15 de dezembro de 2017

As músicas que (talvez) mais ouvi em 2017 | RETROSPECTIVA 2017


Pois bem, estamos em dezembro e é chegada a hora de dar início às retrospectivas. E como sei que nesse meu ritmo devagar-quase-parando meus posts não irão se escrever sozinhos, é melhor que comece agora, na segunda semana de dezembro. Com sorte, termino tudo antes do carnaval. Hoje trago um aquecimento, no qual repetirei algo que fiz no ano  passado.

Ao contrário do que aconteceu em 2016, dessa vez eu não tenho muita noção de como foi o meu ano musical. Consigo ter uma ideia dos artistas que mais escutei e álbuns favoritos, mas não fiquei ~controlando~ tudo, analisando as estatísticas do Last.FM e coisas do tipo. Ou seja, vou descobrir no calor do momento de distribuir os troféus e elaborar os posts, claro. E como foi só ontem que parei para escutar a playlist que o Spotify criou com os maiores sucessos da vigésima sétima temporada da minha vida - depois de praticamente todas as pessoas que habitam nosso planeta Internet -, irei compartilhar minhas descobertas com vocês que acompanham esta prestigiosa publicação listando as dez músicas mais escutadas por mim. Novamente, não posso afirmar que as informações do Spotify são 100% exatas e como adoro ~inventar moda~, irei montar a lista utilizando também as estatísticas do Last.FM e os meus excelentes critérios de seleção que se baseiam nas seguintes regrinhas: 1) não posso repetir artista e 2) não posso repetir as mesmas músicas de 2016. Agora, sem mais delongas, senhoras e senhores, vamos à minha fabulosa lista de músicas possivelmente mais escutadas em 2017!
ÓBVIO. Harry me lembrando desde abril que é para parar de chorar, porque o mundo tá acabando e a gente tem que fugir. Obrigada por existir, Harry. ❤

Não consigo pensar em outra coisa para dizer sobre essa música que não seja um sonoro e enfático QUE HINO! 'Cês já experimentaram escutar essa música com fones de ouvido, com um volume bem alto e de olhos fechados, de preferência em um dia bem estressante? Recomendo que façam isso pelo menos uma vez na vida porque a sensação é a da mais profunda #paz.

Crise existencial e no meio da madrugada precisa de uma trilha sonora apropriada e essa obra-prima do Fleetwood Mac (MELHOR BANDA) é perfeita. Escutei tanto a versão do disco de 1975, quanto a versão ao vivo em The Dance e acho as duas transcendentais, principalmente a última. Sinto que não enaltecemos Lindsey Buckingham o suficiente pelo que ele fez com essa música em The Dance.

Só sei que na virada do ano, um tanto alterada, fui dormir escutando música e quando acordei, era essa música que estava tocando. Não sei como cheguei à ela, só sei que fui impactada e, aparentemente, escutei uma quantidade razoável de vezes. Até agora não parei para prestar atenção na letra e na mensagem da música, mas gosto bastante.

ED SHEERAN VOLTOU, MINHA GENTE! De todas as músicas do álbum mais recente dele, essa foi a que eu mais gostei e me surpreendi muito com isso porque achei aquela prévia acústica bem sem graça. Adooooro a introdução e acho o refrão ótimo!

Novamente surpreendida por essa mulher, porque eu achei essa música nada além de HORROROSA da primeira vez que escutei e xinguei muito no Twitter. Porém, depois de alguns dias - e de um ótimo clipe -, a música ganhou um espaço no meu coração completamente Swftie. Obrigada por existir, Tay-Tay. ❤

Olha, não fazia ideia de que tinha escutado tanto assim porque não é como se eu fosse louca-obcecada por essa música. Porém, ela está na minha playlist roqueira, que me acompanhou bastante nos fatídicos dias de treinos na academia.

Tive uma fase power ballads de roqueiros farofentos dos anos 80, um gênero extremamente sentimental e que eu acho que deveria ser analisado, pois muitíssimo ótimo. Essa música é um chororô piegas and I think that's beautiful. E o clipe, meus caros, o clipe. Vejam o clipe.

MINHA MÚSICA, MELHOR MÚSICA! Eu ainda não acredito que justamente no ano que decidi ~aprofundar os meus conhecimentos~ sobre Tom Petty, ele nos deixou. Escutem Tom Petty, gente.

Praticamente uma música do Fleetwood Mac e não tinha como eu não gostar. A melodia, as harmonias e a atmosfera geral da música são uma delícia e fazem a gente querer se apaixonar só para escutar essa música em loop eterno enquanto contemplamos as nuvens.

***

Menção honrosa: 
Porque apesar de ser música de mãe e de sala de espera, só eu sei o quanto passei a amar o disquinho que esse ser humano lançou em 1984. Bryan Adams merecia mais de todos nós.



6 de setembro de 2017

Dark Side of The Moon (Pink Floyd, 1973)

6. Um álbum que mudou a forma que você pensa sobre música

Lembro de certa vez ter lido em algum lugar que, de todas as formas de arte, a música é aquela mais universal, mais acessível e mais identificável. E que também é a mais inexplicável, ou algo do tipo. Com certeza (?), está entre as mais antigas e deve ser por esse motivo que é considerada todas essas coisas que acabo de mencionar. Não sei até que ponto concordo com essa visão em termos mais gerais, mas quando falo exclusivamente de mim - e, convenhamos, este espaço aqui é todinho meu -, digo que é 100% verdadeira. Música é o tipo de coisa sem a qual não posso viver. Sério. Consigo me imaginar sem poder assistir filmes e espetáculos de teatro, sem poder visitar museus e exposições e até sem poder ler; mas jamais, sob hipótese alguma, consigo me imaginar vivendo em um mundo onde eu não tenha a possibilidade de escutar música.

Não sei se essa é uma noção que carrego comigo desde que nasci ou se foi algo que surgiu conforme fui me desenvolvendo como pessoinha. Talvez seja porque tive aulas de música na escola, ou talvez meu destino tenha sido traçado no momento em que meus pais resolveram me batizar com nome de canção. É possível que seja um pouco dos dois. Ou não. Tem coisas que são meio inexplicáveis mesmo. O que eu sei com certeza é que só me dei conta de que funciono desse jeito quando estava na adolescência, que também foi quando iniciei a minha formação como gente-que-escuta-música. Foi nessa fase que comecei a expandir meus horizontes, indo além daquilo que escutava apenas por influência de familiares e pessoas próximas e que nem sempre tinha muito a ver com meu interesse pessoal. Não que eu questionasse aquilo que estava escutando; para ser sincera, nem prestava muita atenção. Até que, de repente, comecei a prestar. Jamais saberei como aconteceu.

Era a primeira década dos anos 2000, a internet 2.0 engatinhava e a minha principal fonte de informação era a MTV. Só Deus sabe quantas horas da minha vida foram investidas na programação da emissora, mas eu estimo que tenham sido muitas. Até hoje, quando me lembro de alguma informação aleatória sobre algum vocalista obscuro de alguma banda igualmente obscura dos anos 80, sei que foi lá que aprendi. Os VJs, detentores de grande sabedoria, eram meus gurus e sob sua orientação, comecei minha jornada rumo à iluminação. Foram muitas degustações auditivas, que resultaram em experiências positivas, desagradáveis, passageiras, marcantes ou definitivas. Era tudo muito rocambolesco também, arquivos .mp3 completamente desconexos reunidos na mesma pastinha do player esperando o shuffle fazer a mágica acontecer.

Foi nessa época que escutei o nome Pink Floyd pela primeira vez e gostaria de dizer que tenho alguma história interessante a respeito, mas não. A real é que, assim como muitas das informações e estímulos bombardeados para o meu impressionável cérebro adolescente, o Pink Floyd caiu no limbo dedicado às informações inúteis que permanecem adormecidas até que um momento oportuno se apresente. No caso, ficou lá até 2007, quando graças ao finado e saudoso Orkut, descobri que uma das minhas músicas preferidas da trilha sonora de Os Infiltrados se chama Comfortably Numb (The Wall, 1979), que foi rapidamente baixada via eMule e exaustivamente escutada por aquela minha versão que não entendia muito bem o que raios era um álbum conceitual e nem se esforçou para pesquisar. A lerdeza era tanta que não me dei conta de que a versão que toca no filme não é a mesma que eu escutava e amava sem perceber, já que achava tudo muito estranho. Porque é assim que ocorre a conexão com o Pink Floyd: a gente não percebe que está vivendo um relacionamento, pelo menos não no começo. É tudo tão esquisito, sombrio e angustiante, que a única reação possível é o estranhamento. Inocente, mal sabia eu que ao encontrar um paradoxal conforto em uma música perturbadoramente chamada Comfortably Numb, estava tendo um vislumbre do que seria a vida adulta e, claro, o significado sagrado do Pink Floyd para mim. Não que eu possa me culpar pela ingenuidade de quem ainda nem tinha começado a viver. Não que eu possa condenar alguém por encontrar algum tipo de consolo na voz suave e no solo de guitarra transcendental do David Gilmour. Como poderia?

