afastada da música. E, olha, que delicinha de álbum pop e que pena que foi um super flop. Quanto à temática, acho que dá pra resumir em dois assuntos: fim de relacionamento e sentimentos em relação ao novo crush. Já a sonoridade geral é de pop dançante e bem condizente com o que a gente escuta no rádio atualmente. Não chega a ser um álbum super original - analisando friamente, pode ser considerado um pouco genérico -, mas isso não quer dizer que não seja bom. Com certeza, é o melhor trabalho da carreira musical da Hilary e, sinceramente, acho que ele merecia mais - tanto dela, quanto dos fãs.
Faixas preferidas: My Kind, Breathe In. Breathe Out., Tattoo (Ed Sheeran sendo Ed Sheeran mesmo quando não tá cantando), Night Like This e Belong.

E.MO.TION (Carly Rae Jepsen, 2015)
Pelo amor de Deus, alguém me explica por que raios a Carly Rae Jepsen é tão subestimada? Ela lançou um dos melhores trabalhos pop de 2015 e quase ninguém comenta. Pensem em um álbum pop com vibes anos 80, com hits dançantes e refrões chicletosos, deliciosamente viciantes e que te deixam com vontade de dançar. Então, esse é o E.MO.TION. Não tem absolutamente nenhuma - repito: nenhuma! - faixa ruim. Assim como o trabalho do Troye Sivan, o álbum da Carly Rae é para dar play na primeira música e escutar inteirinho, deixando que os sentimentos sejam os únicos fatos. O que mais me encanta neste disco é que eu tenho certeza absoluta de que daqui a uns cinco anos eu ainda estarei escutando e achando maravilhoso. Por favor, valorizem mais a menina Carly Rae e prestigiem seu trabalho. Ela merece e vocês, com certeza, também merecem atingir a graça que essa obra-prima pop vai proporcionar.
Faixas preferidas: I Really Like You, Making The Most Of The Night, Your Type, I Didn't Just Come Here To Dance, Favorite Colour - na real, essas são apenas sugestões para o caso de você não ter muita ideia de por onde começar, porque todas - repito: todas! - as faixas são boas e favoritas.
Comentário digno de nota: Carly Rae é tão amor que, em 2016, lançou o Side B, que nada mais é que uma segunda parte do E.MO.TION. Ou seja, estamos falando de um álbum duplo. Não consegui prestigiar direito as músicas mais recentes, mas 2017 está aí para isso.

Tango In The Night (Fleetwood Mac, 1987)
Como foi mencionado previamente, o Fleetwood Mac só aconteceu em minha vida em 2016 e, apesar de ter sido por conta de Go Your Own Way (Rumors, 1977), Tango In The Night foi o primeiro álbum da banda que ganhou meu coração. Não confirmo e nem nego a responsabilidade da belíssima arte da capa. Não sei explicar muito bem o que me fez gostar deste álbum, mas acho que é toda a sonoridade dos anos 80, os efeitos, os refrões gostosinhos e a atmosfera geral do disco, que me deixa meio nostálgica por um tempo que não vivi. O fato é que essa belezinha - que vai ganhar edição especial em 2017, OBRIGADA DEUS! - chegou em minha vida naquele ponto do ano em que eu já não aguentava mais e trouxe um certo frescor, uma nova vontade de viver e, sei lá, restaurou a minha fé nas coisas boas da vida (sou dessas, me deixem).
Faixas preferidas: Big Love, Caroline, Tango In The Night, Little Lies e Isn't It Midnight (gente, pelo amor de Deus, escutem o solo de guitarra no final dessa música).


Dopamine
(BØRNS, 2015)
Era uma tarde fria e chuvosa de agosto quando o Spotify, por meio de suas Descobertas da Semana, começou a tocar The Emotion. O sentimento de amor à primeira escutada foi tão instantâneo, que larguei a playlist e fui direto para o álbum de capa esquisita, com um sujeito também meio esquisito enquadrado por pernas femininas. O disco, meus caros, é essa preciosidade chamada Dopamine, que, fiel ao seu nome, tem como função primordial proporcionar sensações boas e alegrinhas para aquele que o escuta. Mais good vibes, impossível; meu humor naquele dia tenebroso melhorou 100%. Ainda quero escrever um post faixa-a-faixa para fazer justiça à este trabalho maravilhoso do Garret Borns, mas enquanto esse dia não chega, digo que o que mais me encantou, além das sensações positivas, foi a mistura de efeitos sonoros ~modernos~, letras deliciosamente catchy e a atmosfera free spirit dos anos 60. Se discos fossem bebês, o Dopamine seria a cria de Born To Die - Paradise Edition (Lana Del Rey, 2012) e Oracular Spectacular (MGMT, 2007).
Faixas preferidas: 10.000 Emerald Pools, Electric Love, American Money, The Emotion e Overnight Sensation - aqui, as faixas também funcionam apenas como sugestões para o caso de você precisar de um guia, porque tudo no álbum é muito bom.

