4 de janeiro de 2017

As Leituras de 2016 | RETROSPECTIVA 2016


Senhoras e senhores, é com muito orgulho que lhes apresento a primeira edição das premiações e retrospectivas do blog! Por aqui, a award season será dividida em etapas e hoje falarei sobre os livros que marcaram o ano de 2016. Devo ter comentado por algum lugar da internet que 2016 foi um ano meio sem graça para as mim no departamento das leituras. E foi mesmo. Foram poucas as leituras que detestei, mas também não foram muitas as que amei de verdade. De modo geral, o que predominou foi aquela coisa morna e mediana; nada empolgante o suficiente para sair berrando pelos quatro cantos do mundo na tentativa de convencer toda a humanidade a ler os livros. Foi um ano desnutrido e pensei que fosse definhar em meio a tanto marasmo. 

Hiperbolismos à parte, tentei, na medida do possível, respeitar meu momento e só li quando estava genuinamente interessada na atividade. Contudo, foi difícil me manter esperançosa depois de tanto livro mais ou menos. Ainda assim, depois de tanto 7x1, 2016 resolveu ser um pouco gentil e começou a me agraciar com algumas leituras bem divertidas, de modo que cheguei ao fim do ano concluindo uma das minhas leituras favoritas! 

Lidos em 2016

O maior livro 
Os bons segredos, com 408 páginas

O menor livro 
Distância de resgate, com 144 páginas

Aquele que não rolou:
Inferno (Dan Brown), que também não rolou em 2015. Resolvi dar uma segunda chance, mas desisti pouco antes da metade pois 1) não comprei a ~causa~, 2) estava achando muito enfadonho, 3) a escrita não estava me agradando e 4) tudo me pareceu absurdo demais - até para os padrões do Robert Langdon. Acho que não sou mais o público dos livros do autor e tá tudo bem, foi bom enquanto durou, vida que segue, tem outros livros

Não sei direito o que achei:
O fim da eternidade (Isaac Asimov). Foi o meu primeiro contato com Isaac Asimov e me arrependo um pouco da escolha. O livro, ambientado no futuro, tem uma atmosfera de mistério e vai tratar de viagem no tempo e também de realidades alternativas, de um jeito que me lembrou muito Fringe. A premissa e os conceitos são realmente muito bons, mas me incomodei com a escrita seca e desprovida de emoção do Asimov. Os personagens são muito superficiais e, realmente, prefiro nem comentar sobre a personagem feminina, já que relevei este aspecto por levar em consideração o contexto em que o livro foi publicado. Enfim, senti dificuldade para imergir na história e, por isso, rolou um estranhamento.

Agnes Grey (Anne Brontë). Talvez o momento tenha sido ruim, talvez o livro não seja tão bom ou talvez eu tenha criado expectativas. São questões. O fato é que eu tinha muita curiosidade em conhecer o trabalho de Anne Brontë e me incomodei muitíssimo com a postura hipócrita e pedante da protagonista, que é tida como o exemplo da perfeição, mas que só faz criticar tudo e a todos ao seu redor, julgando-se superior. Não seria um problema se parecesse que autora estava fazendo uma crítica, mas não acho que seja o caso.

Esperava mais:
Miniaturista. Confesso que durante toda a leitura o que mais senti foi high hopes, porque achei que iria gostar. Comecei a ler muito intrigada e interessada pelo desenrolar dos fatos, mas lá pela metade - talvez antes -, comecei a sentir que o livro seguiria por um rumo bem diferente do que eu havia imaginado no início. Basicamente, achei que seria um livro de fantasia e o que encontrei foi um dramalhão histórico com elementos de fantasia no qual nenhum dos aspectos introduzidos é bem desenvolvido, de forma que cheguei ao final da leitura sem saber o que pensar. E, nesse caso, não é um elogio. O livro até traz algumas questões interessantes e que dialogam com a sociedade atual, mas não é o suficiente para livrá-lo da minha frustração.

Senhor das moscas. Vejam bem, eu gostei muito de ter lido Senhor das moscas. É um livro riquíssimo e que me fez pensar em muitas, mas muitas coisas mesmo, sobre o ser humano, sobre o papel que a sociedade desempenha no ~controle~ de nossos instintos e sobre a natureza humana. Contudo, é um livro que eu gostei de analisar e não necessariamente de ler. Não achei a narrativa do William Golding particularmente envolvente; ela não me chamava e eu poderia ficar dias sem pegar no livro e não sentiria falta. Também não estabeleci nenhum vínculo com os personagens (ok, talvez o Simon seja a exceção, pois gostei dele). Sei lá, foi um livro que gostei, mas esperava mais. Contudo, recomendo que leiam sim, por favor.