Foi em algum momento do ano de 2008 que decidi, sem muita explicação, começar uma pesquisa sobre o Pink Floyd, que até então, era apenas uma banda one hit wonder do meu MP4 Player retangular. E por meio daquela que eu considerava a fonte mais confiável da world wide web, Wikipedia, comecei a me informar e a tentar armazenar conhecimentos sobre a banda no meu cérebro. Não demorei para perceber que quando falamos de Pink Floyd, não dá muito para sair memorizando nomes de singles e vocalistas. Quer dizer, até dá, os nomes e números estão aí para serem consultados. É só que essa lógica de se deixar guiar por eles não é muito justa com o que, de fato, é o Pink Floyd. Estamos falando quase que de uma entidade. Lembro que, de tudo o que li sobre a banda durante aqueles primeiros contatos, o que mais me impressionou e fascinou foi tragédia de Syd Barrett, o gênio criativo por trás da fundação da banda, que definhou enquanto perdia a razão até que, de fato, sucumbiu à loucura. Já tinha lido sobre músicos que morriam inesperadamente em acidentes ou que tiravam suas próprias vidas, com ou sem intenção. Mas jamais havia passado pela minha cabeça a noção de se perder dentro de si à ponto de deixar de existir, ainda que, tecnicamente, ainda se exista. Syd Barret começou a declinar em 1968, mas só partiu em 2006. Sinto arrepios só de imaginar como devem ter sido os 38 anos no meio disso.

Com esse estranho fascínio, porém com um pouco de receio e - por que não? - medo de escutar as palavras desta mente atormentada, resolvi que só queria e precisava conhecer o Pink Floyd de Roger Waters, cujo primeiro e, talvez, principal expoente (são questões) é o icônico álbum com um prisma na capa: Dark Side of the Moon. Lançado em 1º de março de 1973, além de ser claramente pisciano, o álbum explodiu a minha cabeça e, não só mudou completamente a maneira como eu pensava sobre música, como transformou a minha vida, a maneira como eu enxergo a humanidade e o mundo. Sem que eu percebesse, estava sendo impactada por aquele que considero o melhor álbum já feito e, indiscutivelmente, o meu disco preferido de todos os tempos.

Já deixo claro que não irei me aprofundar a respeito dos aspectos técnicos do álbum e muito menos me propor a escrever algum tipo de crítica, análise, etc. Para tudo existe um limite e um dos meus começa quando o assunto é a discografia do Pink Floyd. Ou boa parte dela, pelo menos. Sem sombra de dúvidas, The Dark Side of the Moon entra na minha categoria de coisas intocáveis e sagradas. Para todos os efeitos, direi que ele foi revolucionário e figura na lista dos 1001 discos para ouvir antes de morrer. Altamente recomendável. Para mais informações, joga no Google.

O que quero, por meio deste textão é tentar explicar o porquê de eu considerar este álbum algo tão primoroso, que me toca profundamente e com o qual me identifico. Também quero atender à proposta original do post e explicar a forma como Dark Side of the Moon mudou a minha maneira de pensar sobre música. Vou conseguir? Não sei, vou tentar.

Creio não estar equivocada ao dizer que 99% das pessoas, ao escutar o Dark Side of the Moon pela primeira vez, ficam com cara de pastel e sem entender muito bem o porquê do hype todo. Eu, com certeza, fiz isso e jamais me esquecerei da reação de uma amiga que tinha na época que, depois de atender aos meus pedidos para que escutasse essa obra-prima, olhou bem na minha cara e mandou um sonoro EU ODIEI O DARK SIDE OF THE MOON! Oh, to be young and innocent! Não que eu a possa julgar muito. Mesmo não sendo o tipo de pessoa que sai por aí odiando as coisas, minhas primeiras reações após escutar o disco passam longe da adoração, do amor incondicional, da profunda identificação e da transcendência. A princípio, aquelas músicas não passavam de ruídos aleatórios e pirações com efeitos eletrônicos; o tipo de coisa que só poderia ser feita por gente sob o efeito de substâncias em uma época em que fazer esse tipo de coisa te dava a garantia de ser visto como descolado. Não vou mentir, é possível que eu tenha achado o Pink Floyd e seus fãs um tanto pedantes. Quer dizer, como assim vocês consideram o som de relógios disparando alarmes e caixas registradoras como música e chamam isso de arte? Sem mencionar a mulher histérica e a risada perturbadora que me causou calafrios quando escutei Brain Damage pela primeira vez em um quarto escuro, alguns instantes antes de dormir. Nada, absolutamente nada, no álbum fazia sentido.

Porém, ao contrário do que aquela voz no fundo da minha cabeça me dizia, não consegui sentir algo de negativo em relação ao Dark Side of the Moon. Ainda que incapaz de compreender o que raios se passava pela mente de Roger, David, Nick e Rick quando resolveram conceber um projeto tão peculiar, algo ali me atingiu, me intrigou e, louca que sou, não consegui parar de escutar. Criei um ritual quase diário de escutar o álbum, sempre à noite ou em algum momento em que sabia que estaria sozinha e não seria interrompida. Ninguém me disse que era assim que se deveria proceder ao escutar Pink Floyd, contudo, estava óbvio que era assim que as coisas deveriam ser feitas. É um daqueles casos em que a gente simplesmente sabe. Durante um ano, o estranhamento gerado pela banda se misturou com aquilo que soava mais amigável aos meus ouvidos e, de alguma forma, fui encontrando algum ponto de equilíbrio musical, mesmo que ainda me fosse impossível entender exatamente sobre o que eram aquelas músicas. Vejam bem, eu já sabia falar inglês e entendia as palavras cantadas; o problema era compreender a mensagem, o real significado. Se é que podemos atribuir um único significado à inigualável trabalho.

Falar sobre Dark Side of the Moon é um troço complicado para mim. É aquela velha história de encontrar dificuldade para colocar em palavras os sentimentos que surgem a partir de algo que nos é tão caro e próximo. É difícil de explicar, as frases não fazem sentido para além da minha cabeça e, sinceramente, nem sei se deveriam. Existem coisas que estão aí para que sejam sentidas e, muitas vezes, não precisam vir acompanhadas de alguma explicação verborrágica. E talvez seja por isso que gosto tanto do álbum, porque ao mesmo tempo em que ele pode soar bastante esquisito e confuso, também faz todo o sentido do mundo. É um álbum complexo e, por mais que eu não goste muito de utilizar esta expressão, é a única que me ocorre no momento. Contudo, quando digo que é complexo, não digo que é inacessível, muito pelo contrário. Penso que se existe um trabalho que fala tão diretamente com a essência da mente humana - principalmente nos tempos em que vivemos - , este trabalho é Dark Side of the Moon. Por isso que o defino como complexo, nós somos complexos também. E tentar entender o álbum é, ao mesmo tempo, tentar nos compreender. E, francamente, essa é uma tarefa difícil pra caramba.

Em seu ensaio Vivendo Pink (publicado na coletânea Pink Floyd e a filosofia, organizada por George A. Reisch), Steven Gimbel discorre à respeito do impacto do Pink Floyd na vida de quem o escuta e de como sua música é carregada de existencialismo. Ao cunhar a expressão estar pink para descrever um estado de espírito que atingimos no mundo pós-moderno, ele também consegue chegar perto de alguma definição ou explicação para os efeitos do Pink Floyd e do porquê de tantas pessoas se identificarem com a banda.
(...) Estar pink não é exatamente o mesmo que estar deprimido ou chateado. Essas emoções costumam ser relacionadas a acontecimentos ou circunstâncias particulares em sua vida. Pink é mais um sentido vago de mal-estar inconsolável, um sentimento de que alguma coisa na estrutura está rompida, não de algo localizado que pode ser consertado, mas de algo mais profundo e difuso em toda a sociedade. É um sentimento de impotência, de que nem mesmo existe uma razão para nos sentirmos ultrajados, já que qualquer coisa que você fizesse, como diz o velho ditado iídiche, seria como urinar no oceano, ou seja, de nada valeria. It can't be helped but there's a lot of it about. Não estamos falando de hanging on in quiet desperation, mas uma reflexão intelectual acerca desse desespero, desejando sem esperança que houvesse algo que pudesse ser feito, sabendo o tempo todo que o problema é endêmico à condição humana.
Optei por colocar este trecho do texto de Gimbel aqui porque acho que ele fez um trabalho louvável e conseguiu, na medida do possível, colocar em palavras o que é sentir o Pink Floyd, de uma forma geral. Todos os trabalhos da banda trazem esse quê de rompimento de estrutura, tanto no sentido mais prático - uso de diferentes técnicas e tecnologias para a gravação de álbuns inovadores -, quanto naquilo que é mais subjetivo, resultando na tal da identificação. Tenho para mim que todos nós, durante a transição para a vida adulta, passamos pelo momento do cair do véu, da abertura das cortinas, da quebra da quarta parede, da saída da caverna, da libertação da matrix. Chame como quiser. É aquele momento quando, pela primeira vez, encaramos a realidade nua e crua, com tudo o que há de mais podre e assustador. Não há exatamente uma idade certa para o processo iniciar e tudo varia de pessoa para pessoa. No meu caso, começou aos 18 anos e acho uma tremenda coincidência que tenha sido justamente naquela época que Dark Side of the Moon aconteceu na minha vida.

Correndo o risco de parecer forçar a barra, peço a licença para traçar um paralelo com algumas ideias que povoam este meu cérebro mirabolante. Uma das coisas que mais me incomodam, apesar de fazer sentido, é que, ao crescer, a gente começa a fingir. De repente, nos tornamos grandes atores, capazes de desbancar qualquer vencedor do Oscar ao entregar excelentes interpretações no Grande Espetáculo da Vida. Acho fascinante como jamais decepcionamos ao escondemos o  nosso verdadeiro eu em prol da felicidade plástica (nossa e alheia) e da estética de um feed harmonizado. Nossos mundos desmoronam, nossos sonhos morrem e a gente vira um bolinho assado em linha de produção belamente decorado com glacê para agradar aos olhares famintos que observam a vitrine. Pode até ser que a massa não esteja boa, mas a aparência é fabulosa, digna de Cake Boss. Não importa se você vai passar mal depois de comer, o importante é manter o simulacro e garantir aquela foto bonita para postar no Instagram. Para além das metáforas culinárias, o que este modus operandi realmente revela é aquilo que sempre pareceu imperar na existência humana: a necessidade de estar no topo da cadeia alimentar. Ou de pelo menos parecer estar no topo da cadeia alimentar. É absurdo o peso que damos à aparência.