Chaos And The Calm (James Bay, 2015)
Como já sabemos, James Bay foi a principal voz do meu ano e realmente não me surpreendo, porque, como disse, seu timbre tem tudo para me fazer ficar apaixonadinha. Mas meu amor por seu álbum de estreia vai além, pois se eu tivesse que escolher um título para me definir em 2016, seria Chaos And The Calm. Toda essa coisa contraditória da calmaria acompanhada do caos tem tudo a ver com as sensações e a aNsIeDaDe com que precisei lidar em 2016 e também com tudo o que significa chegar nessa fase dos vinte e poucos e ainda se sentir meio perdido, sem muita ideia do que estamos fazendo. De se sentir seguro de si, de saber o que quer, de buscar algo que possa sentir e, ainda assim, estar tentando se encontrar. Fiz um post inteirinho dedicado a este álbum e, por isso, vou parar por aqui. Mas, nossa, como amo esse disco.❤
Faixas preferidas: Craving, Let It Go, Scars e Need The Sun To Break. Da versão deluxe, fico com Clocks Go Forward e Stealing Cars.

1989 (Taylor Swift, 2014)
Se é preciso atribuir alguma responsabilidade pelo meu atual amor incondicional por Tay-Tay, a concedo ao 1989, porque foi a partir dele que me entreguei de corpo-alma-e-coração à toda a discografia da minha melhor amiga famosa. Sim, este é o trabalho mais diferente da carreira da Taylor até então e, com certeza, é o mais ousado. Em sua estreia como cantora pop, Taylor conseguiu não apenas entregar de forma absurdamente louvável aquilo que é esperado de um álbum do gênero - melodias gostosinhas, refrões grudentos, efeitos eletrônicos, etc. -, mas também transportar para a sua nova fase aquilo que há de melhor em seu trabalho no country: sua vulnerabilidade ao tratar de assuntos e sentimentos tão pessoais e transformá-los em algo extremamente identificável e universal. De uma forma geral, adoro como ela fala de sentimentos (que são sempre os únicos fatos), corações partidos e anseios. Mas, quando falo do 1989, gosto ainda mais porque aqui Taylor é vulnerável, mas também é dona de si, poderosa, forte. É uma Taylor que cansou de sofrer, colocou seu coração partido em uma gaveta, subiu no salto e foi pra Nova Iorque conquistar o mundo, curtir sua juventude com  as amigas e ser feliz. É uma Taylor livre e, como sabemos, as melhores pessoas são livres.
Faixas preferidas: Welcome To New York, Blank Space, Style, Out Of The Woods, Shake It Off, I Wish You Would, Bad Blood, Wonderland e New Romantics. Ou seja, praticamente todas (risos).

O melhor, o maior, o mais importante disco do ano

Made In The A.M. (One Direction, 2015)
Pois óbvio, pois é claro, pois jamais poderia ser diferente [2]. Responsável por ser o pontapé inicial da minha história de amor com Louis, Liam, Niall e Harry, Made In The A.M. é tão absolutamente sensacional que, depois de quase um ano escutando, eu ainda continuo achando tudo tão lindo e maravilhoso quanto da primeira vez. Adoro o fato de que tudo soa meio familiar, mas ao mesmo tempo novo - em ambos os casos, tanto por buscar referências em outras bandas que fizeram história, quanto por soar exatamente como o One Direction (ainda que com um integrante a menos, que, convenhamos, fez bem em sair). Depois de passar o ano de 2016 contemplando toda a discografia dos meninos (risos), pude perceber que o quinto álbum é, de fato, aquele em que eles mostram mais maturidade, seja porque se envolveram mais na produção ou por conta das letras um pouco mais ~sérias~ e de acordo com a fase da vida que estão vivendo, com todas as descobertas, desilusões e conquistas. É também um álbum de despedida, seja ela temporária ou não, e, por isso, celebra tudo o que o One Direction foi até então para os fãs e para os integrantes. É o One Direction em sua melhor forma até o momento.
Faixas preferidas: TODAS. Não dá nem pra sugerir algumas para quem quer começar, tem que escutar tudinho, do começo ao fim, e deixar que os sentimentos sejam sempre os únicos fatos