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10 de agosto de 2017

Nevermore (Keith R.A. DeCandido) | Supernatural, livro #1

Quando soube que existiam romances de Supernatural, minha primeira reação foi torcer o nariz. Não sei exatamente o porquê, mas essa é sempre a minha reação ao descobrir a expansão, em uma plataforma diferente, de um universo fictício que amo. Contudo, uma vez superada a barreira do preconceito (leiam: as saudades de Sam e Dean são sempre enormes e está sendo absurdamente doloroso lidar com meu atual rewatch da 7ª temporada), fiquei bem curiosa para saber como seriam os Winchester de papel. Depois de me aventurar, venho contar o que achei da experiência.


Sobre o que é?
Aqui temos uma aventura na qual os irmãos são tirados de sua zona de conforto, e vão investigar um caso em Nova Iorque, mais especificamente no Bronx. É importante ter em mente que a história em questão ocorre durante a 2ª temporada da série e, depois de todos esses anos, demorei um pouco para reajustar a minha percepção dos protagonistas. Eles estão lidando com a recente morte de John, Sam está com o braço quebrado, Dean está o inconformado com o que o pai lhe disse antes de morrer e nós, os fãs, acabamos de ser introduzidos aos hellhounds - a trama de Nevermore se situa entre os episódios Crossroad Blues (2x08) e Croatoan (2x09) . Ou seja, era uma fase em que ainda não sabíamos as razões para os poderes psíquicos do Sam, ou qual era o verdadeiro nome do Yellow Eyed e muito menos poderíamos imaginar alguém como Castiel. Era uma fase completamente diferente. Enfim, seguindo uma pista do Ash, os meninos vão para Nova Iorque lidar com um ~simples caso de espírito~, mas acabam esbarrando com os crimes de um serial killer que se inspira nas histórias de Edgar Allan Poe.

O que gostei e o que não gostei tanto assim?
Como uma história para ser lida, Nevermore funciona bem, mas acho que não resultaria em um bom episódio para televisão. O desenvolvimento da trama é lento, cheio de passagens descritivas do Bronx e das ruas do bairro -  o que muitas vezes acaba rendendo momentos de humor com um Dean em estado de completo desespero ao tentar estacionar o Impala nas pequenas vagas -, um aspecto que pode ser cansativo em alguns momentos. 

Os casos também deixam um pouco à desejar, principalmente aquele que se relaciona com o trabalho de Edgar Allan Poe, ainda que traga ótimas referências à sua obra. Não sei se é porque já tenho ~experiência~ com histórias de investigação e/ou com Supernatural, mas já sabia quem era o culpado muito antes. Outra característica um tanto negativa é que há poucos elementos sobrenaturais na história, o que não deixa de ser um pouco problemático se pararmos para considerar a premissa da série. Ainda assim, temos o caso de fantasma que serve de pontapé para a chegada dos irmãos na cidade, mas só consigo descrevê-lo como medíocre. Por outro lado, o autor fez um ótimo trabalho de ambientação; não só dos cenários em que as coisas acontecem, mas de toda a atmosfera característica da série. De fato, parece Supernatural

Por mais que alguns possam discordar, Keith R.A. DeCandido acertou no tom das personalidades dos Winchester  - sim, o Dean da 2ª temporada deixaria o Sam dirigir o Impala pelas ruas de Nova Iorque (mas só nesse contexto e só porque ele mesmo não estava conseguindo; a única pessoa que ele deixaria dirigir Baby é o Sam!). E sim, Sam de 23 anos era um irmãozinho chato, get over it! - e, enquanto lia, conseguia escutar as vozes de Jensen Ackles  e Jared Padalecki, assim como imaginar seus trejeitos. Só que como, infelizmente, não se pode ter tudo, preciso dizer que e o autor errou feio na caracterização física dos irmãos e, convenhamos, isso é meio absurdo. O material original está aí, sabe? Uma rápida conferida em qualquer imagem dos dois já dava conta disso. 

Por fim, gostei bastante das partes em que muitos fatos sobre Edgar Allan Poe foram apresentados e, claro, as incontáveis referências musicais (tem um momento em que o Dean larga tudo para escutar o DARK SIDE OF THE MOON!!!).  O autor chega, inclusive, sugerir uma playlist para acompanhar a leitura e logo que minhas mãos começaram a coçar para montá-la lá no Spotify, descobri que alguém já o fez! Eu amo a internet! Para escutar, clique aqui. Tem muita coisa boa, gente, vale a pena!

Acho que vale a pena e recomendo?
Se você for fã de Supernatural, vale a pena sim. Principalmente se estiver à procura de uma leitura leve e descompromissada.