Tenho certeza de que se eu me concentrar mais, consigo puxar alguma linha de pensamento que vai terminar com alguma relação entre robôs, vida moderna e capitalismo; contudo, irei poupar à todos nós porque ninguém aqui é obrigado. Seja lá o que eu estava tentando dizer, o ponto de chegada era o fato de que quando a gente cresce, nos adaptamos à um sistema de máscaras que, além de garantir para o universo que somos muito felizes, também oculta parte de quem somos, normalmente aquilo que pode ser visto como escuso e, muitas vezes, as características primordiais que fazem do ser humano o que ele é. A gente é muito podre e sabe disso. E se ilude dizendo que não, não somos. Mas a gente é sim. E é a essa conclusão que eu sempre chego quando termino de escutar Dark Side of the Moon. Ao mesmo tempo em que sinto um conforto perturbador por me sentir representada de alguma forma, também me sinto péssima pela identificação e pelo reconhecimento de que não só estou no mesmo barco que uns músicos muito loucos dos anos 1970, mas também da humanidade de uma forma geral. Dá até pra dizer que foi ali, aos 18 anos e durante o primeiro contato com o álbum, que foi plantada a sementinha da destruição da noção de que floquinho de neve único e especial nunca fui e nunca serei. Dark Side of the Moon é tão discão que até com os infames millennials ele dialoga.

É claro que sendo uma peça artística, o álbum abre margem para múltiplas interpretações, sejam elas acadêmicas e pedantes, ou super particulares em bloguinhos nesta internet sem lei em que insistimos em viver. Há quem diga que os versos finais do álbum - que discorrem sobre o sol ser eclipsado pela lua e sobre não existir um lado escuro da mesma, já que tudo está na escuridão e o que existe mesmo é um lado iluminado - transmitem uma mensagem de esperança. Particularmente, discordo. Se tem uma coisa que o Pink Floyd jamais me passou foi uma noção de otimismo, de que tudo vai ficar bem. Pra mim sempre foi algo na linha de olha, tá tudo uma porcaria mesmo, não tem muito o que fazer, o que resta é aguentar aí e segurar as pontas como puder e o conforto parte da percepção de que sim, tá tudo bem ruim, mas pelo menos não estamos sozinhos no sofrimento. E se não dá pra melhorar, a gente pode pelo menos trocar uma ideia sobre as mazelas da vida. É o tal do hanging on in quiet desperation, o tal do viver pink.

E o que é que nós, jovens fracassos criados à base de promessas, temos feito para lidar com as constantes e, aparentemente, inesgotáveis derrotas da vida que não seja justamente viver pink? Moldando a nossa própria forma de lidar com tudo, o nosso segurar as pontas no desespero calado, por meio de filmes de super-heróis, maratonas Netflix, memes na comunidade sofredora twitteira e outras formas de escapismo rápido e eficiente? Vou além: que não seja se conformar em viver confortavelmente entorpecido ou se entregar completamente à loucura? Fica aí uma questão para se pensar.

Enquanto isso, Dark Side of the Moon continua tão impactante e relevante quanto na época em que foi lançado, uma década também de transição e com uma juventude pós-Woodstock bastante desiludida. Claramente, um clássico. Se esse discão não foi capaz de modificar a minha maneira de pensar sobre música, meus caros, nada mais o fará.

4 de setembro de 2017

The Scorpio Races (Maggie Stiefvater)

Eu, que passei os últimos quatro anos falando sobre livros na internet, não sei mais fazer isso. É sério, perdi o jeito; não sei mais fazer resenha. Não confirmo e nem nego que, talvez, seja este o motivo para o quase completo desaparecimento de posts literários. A última resenha de verdade, se não me engano, saiu em abril. Só que, ainda que tenha me tornado uma leitora lerda e de ocasião, não é como se eu não tivesse lido livro algum nos últimos quatro meses. Li sim e quero comentar o que achei, só não estava sabendo muito bem como o fazer. Como pessoa que devaneia em textos que sou, percebi que para voltar a falar sobre livros, precisaria ir direto ao ponto, evitando me perder em rodeios e falando logo o que tiver que falar Por isso, decidi que agora vou usar uma estrutura fixa quando quiser fazer review por aqui, mais ou menos como fiz neste post. E para inaugurar este novo estilo, não poderia escolher outro livro que não fosse um dos meus favoritos recentes: The Scorpio Races, da Maggie Stiefvater. ♥ 


Sobre o que é?
Em termos mais gerais, diria que The Scorpio Races traz  uma história sobre se descobrir, se encontrar e se libertar; com um pouco de romance, dramas familiares e fantasia. Falando de forma mais específica, o livro traz a história de dois personagens, Puck e Sean. Ambos vivem em Thisby, uma ilha minúscula em que todo mundo se conhece e na qual é quase impossível ter uma perspectiva de vida que vá além daquilo que dizem que você deve ser. Ou seja, ou você vai embora, ou você fica por lá e se contente com o que puder. A principal fonte de renda da ilha vem por meio da Corrida de Escorpião, um evento anual que atrai turistas de todas as partes, assim como competidores e comerciantes de cavalos.

A Corrida de Escorpião nada mais é do que uma corrida de cavalos na orla da praia, só que os cavalos não são do tipo comum, mas sim de uma espécie fantástica: os altamente ferozes, indomáveis e perigosíssimos cavalos d'água. Famintas por carne e sedentas por sangue, tudo o que essas criaturas querem é voltar para o mar, seu habitat natural; e é justamente aí que mora um dos principais desafios da corrida, pois, além de precisar se manter na montaria, o jockey (?) também deve fazer o possível e o impossível para manter o cavalo longe da água. Obviamente, muita gente se machuca e muita gente morre. Mas por que raios alguém iria se jogar nessa cilada?, o caro leitor pode estar se perguntando. Pela glória, talvez, mas, principalmente, pelo prêmio. Muitas pessoas apostam nas corridas e há sempre uma alta quantia de dinheiro envolvida, o que é parte dos motivos que levam os protagonistas a decidirem participar da corrida.

Quem são os protagonistas?
Puck Connolly é a irmã do meio e desde que seus pais morreram em um trágico acidente de pesca envolvendo cavalos d'água, ela divide as despesas e as tarefas da casa com os irmãos - Gabe e Finn. Está tudo mais ou menos sob controle até que Gabe, o mais velho, anuncia que irá embora para continente sem dar muitas explicações. Com a situação financeira familiar bastante lamentável, Puck decide se inscrever para a Corrida de Escorpião, o que, normalmente, já seria visto como uma loucura, só que nesse caso é ainda pior já que 1) por não ter um cavalo d'água, ela decide correr com sua égua normal e 2) ela é uma garota, o que contraria o regulamento da corrida, que só permite homens e garotos. Além disso, ela não tem muita experiência com corridas.

Sean Kendrick é o principal campeão das Corridas de Escorpião e, por isso, um dos  maiores atrativos para turistas interessados em apostar no evento. Após perder seu pai quando ainda era criança, ele foi adotado por Benjamin Malvern, o homem mais rico da ilha, que lhe ofereceu abrigo e emprego como domador de cavalos em seu aras. Durante praticamente toda a sua vida, Sean viveu para os cavalos e, principalmente, para Corr, um garanhão vermelho d'água imprevisível, veloz e cobiçado. Contudo, com exceção de Sean, ninguém consegue domá-lo. Fica muito claro, logo no início, que Corr e Sean têm um vínculo muito forte e é justamente por isso que o rapaz tolera a condição em que vive - que não chega a ser de escravidão, mas beira isso -, apesar de já ter juntando dinheiro o suficiente para não precisar manter o trabalho no aras e, principalmente, continuar se arriscando nas corridas.

São eles que nos contarão a história, com capítulos que se intercalam entre as perspectivas de cada um.

O que eu mais gostei?
Os personagens são o meu aspecto preferido do livro, principalmente o Sean. Gosto da forma como Maggie Stiefvater nos apresenta a ele por meio de sua narrativa, mas também pela visão que os outros habitantes de Thisby têm dele. Mas, mais que isso, gosto da personalidade do Sean; da forma como ele é deslocado, indomável e um pouco misterioso, mas também bastante vulnerável, ainda que não o demonstre. O que mais me fascinou é o quanto ele me pareceu real, a ponto de eu acreditar que alguém como ele poderia existir fora dos livros. Não é sempre que consigo me sentir assim em relação a personagens literários e adoro quando acontece. A Puck também é ótima, apesar de me irritar um pouco com a sua impaciência e na forma como se relaciona com os irmãos. Ainda assim, acho muito louvável a postura determinada que ela adota ao lidar com os perrengues que a vida coloca em seu caminho, se recusando a aceitar o papel que esperam que desempenhe e desafiando os padrões ao participar da Corrida de Escorpião. Gosto também da maneira como ela e o Sean se conhecem e como o relacionamento entre os dois é construído de forma sutil e natural.

Outro aspecto que me agradou é a atmosfera da história, que tornou toda a experiência de leitura bastante imersiva. Conseguia "enxergar" a ilha e seus habitantes, sentir os cheiros descritos, assim como a brisa do mar; além de ter uma imagem muito nítida dos cavalos correndo ao pôr do sol. Da mesma forma que tudo me parecia bem idílico, também consegui captar o temor das corridas e a inércia aprisionadora de Thisby, que creio ter sido a intenção da autora.

