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21 de dezembro de 2018

reputation (Taylor Swift, 2017)

21. O álbum que você mais ouve

Em 10 de novembro de 2017, Taylor Swift nos agraciou com o seu sexto álbum de estúdio, reputation, e desde então, meu coração bate em preto e branco e meus sentimentos se escrevem em fonte de jornal. Pelo que pude observar, lançamentos musicais do mundo pop costumam ser ansiosamente aguardados e com reputation não foi diferente; principalmente, se considerarmos todo o contexto da narrativa swiftiana naquele período. Após meses isolada da imprensa, descansando sua imagem, abandonando as redes sociais e se recuperando do Famousgate - o maior escândalo pop de 2016 -, nossa melhor amiga famosa ressurgiu das cinzas e entregou o único álbum que poderia ter feito em tais condições. Acho que podemos concordar que reputation não é o melhor álbum de sua carreira, mas é o álbum que ela precisava fazer. E o fez de forma louvável, com músicas gostosas, contagiantes e que continuam a nos mostrar o seu talento como letrista. Em seu review do álbum, Bruno Di Maio, classificou reputation como um "primo dark do 1989" e eu gosto dessa definição. Sonoramente falando, o álbum continua a beber das fontes do pop e do synthpop e acho que o maior diferencial é o electropop, que o faz soar mais atual em relação ao seu antecessor. 




Mas, mais que isso, gosto de pensar que em 1989, Taylor olha para o mundo como alguém cheia de sonhos, que ainda carrega alguma ingenuidade da juventude e desconhece o impossível. Ela parece não se levar tão a sério e quer apenas se divertir. Tudo é marcado por cores em tons pastel e neon. Festas e amizades. Um álbum amado pelos fãs, aclamado pela crítica e premiado por quem premia discos. No auge de seus 26 anos, Taylor Swift, que já havia sido a pessoa mais jovem a ganhar um Grammy de álbum do ano, se tornou também a primeira mulher a levar o troféu para casa duas vezes. Ela estava no topo e fez questão de ressaltar para todos que a diminuíram, desacreditaram e tentaram levar o crédito por seu trabalho que chegou ali por mérito próprio e com muito esforço. Parecia o ponto final na história de perseguição que protagonizou por tantos anos; mas como sabemos, foi apenas o desfecho de um capítulo e o pior ainda estava por vir.




Não vou entrar nos pormenores do Famousgate, a internet está aí para quem quiser relembrar, mas basta saber que o ocorrido alterou o curso da carreira da Taylor. Pouco antes do escândalo, ela começou com suas sutis alterações de visual - que, como logo percebi, costumam indicar para onde o novo som está caminhando - e os fãs estavam em polvorosa especulando o que viria. Meu palpite era que Taylor nos daria um disco de pop rock meio anos 90. Inclusive, ainda sonho com isso. De qualquer forma, nossos planos foram frustrados e nossa amiga foi reintroduzida na narrativa da qual nunca quis fazer parte, o que resultou em seu completo desaparecimento durante meses. Até que ela resolveu retornar com o álbum mais desconexo de sua carreira.

Particularmente, tenho um carinho especial pelo reputation, já que foi o primeiro disco que acompanhei desde o lançamento do primeiro single. A Taylor dessa fase também é a minha preferida. É uma Taylor que despencou do topo, que viu seu mundo desabar e resolveu continuar. Gosto da postura que ela adotou, se mostrando uma pessoa que aprendeu com seus erros, mas que também não se arrepende de tê-los cometido. E também não se sente mal por pensar assim e muito menos irá pedir desculpas por isso. Basicamente, a Taylor Swift de reputation viu o fundo do poço e, por não ter mais nada a perder, ligou o f*da-se para o que vão pensar dela - uma vez que percebeu que não pode controlar o que as pessoas fazem de sua imagem -, matou a old Taylor e se permitiu dizer adeus aos filtros de "boa moça". Como resultado, encontramos uma pessoa amadurecida e, ainda que magoada, fortalecida e bastante humana. De forma geral, acho que o grande trunfo do reputation é capturar este período de transição pelo qual ela está passando, no qual reconhece que está na hora de entregar as chaves do reino pop para outra pessoa, e nos preparar para o que está por vir. 



Ao todo, reputation traz quinze faixas que, em sua maioria, irão tratar de temas já recorrentes na obra de Taylor Swift, como sentimentos e relacionamentos. A novidade se encontra na maneira como ela aborda esses temas, apresentando uma perspectiva do presente, na qual os sentimentos e situações retratados são aqueles que ela estava vivendo no momento em que estava compondo. Assim, é quase seguro dizer que não há música dedicada a algum ex-lover (ainda que algumas possíveis referências possam existir), o que, por sua vez, não é o foco do álbum. Há também algumas doses ocasionais de indiretas para a mídia e àqueles que lhe atacaram nos últimos tempos, o que poderia ser encarado como imaturidade, mas, por outro lado, não é como se ela pudesse fazer um álbum inteiro e "se esquecer" de responder as críticas que recebeu, né? Quanto à maneira como as faixas foram organizadas, há uma teoria entre os fãs de que a primeira metade nos mostraria a nova Taylor, uma versão da cantora que não é necessariamente a verdadeira, mas é a que ela adotou nessa nova fase. A segunda metade nos apresentaria a old Taylor, aquela que amamos, queremos de volta e sabemos que não morreu, está apenas adormecida. Não faço a menor ideia se isso é real e já que nessa fase a Taylor não está dando entrevistas, acho que nunca saberemos. Sinceramente, não sei o que pensar. 