A ilha das sete luas. Aqui temos um caso em que a encomenda saiu melhor, pois que livro péssimo, meus caros. O livro começa bem intrigante, com uma estrutura que reúne contos que ocorrem em diferentes épocas, porém  no mesmo lugar, e que parecem estar ligados, além de trazer uns elementos de fantasia e sobrenatural. Lembro de ter ficado uns dois dias bem obcecada pela leitura, porque como é que uma premissa tão ótima poderia dar errado? Pois é, deu muito errado. 

A guerra dos mundos. Em defesa do livro, digo que com certeza teria gostado se tivesse lido no século XIX, quando foi pulicado. A história de H.G. Wells é, provavelmente, a primeira sobre a invasão do nosso planeta por alienígenas. A leitura levantou algumas reflexões interessantes, porém nada inéditas para mim. Não gostei da narrativa extremamente descritiva e do ritmo absurdamente lento para uma história cheia de ação e correria. Vejam bem, faz todo o sentido que o livro seja estruturado da forma como foi para o leitor de 1898. Contudo, aos olhos atuais, achei bem enfadonho. Mas, sei lá, acho que é interessante para quem gosta de ler clássicos/clássicos da ficção científica.


Os piores do ano:

A Sereia (Kiera Cass), pois é simplesmente horrível. 

Os bons segredos (Sarah Dessen). Não vou me alongar, apenas direi que esperei ansiosamente por alguma reviravolta que justificasse o número exorbitante de páginas, mas isso nunca aconteceu, de forma que até agora não compreendi o porquê de Sarah Dessen ser considerada rainha do YA contemporâneo.  Dez meses depois, não lembro nem sobre o que é a história.

Um passado sombrio (Peter Straub).Tão ruim que não me lembro mais! Não costumo ler livros de terror porque, sinceramente, nunca tive o interesse em ler histórias do gênero. Mas em 2016 resolvi arriscar e confiar em uma recomendação do Stephen King. O livro tem uma estrutura não linear que funciona para criar suspense, que é um elemento importante para a história. Só que o autor enrola tanto para chegar a algum lugar, que a narrativa fica chata e prolixa e, sinceramente, me fez perder o interesse. O final foi péssimo, não valeu a pena o esforço e gostaria de ter abandonado. Não recomendo.

***

Bate-bola de personagens

Personagem masculino mais apaixonante: Luke Skywalker, de Star Wars - Herdeiro do Jedi (Kevin Hearne)

Personagem feminina que queria ser: Amani Al'Hiza, de A rebelde do deserto (Alwyn Hamilton), porque a achei interessante, meio ~mística~, forte e, de forma geral, badass. Também não me importaria de ser a Nakari Kelen, de Star Wars: Herdeiro do Jedi, pois adoraria muitíssimo viver altas aventuras no espaço e combater o Império ao lado do Luke.

Personagem mais chato: são tantos, mas irei me ater ao ~guru espiritual~ de Um passado sombrio, cujo nome já não me recordo. Odiei o livro.

Personagem mais identificável: Cath, de Fangirl (Rainbow Rowell)

Achei que ia detestar, mas adorei:
A rebelde do deserto (Alwin Hamilton). Não costumo gostar de séries YA de fantasia, porém como lidava com a ressaca, me dispus a encarar qualquer coisa que me interessasse e me mantivesse presa às páginas. Por ser apenas a introdução de uma história, alguns elementos não são muito explorados. Ainda assim, gostei bastante dos personagens e do universo que a autora criou. A sequência, que será publicada no primeiro semestre deste ano, é muitíssimo aguardada por mim.

As crônicas de amor e ódio (Mary E. Pearson). Apesar do título tosco em português, gostei muito dos dois volumes da trilogia. O universo criado pela autora é bem construído, os personagens principais são bem desenvolvidos e a forma como a história é conduzida é bem envolvente. Gostei mais do primeiro do que do segundo, que achei meio lento no início, mas a história como um todo foi uma das melhores que li em 2016 e já quero o último livro. Acho interessante mencionar que os dois livros têm mais ou menos 400 páginas cada um e o fato de ter conseguido lê-los de forma contínua por dias foi bem louvável.