Por fim, acho que é impossível falar do que gostei no livro sem mencionar a relação do Sean com Corr. Muito mais do que sua montaria, o cavalo d'água parece ser o único que entende o que acontece na mente de Sean, quais são os seus traumas e os seus anseios. É quase como se um fosse reflexo do outro. É muito linda a relação dos dois. ♥

O que pode ser motivo para não gostar?
Uma ressalva que preciso fazer é em relação ao ritmo do livro, que pode parecer demorar um pouco para engrenar. Para mim, não foi um empecilho e gostei de degustar a leitura no meu tempo - levei mais de um mês! -, o que me proporcionou a criação de vínculos com os personagens e me sentir dentro da história. O título também pode passar a ideia de ser uma história de ação e o leitor menos avisado pode se frustrar. Não que a ação não desempenhe um papel na história, mas é só mais para o fim, quando a corrida acontece. Antes disso, é mais uma construção de tudo que irá culminar no desfecho.

Recomendo para quem?
Recomendaria para todo mundo que busca uma história com personagens cativantes. Para quem gosta de histórias de fantasia, o elemento aparece aqui, mas de forma bastante sutil, quase imperceptível, então é interessante ter isso em mente. Digo o mesmo em relação a ação. Se você procura uma leitura cheia de reviravoltas e ganchos ao final de cada capítulo, talvez esta não seja a melhor opção. Agora, se você se interessou, mas tem um pé atrás quando o assunto é YA, acho que The Scorpio Races pode ser interessante porque, tirando a idade dos personagens (algo entre os 19 anos, acho), não senti que é um livro adolescente. Muito pelo contrário, achei os dilemas apresentados bastante palpáveis e, em alguns pontos, fáceis de se relacionar. Dadas as ressalvas, recomendo muitíssimo a leitura. Com certeza um dos meus favoritos do ano.

Trecho:

"I don't trust the ocean, either. It would kill me as soon as not. It doesn't mean I'm afraid of it".

31 de agosto de 2017

08/2017: a playlist de agosto

Ao todo, são 31 músicas que, de forma geral, demonstram que durante o mês de agosto, vivi predominantemente nos anos 80. A seleção foi feita por meio de critérios aleatórios que iam desde uma música que escutei naquele dia, favoritei naquele dia ou me foi apresentada pelo shuffle naquele dia. Nem todas as músicas são reflexos dos sentimentos dos dias que representam, tiveram sim ocasionais esquecimentos, mas acho que, como um todo, o resultado me soa bastante coeso, além de representar muito bem o meu gosto musical atual. Tem gente mais das antigas, mas também tem gente mais recente.

Gostaria de deixar registrados os meus agradecimentos ao Spotify por me lembrar de Man On The Moon - e do R.E.M., que adoro, mas faz tempo que não escuto - e por me apresentar The End Of The Innocence, do Don Henley, a quem deveria me dedicar mais a conhecer - assim como The Eagles. Por fim, achei interessante que comecei o mês de forma bem positiva, com Learning To Fly, de Tom Petty & The Heartbreakers, e terminei no desespero calado, buscando consolo no colo do Harry Styles, que canta Sign Of The Times. É bom demais ser fã dessas coisas simples, mas que deixam a vida mais leve. 


#01 Learning To Fly - Tom Petty & The Heartbreakers
#02 Por Enquanto - Plutão Já Foi Planeta
#03 Walking in the Wind - One Direction
#04 Waves - Dean Lewis 
#05 Life Is A Song - Patrick Park 
#06 Love Is Here to Stay - Lindsay Buckingham, Christine McVie
#07 Steal Your Heart Away - Fleetwood Mac
#08 I Won't Back Down - Tom Petty 
#09 Storms - Fleetwood Mac 
#10 Breathe - Taylor Swift, Colbie Caillat
#11 Touched by an Angel - Stevie Nicks 
#12 Sweet Creature - Harry Styles 
#13 Africa - Toto 
#14 Take it Easy - The Eagles  
#15 All To Well - Taylor Swift
#16 Here Comes The Sun - The Beatles
#17 Maneater - Daryl Hall & John Oats 
#18 Forever Young - Alphaville
#19 Don't Stop Believin' - Journey 
#20 Got My Mind Set On You - George Harrison
#21 Piano Man - Billy Joel 
#22 The End Of The Innocence - Don Henley
#23 Man On The Moon - R.E.M. 
#24 Prisoner - Ryan Adams 
#25 For What It's Worth - Liam Gallagher 
#26 Sultans Of Swing - Dire Straits 
#27 Mad World - Tears For Fears 
#28 Leaning to Fly - Pink Floyd
#29 Even the Score - America 
#30 Isn't It Midnight - Fleetwood Mac
#31 Sign of the Times - Harry Styles

28 de agosto de 2017

Cold & Frosty Morning: uma playlist para dias frios

Ao todo, são 31 faixas, somando 1h56, que me fazem sentir frio e, ao mesmo tempo, me ajudam a lidar com ele. Nem todas estão relacionadas ao clima, mas não ligo muito porque o que importa é que elas soam como inverno para mim. Algumas são bem geladas e chuvosas, outras são como um ventinho nas bochechas e nos cabelos, e tem também aquelas que evocam aquela preguicinha gostosa de manhãs de fim de semana, nas quais só consigo pensar em dormir. Aliás, foi com esse tipo de manhã em mente que criei a lista e, por isso, a chamei de Cold & Frosty Morning. Acho válido mencionar que, apesar da referência, nenhuma música do Oasis foi contemplada pela playlist. Não ia ficar muito ~harmônico~. Não se pode ter tudo. A conclusão veio com Here Comes the Sun, a princípio, pela sonoridade; e depois, porque achei poético o contraste com a faixa de abertura. A gente começa com hello, darkness my old friend e termina com here comes the sun, it's all right. Porque é preciso acreditar que o sol voltará a brilhar. Funciona como um abraço quentinho e familiar ao final de um dia puxado. ♥


#01 The Sound of Silence (Peter Hollens) 
#02 Mykonos (Fleet Foxes) 
#03 Follow Suit (Trent Dabbs) 
#04 Full Moon (The Black Ghosts) 
#05 Welcome Home, Son (Radical Face) 
#06 The Cave (Mumford & Sons) 
#07 The Age of Worry (John Mayer) 
#08 Fare Thee Well (Dink's Song) (Oscar Issac, Marcus Mumford) 
#09 Meet Me in the Hallway (Harry Styles) 
#10 Waves (Dean Lewis) 
#11 The Funeral (Band of Horses) 
#12 Need The Sun To Break (James Bay) 
#13 Let It Go (Tanner Townend, Gardiner Sisters) 
#14 Idaho (Nerina Pallot) 
#15 Stealing Cars (James Bay) 
#16 The Hanging Tree (Angus & Julia Stone) 
#17 Safe & Sound (Taylor Swift, The Civil Wars) 
#18 I See Fire (Peter Hollens) 
#19 Heartbeats (José González) 
#20 The Only Boy Awake (Meadows) 
#21 About The Rain (Ron Pope)
#22 Let Her Go (Passenger) 
#23 Simple Man (Jason Manns, Jensen Ackles) 
#24 See You Again - Acoustic (Tyler Ward) 
#25 Society (Eddie Vedder) 
#26 Cemeteries Of Lodon (Coldplay) 
#27 The Rains of Castamere (Peter Hollens) 
#28 Little Lion Man (Mumford & Sons) 
#29 Snow (Angus & Julia Stone) 
#30 Begin Again (Taylor Swift)
#31  Here Comes The Sun (The Beatles)

17 de agosto de 2017

Respondendo a TAG dos álbuns (original)

Sou uma pessoa que escuta álbuns. Não que esta seja uma regra absoluta, pois tenho minhas trilhas sonoras preferidas e até me arrisco a escutar e a montar playlists. Mas, ainda assim, de forma geral, não costumo escutar músicas avulsas. Não sei se sempre fui desse jeito, ou se foi um hábito que desenvolvi ao longo dos anos; o que importa é que eu  sou uma pessoa que escuta álbuns. Gosto de pensar que há um porquê de todas aquelas faixas estarem reunidas no mesmo trabalho de um artista, que provavelmente queria passar uma mensagem por trás disso. E, no geral, sinto que as músicas reunidas em um mesmo disco costumam trazer a mesma vibe. Fico realmente abalada quando estou escutando uma música e a próxima se revela algo completamente diferente, de outro estilo, com outra atmosfera, outra batida. Enfim, é o tipo de coisa que ~corta o clima~, sabem? Eu levo muito a sério esse tipo de coisa.

Então hoje quero falar sobre álbuns já que não tinha nenhuma ideia de como fazer isso, resolvi que iria responder uma TAG. E como não encontrei nenhuma que me interessassem resolvi criar a minha. Eis a TAG dos álbuns!

O último álbum que você escutou
Abbey Road  (1969), dos Beatles. Depois de alguns anos sem escutar muito a banda, de repente, acordei com vontade. Acho que o desejo veio por conta do clima frio que tem tomado conta da capital paulista nas últimas semanas; acho que o quarteto de Liverpool é a cara de dias frios, no melhor sentido possível. O álbum aqueceu o meu coração e me fez acreditar que os dias ensolarados voltarão. Aqui temos o ~último~ trabalho dos Beatles (são questões, favor pesquisar no Google), que já estavam mais do que consolidados como músicos maduros e, claro, como uma das maiores bandas de todos os tempos. Disquinho clássico, muitíssimo bom, super recomendado para todos.
Faixas para escutar: todas, mas principalmente...não, todas mesmo. Escutem todas.


Um álbum que você quer muito escutar
TS6, também conhecido como o novo da Taylor Swift. Até o momento, não temos muitas informações a respeito, mas sabemos que ele está à caminho e fico angustiada por saber que não terei paz enquanto não tiver escutado e também depois de o ter feito, porque Taylor Swift tem total controle das minhas emoções. Devo muito à ela, que me ajudou a lidar com fatídico ano passado e, desde então, decidi que 1) sou swiftie 2) viverei para escutar qualquer coisa que ela lançar. Afff, eu amo a Tay-Tay, melhor amiga famosa.

Um álbum para dias de bad (tanto para espantar, quanto para ~curtir~)
Olha, são muitos, mas o meu preferido em dias ruins é o incrível The Division Bell (1994), do Pink Floyd. A banda é a minha favorita e, como não poderia ser diferente, é responsável por alguns dos meus álbuns preferidos, entre eles esta preciosidade transcendental que veio ao mundo quando este pequeno hobbit que vos escreve tinha apenas quatro anos de existência. Diferente dos trabalhos anteriores e, principalmente, da era comandada pelo Roger Waters, tudo em The Division Bell me faz pensar em #paz; mesmo quando as letras discorrem sobre a falta de comunicação no mundo contemporâneo e tragam, de forma geral, uma atmosfera meio melancólica. Adoro as melodias, adoro os arranjos, adoro a forma como as faixas foram organizadas e a maneira como elas dialogam entre si, adoro os vocais do David Gilmour (a.k.a. minha alma-gêmea), adoro tudo. Realmente, não sei explicar e, por isso, digo que tudo é muito lindo nesse álbum. Não, tudo é muito perfeito nesse álbum.
Faixas para escutar: Todas, principalmente Marooned, Keep Talking e High Hopes. Mas, sério, todas.

Um álbum que te deixa feliz
Made In The A.M. (2015), do One Direction, porque jamais poderia ser diferente. Basta que os primeiros acordes de Hey Angel comecem para que eu seja bombardeada por uma onda de boas sensações. Esse álbum é, com certeza, um dos meus preferidos nos últimos cinco anos e irei sempre protegê-lo. Foi por causa dele que decidi me tornar directioner e adotar feelings are the only facts como um dos meus mantras pessoais. As músicas são deliciosas, do tipo que a gente canta junto sorrindo, mesmo quando a temática é meio tristinha, e se sente abraçado.
Faixas para escutar: Drag Me Down, Never Enough, What a Feeling e Temporary Fix.


Um álbum para escutar com a família e/ou amigos (ou que te lembre dessas pessoas) 
Aproveitando o gancho da categoria anterior: Harry Styles (2017) é uma unanimidade entre minhas amigas blogueiras. Todas nós gostamos muito - cada uma à sua maneira e com suas ressalvas - do trabalho de estreia solo do Harry e estamos bastante esperançosas em relação ao seu futuro como maior rockstar de sua época (risos!!!). Todas nós, pessoas da internet que somos, acompanhamos todo o hype na época do lançamento e, contrariando o que normalmente acontece, não ficamos de bode e até achamos tudo bem justificado.
Faixas para escutar: Sign of the Times (QUE HINO!), Two Ghosts, Sweet Creature e Kiwi.

Um álbum romântico (ou que embale as suas histórias de amor) 
Acho que é inegável que Taylor Swift é excelente na arte de lançar discos românticos e de toda a sua discografia, o que mais me faz entrar nessa vibe é o Speak Now (2010). Tudo nesse álbum me faz pensar em contos de fadas, desde o fabuloso vestido roxo de princesa que a Taylor usa na capa até a lindíssima Enchanted, que poderia facilmente virar um roteiro de comédia romântica com um casalzinho super fofo que se conhece em uma festa e termina o filme largando tudo para se beijar debaixo da chuva.
Faixas para escutar: Mine, Sparks Fly, Enchanted e Long Live - que não é de amorzinho, mas é ótima e merece ser sempre enaltecida.

Um álbum para feriados e/ou férias
Quando penso em férias e tempo para ficar de pernas para o ar, contemplando o nada, também penso em sol, praia e mar. E um dos meus discos preferidos para esses momentos é The Music From The O.C. - Mix #1 (2004), que faz parte da minha vida desde que foi lançado e até hoje é um grande sucesso. Por fazerem parte da trilha sonora de uma série ambientada na California, onde, aparentemente, não faz frio e o céu é sempre ensolarado, as faixas evocam esse clima de verão. Além disso, por serem músicas que escuto há mais de dez anos, tenho várias memórias-conforto associadas à elas.
Faixas para escutar: Honey And The Moon (Joseph Arthur), How Good It Can Be (The 88), Dice (Finley Quaye e William Orbit) e, obviamente, California (Phanton Planet).


Um álbum que te deixa nostálgica (o) 
Reckless (1984), do Bryan Adams, um álbum muito bom e que merecia mais reconhecimento. Não, eu não era viva na época em que ele foi lançado e também não o havia escutado até alguns meses atrás. Mas sabe quando a gente sente nostalgia por algo que nunca vivemos? Então, é isso que acontece quando escuto o álbum. As músicas, para mim, funcionam como uma máquina do tempo e me transportam para outra época; no caso, os anos 1980, que não vivi e acho que é justamente por isso que os acho fascinantes e sinto essa nostalgia. Tenho certeza de que não era uma época perfeita e em muitos aspectos devia ser pior do que os tempos de trevas atuais, mas ainda assim, não consigo deixar de imaginar que eram bons anos para se estar vivo. Culpa dos filmes do John Hughes e mais um monte dos que passavam na Sessão da Tarde.
Faixas para conhecer: One Night Love Affair, Run To You, Heaven (todo mundo conhece essa, sério) e Summer Of '69.

Um álbum para dias frios 
O primeiro em que consegui pensar foi Broken Brights (2012), do Angus Stone, e faz todo o sentido do mundo porque esse álbum foi feito para dias frios. Sabem aquelas músicas folk calminhas, que dão um pouco de sono, só que no melhor sentido? Então, esse álbum é todo assim. Tem cara de dia frio e chuvoso, mas traz o aconchego de um cobertor quentinho acompanhado por uma xícara de chocolate quente. Sinceramente, nunca prestei muita atenção nas letras e é possível que nunca tenha escutado até o final, mas acho que isso não importa. Definitivamente, preciso melhorar e dar à Broken Brights a atenção que ele merece.
Faixas para conhecer: Wooden Chair, The Blue Door, Only a Woman e Monsters.

Um álbum para dias ensolarados e quentes 
The Breaker (2017), do Little Big Town, que saiu em fevereiro, em pleno verão brasileiro e eu adorei a coincidência porque combinou demais. Apesar de a capa trazer uma imagem dos integrantes em um bosque (?) e vestindo roupas de outono, para mim, as músicas soam como dias quentes e de muito sol. Não conheço muito da banda e para todos os efeitos, achava que era do country. Contudo, achei o álbum bem pop, mesclando diferentes sonoridades e obtendo faixas, no geral, bem tranquilas e gostosinhas de escutar.
Faixas para conhecer: Lost in California, Better Man, Rollin' e Don't Die Young, Don't Get Old.


Um álbum que você nunca quis que terminasse 
Dopamine (2015), do BØRNS, uma verdadeira explosão sonora de good vibes. Acho que deve ser humanamente impossível se sentir triste enquanto se escuta esse disco e é justamente por isso que ele deveria ser eterno. Durante 40 minutos, a gente esquece de tudo de ruim que existe no mundo, assim como de nossas frustrações e apenas nos deixamos invadir pelas músicas. A experiência toda é uma delícia, além de realmente fazer bem e afastar os pensamentos ruins. Aí, o álbum termina e a gente precisa encarar a realidade de novo. Felizmente, sempre podemos apertar o play novamente.
Faixas para conhecer: 10.000 Emerald Pools, American Money, The Emotion e Overnight Sensation.

Um álbum que você escutou por causa do hype e não gostou
Lemonade (2016), da Beyoncé. Olha, 'cês vão me desculpar, mas acho a Beyoncé um tanto overrated. Talvez seja isso mesmo ou talvez eu é que não tenha sido atingida por suas músicas ainda. Contudo, até o presente momento, nunca me interessei por nada que ela lança; não porque não ache que seja bom, mas porque, realmente, não é muito o estilo de música que eu gosto de escutar. Mas aí, veio o Lemonade, o álbum mais importante de 2016; o álbum que, aparentemente, revolucionou a história da indústria musical com toda aquela coisa de ser conceitual e visual (e o The Wall, meu povo?, o que é o The Wall?, mas ok, não vou discutir); o álbum que é à frente de seu tempo. Então, tá. Fui escutar e...meh. Vida que segue, tem outros álbuns.

Um álbum que você escutou por causa do hype e amou 
Dangerous Woman (2016), da Ariana Grande. Até um mês antes do lançamento do disco, eu não fazia ideia de quem era Ariana Grande, só tinha visto o nome pipocando nos meus feeds. Aí, o YouTube recomendou o vídeo da faixa título e amei demais, fiquei ansiosa para escutar, curti o lançamento com todo mundo e agora, mais de um ano depois, tô achando uma delicinha ainda. Essa pegada de R&B bastante predominante no pop atual e esses vocais meio Mariah Carey são o tipo de coisa das quais eu sinto preguiça e fujo - nada contra, só não fazem meu estilo mesmo -, e justamente por isso, fiquei muito surpresa por, não só ter acreditado no hype, mas também por ter adorado a experiência com o disco.
Faixas para escutar: Dangerous Woman, Into You, Leave Me Lonely e Touch Me.