O mais diferente:
Distância de resgate, pois estou até agora sem saber muito bem como assimilar a história. O livro relaciona agrotóxicos com drama familiar (eu juro que faz sentido) de um jeito emocionante e que, ao mesmo tempo, dá medo. Tão assustador e envolvente, que virei a noite lendo porque não conseguia largar. A forma como tudo é contado é tão intrigante que logo na primeira página já me senti fisgada.



Os melhores do ano:


Fangirl (Rainbow Rowell). Falei tudo o que pensei e senti sobre o livro neste post, mas resumindo: me senti abraçada e compreendida e meu coração se aqueceu. Os sentimentos, meus caros, são os únicos fatos.

Norwegian Wood (Haruki Murakami)Uma mistura de coming of age e soco no estômago escrita de forma muito bonita e que me fez desejar ler tudo o que o Murakami já escreveu. É uma leitura melancólica e angustiante, total ~bad vibes~. Ainda que tenha me incomodado um pouco com a quantidade de ~sexo aleatório e sem propósito algum~ e com a forma como o autor construiu e apresentou as personagens femininas, gostei da história e das reflexões que fiz enquanto lia.

Em algum lugar nas estrelas (Clare Vanderpool). O livro mistura aqueles que, provavelmente, são os elementos que mais gosto em histórias: amizade, aventura e uma ~missão~. Se tiver cara de filme da Sessão da Tarde e crianças como protagonistas, melhor ainda. Tudo, absolutamente tudo, nessa leitura me fascinou. Gostei da narrativa, das metáforas, das histórias paralelas, dos plot twists, dos elementos de fantasia (?), do desenvolvimento dos personagens, das referências culturais, tudo. Livro amorzinho e que aquece o coração. 

Confissões do crematório (Caitlin Doughty). Também conhecido como um dos livros que mais me incomodou e me fascinou no ano de 2016. E possivelmente em toda a minha vida. Acompanhar as aventuras e desventuras de Caitlin Doughty quando trabalhava em uma agência funerária foi um prazer, mas também foi um tormento. É um livro interessante e que parte da premissa de que nossa sociedade vive em negação da morte e, por isso, a esconde. Contudo, a morte é a única certeza que temos na vida desde o instante em que nascemos e, por isso, deveria ser mais abordada. Assim, o que a autora tenta fazer é desmistificar o assunto e, para isso, relata suas experiências como operadora dos fornos de um crematório. Ela também fala sobre como a morte é/era encarada por diferentes culturas ao longo dos séculos e abriu os meus olhos para a chamada indústria da morte. Achei algumas descrições, como o que acontece com os corpos quando estão dentro dos fornos ou o processo de embalsamamento, um tanto gráficas e, por isso, senti desconforto. Mas acho que essa era justamente a intenção da autora. Leiam, por favor.

Star Wars: Herdeiro do Jedi (Kevin Hearne). Terminar o ano com essa leitura foi tudo o que eu precisava para me despedir de 2016 com uma nova esperança (ba-dum-dum-tss). Quer dizer, jovem Luke Skywalker em uma missão para a Aliança Rebelde, lutando contra o Império, sem saber muito bem o que será de sua vida, tentando compreender a Força e flertando de forma assustadoramente ruim. COMO NÃO AMAR? Eu nasci para ler esse livro e é pra esse tipo de coisa que eu vivo. Adorei muitíssimo a forma como Kevin Hearne deu voz ao Luke, que é o narrador, sem descaracterizar o personagem já conhecido por todos nós. Por mais que eu ame o Luke-Jedi, não consegui não sorrir ao me lembrar do Luke moleque deslumbrado que só quer ser piloto da Aliança Rebelde e entender como seu pai ~morreu~. Ele é adorável. ❤ 

Além disso, a história é realmente boa. É uma aventura, cheia de ~cenas de ação~ no espaço, com armas de laser, naves espaciais, ameaças imperiais, aquela sensação de não saber em quem confiar porque tá rolando uma guerra, luas exóticas habitadas por seres perigosos, planetas e espécies diferentes, uma coadjuvante incrivelmente badass, R2-D2, sabre de luz, a Força...sério, esse livro! No momento, só torço para que Kevin Hearne continue escrevendo mais histórias com o Luke. E, claro, fiquei curiosa para ler outros livros do universo de Star Wars.