Um álbum flop que você acha bem legal
Achei o Breathe In. Breathe Out. (2015), da Hilary Duff, um álbum bem legal e honesto. Entregou tudo o que prometeu, mas acabou não fazendo sucesso algum, o que é bem frustrante já que demorou uns três anos para ver a luz do dia. Além disso, foi o primeiro trabalho que a Hilary lançou após sete anos de afastamento da música; ou seja, os fãs - eu inclusa - estavam bem empolgados, imaginando videoclipes, participações em programas de TV e shows. Só que não tivemos nada disso. Então, sei lá, o álbum meio que chegou mudo e saiu calado. Quase ninguém viu. Flopou mesmo. Mas é legal, de verdade.
Faixas para escutar: My Kind, Tattoo, Night Like This e Belong.


Um álbum que você acha que todo mundo deveria escutar 
Sem sombra de dúvidas, minha mais recente obsessão: Lindsey Buckingham Christine McVie (2017), nada mais, nada menos do que um álbum de colaborações desses ilustres seres humanos. Olha, se tem uma banda que tem ocupado muito do meu tempo consumido com música, essa banda é o Fleetwood Mac; então, acho que é compreensível que eu estivesse louca para escutar o que sairia desse duo do Lindsey com a Christine. Lerda e desatualizada que sou, só fiquei sabendo do projeto um mês antes e fico feliz que a espera não tenha sido longa. O álbum é mais do que tudo o que eu esperava. Sabe quando a gente escuta um trabalho de qualidade, de quem sabe muito bem o que está fazendo e tem anos de experiência e sucesso para provar? Então, não tem erro. Tudo é feito com perfeição, cuidado e muito talento.
Faixas para escutar: não tem nem faixa mais ou menos, tudo é bom.

Um álbum clássico (ou que você considere clássico; ou os dois) 
Finalmente resolvi conhecer mais do trabalho do Tom Petty, de quem sempre gostei de uma forma meio gratuita, e até agora foi só sucesso. Estou conhecendo seus álbuns aos poucos e não encontrei nada de que não tenha gostado. Contudo, se preciso comentar sobre um, escolho Into The Great Wide Open (1991), que é, na verdade, de Tom Petty and the Heartbreakers. Tenho para mim que um clássico é algo que transcende o tempo e que, não importa a época em que o encontremos, ele sempre parece atual. É isso que acontece quando escuto esse disco, que é apenas um ano mais novo que eu. 
Faixas para escutar: Learning to Fly, Kings Highway, All The Wrong Reasons e Built To Last.

Por fim, o álbum da sua vida
Dark Side of the Moon (1973), do Pink Floyd. Porque sim.

10 de agosto de 2017

Nevermore (Keith R.A. DeCandido) | Supernatural, livro #1

Quando soube que existiam romances de Supernatural, minha primeira reação foi torcer o nariz. Não sei exatamente o porquê, mas essa é sempre a minha reação ao descobrir a expansão, em uma plataforma diferente, de um universo fictício que amo. Contudo, uma vez superada a barreira do preconceito (leiam: as saudades de Sam e Dean são sempre enormes e está sendo absurdamente doloroso lidar com meu atual rewatch da 7ª temporada), fiquei bem curiosa para saber como seriam os Winchester de papel. Depois de me aventurar, venho contar o que achei da experiência.


Sobre o que é?
Aqui temos uma aventura na qual os irmãos são tirados de sua zona de conforto, e vão investigar um caso em Nova Iorque, mais especificamente no Bronx. É importante ter em mente que a história em questão ocorre durante a 2ª temporada da série e, depois de todos esses anos, demorei um pouco para reajustar a minha percepção dos protagonistas. Eles estão lidando com a recente morte de John, Sam está com o braço quebrado, Dean está o inconformado com o que o pai lhe disse antes de morrer e nós, os fãs, acabamos de ser introduzidos aos hellhounds - a trama de Nevermore se situa entre os episódios Crossroad Blues (2x08) e Croatoan (2x09) . Ou seja, era uma fase em que ainda não sabíamos as razões para os poderes psíquicos do Sam, ou qual era o verdadeiro nome do Yellow Eyed e muito menos poderíamos imaginar alguém como Castiel. Era uma fase completamente diferente. Enfim, seguindo uma pista do Ash, os meninos vão para Nova Iorque lidar com um ~simples caso de espírito~, mas acabam esbarrando com os crimes de um serial killer que se inspira nas histórias de Edgar Allan Poe.

O que gostei e o que não gostei tanto assim?
Como uma história para ser lida, Nevermore funciona bem, mas acho que não resultaria em um bom episódio para televisão. O desenvolvimento da trama é lento, cheio de passagens descritivas do Bronx e das ruas do bairro -  o que muitas vezes acaba rendendo momentos de humor com um Dean em estado de completo desespero ao tentar estacionar o Impala nas pequenas vagas -, um aspecto que pode ser cansativo em alguns momentos. 

Os casos também deixam um pouco à desejar, principalmente aquele que se relaciona com o trabalho de Edgar Allan Poe, ainda que traga ótimas referências à sua obra. Não sei se é porque já tenho ~experiência~ com histórias de investigação e/ou com Supernatural, mas já sabia quem era o culpado muito antes. Outra característica um tanto negativa é que há poucos elementos sobrenaturais na história, o que não deixa de ser um pouco problemático se pararmos para considerar a premissa da série. Ainda assim, temos o caso de fantasma que serve de pontapé para a chegada dos irmãos na cidade, mas só consigo descrevê-lo como medíocre. Por outro lado, o autor fez um ótimo trabalho de ambientação; não só dos cenários em que as coisas acontecem, mas de toda a atmosfera característica da série. De fato, parece Supernatural

Por mais que alguns possam discordar, Keith R.A. DeCandido acertou no tom das personalidades dos Winchester  - sim, o Dean da 2ª temporada deixaria o Sam dirigir o Impala pelas ruas de Nova Iorque (mas só nesse contexto e só porque ele mesmo não estava conseguindo; a única pessoa que ele deixaria dirigir Baby é o Sam!). E sim, Sam de 23 anos era um irmãozinho chato, get over it! - e, enquanto lia, conseguia escutar as vozes de Jensen Ackles  e Jared Padalecki, assim como imaginar seus trejeitos. Só que como, infelizmente, não se pode ter tudo, preciso dizer que e o autor errou feio na caracterização física dos irmãos e, convenhamos, isso é meio absurdo. O material original está aí, sabe? Uma rápida conferida em qualquer imagem dos dois já dava conta disso. 

Por fim, gostei bastante das partes em que muitos fatos sobre Edgar Allan Poe foram apresentados e, claro, as incontáveis referências musicais (tem um momento em que o Dean larga tudo para escutar o DARK SIDE OF THE MOON!!!).  O autor chega, inclusive, sugerir uma playlist para acompanhar a leitura e logo que minhas mãos começaram a coçar para montá-la lá no Spotify, descobri que alguém já o fez! Eu amo a internet! Para escutar, clique aqui. Tem muita coisa boa, gente, vale a pena!

Acho que vale a pena e recomendo?
Se você for fã de Supernatural, vale a pena sim. Principalmente se estiver à procura de uma leitura leve e descompromissada. 

13 de junho de 2017

So it's gonna be forever or it's gonna go down in flames?: uma playlist com as minhas músicas favoritas da Taylor Swift


#01 Welcome To New York
#02 Blank Space
#03 Haunted
#04 I Knew You Were Trouble
#05 Shoud've Said No
#06 You're Not Sorry
#07 Red
#08 Teardrops On My Guitar - Pop Version
#09 All Too Well
#10 We Are Never Ever Getting Back Together
#11 Sparks Fly
#12 Enchanted
#13 Love Story
#14 Mine
#15 Style
#16 22
#17 A Place In This World
#18 New Romantics
#19 Out Of The Woods
#20 Shake It Off
#21 Long Live


***

Observação (14/10/20): a minha playlist de músicas favoritas da Taylor já sofreu algumas alterações ao longo dos anos, mas resolvi deixar um registro por aqui de como ela era quando eu havia me tornado swiftie há pouco mais de um ano. Naquela época, o catálogo da Taylor havia acabado de retornar ao Spotify e aproveitei o acontecimento para montar a playlist. A Taylor 1989 era a minha Taylor Swift preferida e, por isso, foi ela que deixei na capa original da playlist - adoro essa foto! Como não tenho mais a capa que fiz na época, tentei recriar e na imagem que acompanha o post tentei representar com as cores a ~aesthetic~ que eu atribuía à Taylor.

9 de abril de 2017

Razorlight (Razorlight, 2006)

9. Um álbum que te traz boas memórias

Quando eu era adolescente e estava iniciando a minha formação musical, tive uma fase meio indie-rock-alternativo, o que quer dizer que eu escutava várias músicas parecidas, de bandas que faziam praticamente o mesmo tipo de som, cujos integrantes eram, essencialmente, uns caras magricelas vestindo calças skinny e camisetas coladas. Tipo o Seth Cohen.

I don't know what I'm doing wrong
Maybe I've been here too long
The songs on the radio sounds the same
Everybody looks the same
(In The Morning)

A real é que eu não as diferenciava muito bem e também não ia atrás de me informar melhor sobre o assunto. Ainda assim,  o auge dessa minha fase foi a banda inglesa Razorlight. Conheci a banda em meados de 2007 por meio da HBO, que transmitiu alguma reprise de algum festival ou programa - não me lembro, faz dez anos - com várias bandas se apresentando, sendo uma delas o Razorlight. Pouco me lembro da apresentação além do combo skinny branca feat. camiseta branca colada com gola em v usado pelo vocalista, cujos cabelos encaracolados e olhos azuis deixaram uma boa marca na adolescente impressionável de 17 anos que eu era.

Johnny Borrell

Pouco tempo depois, em uma era recém-saída da internet discada e ainda bastante inóspita e pouco desbravada, fui atrás das músicas e, por razão que desconheço, só consegui encontrar o segundo álbum, Razorlight (2006). E foi amor à primeira escutada. Vivemos um relacionamento intenso por meses e hoje, sempre que escuto, sou transportada para aquela época. No caso, os primeiros meses do meu ano de cursinho e o trajeto que eu precisava fazer de ônibus para voltar para casa. Por mais que as letras tratem de relacionamentos frustrados, da sensação de não saber o que raios aconteceu na noite anterior depois de álcool e festas e, de forma geral, de chororô de sad guy, para mim as músicas evocam uma vibe de incertezas em relação ao futuro e aos rumos que a vida vai tomar.

No âmbito ainda mais pessoal, foi uma fase bastante transitória. Não só porque eu estava naquele limbo entre a escola e a faculdade, mas também porque pela primeira vez na minha vida, estava lidando com mudanças de grandes proporções. Depois de estudar dez anos na mesma escola e com praticamente as mesmas pessoas, estava conhecendo gente nova e lidando com o fato de precisar fazer novas amizades, descobrir quem eu era, me tornando maior de idade, conhecendo outra região da cidade, questionando a-vida-o-universo-e-tudo-mais, etc. Um período bem aterrorizante e marcado por algumas angústias, mas também muitas descobertas, anseios, sonhos, liberdades e good vibes. Na época, o meu seriado do coração era One Tree Hill e, curiosamente, o Razorlight participou da trilha sonora alguns anos depois. (Aliás, a trilha sonora da série era excelente, cheia das bandas indie).

Sobre o álbum homônimo, como disse, é o segundo da carreira da banda e, aparentemente, o mais bem sucedido, com hits no topo - ou quase isso - das paradas indie britânicas e blablabla. Ao todo são dez faixas na versão standard, das quais quatro se transformaram em singles. Tem uma versão mais recheada no Spotify, com algumas versões ao vivo. Essa belezinha completou uma década no ano passado, mas é nesse primeiro semestre de 2017 que ela completa dez anos na trilha sonora da minha vida e, por isso, achei apropriado registrar comentários e recordações sobre o assunto por aqui como uma forma de dar continuidade à minha ideia de registrar minha vida por meio de recordações musicais.


DESTAQUES

America
Foi a primeira música da banda que me marcou, tanto porque foi a única que consegui memorizar quando assisti aquela apresentação na HBO, quanto porque é realmente boa. Gosto da atmosfera gostosinha da música, da batida, da guitarra suave no começo e da melodia. A letra tem um quê de anseio e espera.

I Can't Stop This Feeling I've Got
O tipo de música que poderia facilmente entrar para a trilha de The O.C., acho que depois de America, foi a próxima a ganhar meu coração. É suave, com cara de fim de dia preguiçoso na beira da piscina. A letra é meio aleatória e, penso eu, aberta para interpretações. Eu encaro como algumas reflexões sobre se apaixonar? Sei lá.

Back To The Start
Amo essa música! Ela tem uma vibe de verão e praia que me deixa completamente bugada quando penso que a banda é britânica/sueca e, por isso, deveria me fazer pensar em frio, chuva, céu cinza. O ritmo é contagiante, a melodia é fácil de cantarolar e a letra é bem mediana, mas ok, o que importa é a sensação boa que fica enquanto escuto.

Los Angeles Waltz
Mais uma que me ganhou pela atmosfera, com uma batida good vibes e uma melodia gostosa. A letra, novamente, é genérica e cheia de mimimi, mas quem se importa? (Risos). Na minha cópia física (!), é com ela que o álbum termina e gosto muito da sensação de nostalgia que me invade quando chego ao fim da música, com vontade de começar tudo de novo.

Por fim, mas não menos importante, preciso registrar o fato de que o álbum sobreviveu à passagem do tempo de forma louvável. Não vou mentir: quando fui escutar novamente, depois de tanto tempo, para poder escrever o post, fiquei com receio de achar as músicas enfadonhas e não me relacionar mais com elas. Felizmente, o que aconteceu foi o oposto. Apesar de não ser exatamente o tipo de coisa que gosto de escutar atualmente, o álbum continua ótimo e me passa boas sensações, me faz lembrar de uma época boa da minha vida. Com certeza, vou escutar mais vezes nos próximos anos. Só fico chateada porque a banda não lançou mais nada tão bom desde então (rumores de que vão voltar esse ano, após um longo hiato e com uma nova formação; aguardemos) e, por razões que desconheço, o álbum é muito subestimado. Sério, pensa em um álbum que você coloca para escutar e TODAS as músicas são boas? Não são muitos trabalhos que me causam essa impressão e, por isso, escolhi prestigiar mais esse disco.

7 de março de 2017

As séries de 2016 | RETROSPECTIVA 2016 (parte 4)


Pois bem, o Carnaval já passou, o Oscar também, assim como o meu aniversário. Já exorcizei 2016 da minha vida. Contudo, espíritos com negócios inacabados insistem em assombrar as páginas deste inóspito espaço da world wide web, de forma que pendências ainda se fazem presentes e eu preciso fazer algo a respeito. Principalmente porque me impus o desafio de só escrever sobre as coisas de 2017 quando tiver finalizado a award season do blog. Então, sem mais delongas, senhoras e senhores, se preparem: peguem a prataria, o sal e os isqueiros e venham comigo abrir uns caixões para a gente queimar uns restos mortais! coloquem seus figurinos de gala, estourem a champagne e coloquem We are the champions para tocar! Com vocês, a quarta (e última!) parte da Retrospectiva  2016, também conhecida como a retrospectiva de séries.
Disclaimer: de forma alguma fui capaz de acompanhar todas as séries que chegaram ao catálogo da Netflix em 2016 ou as estreias da Fall Season americana. Seria uma tarefa inviável! Assim, acho importante destacar que a retrospectiva traz as séries que eu assisti em 2016 e que, de alguma forma, marcaram o meu ano e merecem algum destaque nesta singela publicação.

Séries assistidas em 2016
Black Sails (1ª e 2ª temporadas) | Downton Abbey (6ª temporada) | Marco Polo (2ª temporada) | Game of Thrones (6ª temporada) | Orphan Black (4ª temporada) | Pretty Little Liars (1ª - 6ª temporadas) | Full House (1ª - 5ª temporadas) | Fuller House (1ª e 2 ª temporadas) | Stranger Things (1ª temporada) | The Flash (1ª parte da 3ª temporada) | Supernatural (11ª temporada e 1ª parte da 12ª) | Supergirl (1ª temporada) | Gilmore Girls: A Year In a Life | Doctor Who: The Return of Doctor Mysterio (especial de Natal de 2016)

Só vi o 1º episódio, mas gostei e quero prestigiar em 2017

Não vou mentir, sou completamente vendida pra essas histórias de realeza britânica, cheias de glamour, figurinos bonitos, regras de etiqueta e vários dramas familiares. Assim, já amava a proposta de The Crown antes mesmo de começar a assistir. Aí, quando soube que o Matt Smith estava no elenco, nem pensei duas vezes antes de adicionar a série na minha grade. Chegou o fim de semana de estreia, todo mundo no meu feed do Twitter estava assistindo, comentando e amando incondicionalmente e eu...perdi a vontade de ver. Não pelo hype, mas porque a vida tem dessas mesmo. Tava mais interessada em outras séries e, apesar de ter adorado o primeiro episódio e de ter planejado assistir ainda em 2016, não deu tempo e agora a série está nas metas de 2017.

Plot rocambolesco, porém impossível de largar

Não poderia ser outra série que não Pretty Little Liars. Caso você não esteja familiarizado com a premissa desta grande pérola da TV teen norte-americana, pegue a minha mão que eu vou te explicar brevemente: cinco amigas, uma delas morre e ninguém sabe quem é o assassino. As outras começam a ser ameaçadas por uma pessoa misteriosa - possivelmente o assassino - que sabe vários segredos sobre elas, que acabam envolvidas em uma teia de mentiras para se proteger. As situações que essas garotas vivem são surreais, os adultos dessa série são os mais incompetentes da face da Terra, há uma quantidade considerável de assuntos para problematizar e nada - absolutamente nada - faz sentido. Juro juradinho que mais rocambolesco, impossível. É o tipo de série muito absurda, mas também muito divertida e que, às vezes, de tão ruim, fica boa. Apesar do plot completamente impossível, fui completamente cativada pelo squad formado por Hannah, Spencer, Aria e Emily. E também pelos dramas de suas vidas adolescentes (os que não envolvem um assassino misterioso).

Tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo

Black Sails é uma série sobre piratas do século XVIII e que, na verdade, funciona como uma prequel do clássico literário A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson. Pensei com meus botões: é uma cilada, Bino! Obviamente, comecei a assistir. Obviamente, comecei a amar. Adoro embarcar em umas canoas furadas (RISOS). Mas, na real, não há nada de embarcação fadada ao fracasso em Black Sails, muito pelo contrário. Estamos falando de uma super produção, cheia de intrigas, motins, aventura, dramas, tesouros, romances, ação, interesses desconhecidos, etc. Ou seja, tudo o que eu, entusiasta-de-histórias-de-pirata-mas-que-pouco-sei-sobre, busco nesse tipo de proposta. O mais legal é que, por meio da série, a gente consegue entender um pouco do que significava ser pirata naquela época. Muitos dos personagens tem posturas bastante questionáveis, mas quando somos apresentados às suas perspectivas, conseguimos compreender um pouco de suas ações. Várias cenas de mar azul e cristalino, um plot legal, o Capitão Flint - um personagem absurdamente complexo e cheio de camadas, exatamente do jeito que eu gosto - e uma versão jovem e malandra de Long John Silver - com quem é meio impossível não simpatizar de alguma forma.

Previsível, mas boa

A 6ª temporada de Game of Thrones, que nos agraciou com tudo aquilo que qualquer pessoa que especula um pouquinho sobre o enredo da série conseguiu prever. Ou quase isso, porque eu realmente fiquei bugada com o lance do Hodor, que de forma alguma consegui imaginar (e compreender). Ainda assim, considero a temporada uma das melhores porque 1) senti que o uso da violência foi mais equilibrado e 2) foi ótimo, pelo menos uma vez, poder ver as coisas dando certo para aqueles que a gente ama e que queremos ver felizes, né? A gente esperou muito por isso, muito mesmo! Adorei especificamente o núcleo de Winterfell - e já tô tensa pelo que virá - e do menino Bran. Também fiquei bastante grata pelo núcleo da Dany finalmente ter saído do lugar.



Bate-bola

O ship: Haleb, ou apenas Hanna Marin e Caleb Rivers para os não iniciados no fandom de Pretty Little Liars. Ainda não comecei a 7ª temporada e tô profundamente abalada pelas reviravoltas que aconteceram na temporada anterior. Aos interessados, sou Team Haleb all the way.

A season finale: Gilmore Girls: A Year In a Life, pois de forma alguma poderia estar preparada para aquelas quatro palavras. Três meses depois e continuo meio sem reação.

O personagem favorito: Dean Winchester, porque sim. Porque sempre que tem Supernatural, Dean Winchester é o personagem preferido. E não dá nem para reclamar, já que ele tá sempre (leia: sempre mesmo) disposto a se sacrificar para salvar o mundo de algum destino absolutamente terrível. Eu amo o Dean. 

A personagem que eu queria ser: Eleven (Stranger Things), pois o sonho da minha vida de criança era ser parte de uma galerinha da pesada que apronta altas confusões,  tipo os Goonies. E adoraria ter aqueles poderes doidões dela.

O mais chato: Metatron, porque qualquer personagem chato fica legal se o Metatron também estiver na lista. O nome é ridículo, ele é ridículo e, sinceramente, Supernatural só tem a ganhar com a sua saída (Chuck permita que dessa vez seja definitiva, pfvr!).

Os mais engraçados: Stephanie Tanner (Full House) e Dustin Henderson (Stranger Things), porque 2016 foi um ano tão bad vibes que só o humor ingênuo e infantil para aliviar a ansiedade. E porque eu sou besta mesmo e encontro uma graça absurda em piadas de/para crianças.

Os mais identificáveis: Dean Winchester e Jonathan Byers (Stranger Things), porque eu sou irmã mais velha e sempre me identifico com essa coisa de proteger os irmãos mais novos. E a Rory Gilmore por motivos de sou millennial.

In Memorian

Downton Abbey, que nos deixou depois de seis temporadas. E a sua despedida não foi nada abaixo do esperado: muito drama, muitas lágrimas, muitas emoções, muitas felicidades, muitas tristezas, muitas mudanças, etc. Uma das coisas que mais gosto na série é o tom realista; a gente assiste e entende que é uma série sobre a vida, com suas doses de alegrias e mazelas nem sempre proporcionais. E a última temporada só reafirmou tudo isso. Por ora, vamos dizer que é uma despedida e apenas torcer para que seja uma mentira e que os rumores de um filme sejam reais.

Marco Polo, que depois de duas temporadas e um episódio prequel especial, foi cancelada pela Netflix para a tristeza desta que vos escreve. Fico boladíssima com o fato de que jamais saberei o que será daqueles personagens depois da finale tensa da 2ª temporada. Outro aspecto que aumenta a minha tristeza é o fato de que a série foi interrompida justo agora que parecia ter se encontrado - tanto em ritmo, quanto em abordagem e exploração de personagens e universo estabelecido. Ainda tô aqui na torcida por pelo menos um filme para encerrar a história, mas acho que não vai rolar. Em todo caso, façamos um minuto de silêncio por sua morte prematura. R.I.P., Marco Polo.


A menção honrosa

Orphan Black, apenas porque esqueci dela quando pensei nas ~categorias~ da retrospectiva e precisei dar um jeito de mencioná-la, já que estamos falando de uma das minhas séries preferidas atualmente. Vejam bem, a 4ª temporada da série foi transmitida entre abril e junho do ano passado, muitas coisas aconteceram, muitas outras séries foram assistidas e a minha memória tá fraca. Ainda quero rever alguns dos momentos marcantes para me preparar para a 5ª e última temporada que estreia em breve. Por ora, apenas direi que, como sempre, Orphan Black entregou uma temporada empolgante, com várias reviravoltas, momentos de tensão e, claro, o clone club de sestras. Também teve aquela boa dose de humor e Tatiana Maslany sendo nada menos que incrível.

Orphan Black, você é ótima e merece muito mais do que esse parágrafo escrito porcamente. Prometo melhorar, não desista de mim.

A surpresa
Stranger Things, que eu não fazia a menor ideia do que era até entrar na Netflix um dia antes da estreia e ficar completamente fascinada pela proposta. Como todos, assisti a temporada completa em menos de uma semana (eu me controlei, porque dava para ver bem mais rápido) e, obviamente, fiquei obcecada. Respirei Stranger Things por meses e juro que só não assisti tudo de novo um milhão de vezes porque 1) sou uma eterna procrastinadora e 2) queria tirar o atraso de outras séries. Mas esse rewatch vai acontecer porque a série merece. Tudo, absolutamente tudo, em Stranger Things é maravilhoso (e até aquilo que não é, fica maravilhoso, pois óbvio) e me faz ficar extremamente nostálgica pelos meus tempos de pequena criança hobbit que assistia Sessão da Tarde. Adoro o núcleo das crianças (meu preferido), o núcleo dos xófens (#TeamJonathan) e o núcleo dos adultos (Winona diva da minha infância, xerife melhor xerife). Tudo na série berra Steven Spielberg e eu só queria muito que este senhor diretor se convidasse para dirigir um episódio. Sdds, filmes do Spielberg. Só tenho altas expectativas para a próxima temporada que, felizmente, foi confirmada para o Halloween de 2017.

Meu mantra
Dustin é a melhor criança 
Dustin é o melhor amigo


Quentinho no coração

Full House
e Fuller House, que me fazem sorrir e chorar com os acontecimentos da vida dos Tanner-Katsopolis-Fuller-Gibbler-Gladstone. Assim como Stranger Things, as duas séries têm aquele quê de nostalgia e acho que é por isso que elas se transformaram em uma das minhas principais fontes de good vibes em 2016. Por mais piegas que algumas cenas sejam e que tudo se revele super brega, o saldo final é sempre de conforto porque nada dá errado nessas séries. Todo mundo é feliz, todo mundo se respeita, todo mundo se ama. Todo mundo é gentil. Melhores séries.

The Flash e Supergirl, porque em tempos trevosos e cheios de amargura é preciso de um incentivo para restaurar a fé na humanidade e acho que Barry Allen e Kara Danvers são excelentes role models. É tanta tragédia e ingratidão na vida desses dois, que eu acho louvável que eles consigam ser bons. E não é apenas bondade, os dois têm uma graça, um jeito tão adorável de ver a vida que, sério, sinto vontade de abraçá-los o tempo todo e dizer que vai ficar tudo bem, que eles não precisam ser tão inseguros. Eles são incríveis.

Doctor Who: The Return of Doctor Mysterio, porque é óbvio que Doctor Who ia me deixar com sensação de quentinho no coração. E também porque ficar com o coração aquecido é a única reação possível à um episódio da série depois de sobreviver a um ano inteirinho sem acompanhar o Doutor vivendo suas aventuras no tempo e no espaço. Principalmente se considerarmos que seu retorno ocorreu com um especial de Natal e com uma história cheia de referências à super-heróis e histórias em quadrinhos. Em 2017 vai ter temporada nova, companion nova e regeneração. Já tô sofrendo por antecipação, mas com muita felicidade porque eu estava morrendo de saudades do Doutor.

A melhor, a maior (literalmente!!!), a mais importante série do ano

SUPERNATURAL
. Porque sim, porque óbvio, porque jamais poderia ser diferente. Sinceramente, acho que já deixei claro para todos que sou uma grande entusiasta da saga de Sam e Dean, mas não posso evitar: é a minha série preferida desde que eu tinha 15 anos e só no ano passado me lembrei deste fato. A série foi essencial para que eu conseguisse manter a sanidade, não só porque tem uma proposta muito boa e personagens excelentes, mas porque dá para traçar vários paralelos com a vida real. Todos nós temos nossos monstros interiores, nossos fantasmas com negócios inacabados e nossos demônios contra os quais lutar; e assim como os irmãos, a gente faz o que pode para salvar o mundo de forças sobrenaturais get out shit together.

E, claro, as temporadas da vez trouxeram plots ótimos. Gostei do tom mais épico do arco da 11ª temporada, com os irmãos precisando impedir uma ameaça de proporções bíblicas como a Escuridão e, principalmente!, o fato de Deus FINALMENTE ter dado as caras para explicar o porquê de todas as bostas com as quais precisamos lidar. Entre as minhas coisas preferidas da temporada (e da série) está a lindíssima cena com Rob Bennedict cantando Fare Thee Well. Foi incrível e eu adoro quando a série consegue me emocionar mesmo depois de tantos anos. E a 12ª temporada - que ainda está em andamento - também começou bem, lidando com o super plot twist da finale anterior, apresentando novos ~obstáculos~ na vida dos irmãos e retomando um pouco aquela atmosfera de caso da semana das primeiras temporadas, acompanhada por uma excelente escolha de músicas (a season premiere teve Solitude, do Black Sabbath!). Enfim, Supernatural é a melhor série. Sam e Dean são melhores pessoas.