No mais, ressalto novamente que tenho muito carinho por reputation, que se tornou o álbum mais executado no meu Spotify no último ano e já ocupa a sexta posição no top 10 of all time do meu Last.Fm. Se isso não for poder, eu não sei mais o que é. Assim, sem mais delongas, é hora de um breve faixa-a-faixa. Are you ready for it?

TRACK BY TRACK 


..Ready For It?
Nem vou mentir: nas primeiras vezes que escutei, achei essa música estranha e com uma estrutura pouco convencional e bem esquisita. Porém, não demorou muito para me apaixonar completamente pelo refrão e hoje, já acho que é muito icônica. Definitivamente, a melhor faixa de abertura de um álbum da Taylor.
Trecho digno de nota: And he can be my jailer, Burton to this Taylor / Every lover known in comparison is a failure / I forget their names now, I'm so very tamed now / Never be the same now

End Game
Feat. com Ed Sheeran e Future que achei bem qualquer coisa quando o álbum saiu e hoje sigo meio indiferente. De forma geral, achei bem genérica e duvido que alguém ainda ache inovador colaborações de artistas pop com artistas de outros gêneros, mas segue o baile. Quando penso nessa música, penso que 1) Tay Tay é bem versátil e 2) a teoria dos fãs sobre old e new Taylor faz sentido. No mais, não pulo a faixa, mas fico contando os minutos para a próxima.
Trecho digno de nota: I don't wanna hurt you, I just wanna be / Drinkin' on a beach with you all over me / I know what they all say / But I ain't tryna play

I Did Something Bad
Provavelmente, a melhor música do álbum todo (são questões). O que mais gosto aqui é a sinceridade de quem não poderia se importar menos com o que dizem sobre suas atitudes e muito menos se acham que o que fez não foi algo legal. Afinal, se é algo ruim, então porque ela se sente tão bem? Muito triste que a era reputation está chegando ao fim e essa belezinha não foi single.
Trecho digno de nota: If a man talks shit, then I owe him nothing / I don't regret it one bit, cause he had it coming
Trecho digno de nota 2: They're burning all the witches, even if you aren't one / So light me up

Don't Blame Me
Minha primeira favorita do álbum, tanto pela sonoridade bem diferente e com ares de Lana Del Rey e Hozier (?), quanto pela forma como ela fala sobre como ama. Taylor Swift está completamente apaixonada e não acha justo que a culpem por seus sentimentos e por não querer escondê-los. Afinal, não é isso que a gente faz quando amamos muito? Muito triste que a era reputation está chegando ao fim e essa belezinha não foi single [2].
Trecho digno de nota: And, baby, for you I would fall from grace / Just to touch your face / If you walk away / I'd beg you on my knees to stay / Don't blame me, love made me crazy /If it doesn't, you ain't doing it right / Lord, save me, my drug is my baby / I'd be using for the rest of my life

Delicate
Essa foi ganhando o meu coração aos poucos, de um jeitinho todo especial e ~delicado~. O que mais gosto aqui é a vulnerabilidade da Taylor. É uma música que mostra o isolamento e a solidão que acompanham a fama e, no caso da Taylor, como deve ser difícil manter qualquer tipo de relacionamento quando se faz tanto sucesso a ponto de a sua reputação te preceder. A batida é uma delicinha e é o tipo de música que dá pra escutar em loop sem cansar.
Trecho digno de nota: My reputation's never been worse, so / You must like me for me




Look What You Made Me Do
Eu simplesmente ODIEI essa música quando escutei pela primeira vez e só fui considerar a possibilidade de que ela não fosse um completo show de horrores depois de assistir ao clipe - que, por sinal, é um baita clipe -, que me fez considerar a possibilidade de que tudo não passava de uma zoeira, um pastiche. Hoje, não sei muito bem se gosto dela ou se apenas me acostumei depois de tantas execuções no Spotify. De qualquer forma, o que temos aqui é Taylor Swift entregando ao povo o que povo quer: polêmica, indireta e referências que possibilitem interpretações e criações de teorias. Tudo isso sem perder a chance de se colocar em uma posição de vítima - um ato absurdamente calculado, diga-se de passagem. No fim, acho que dá pra dizer que essa música é do tipo ruim-boa: de tão péssima, fica excelente.
Trecho digno de nota: "I'm sorry, the old Taylor can't come to the phone right now" / "Why?" / "Oh, 'cause she's dead!" ICÔNICO

So It Goes...
Essa é uma daquelas que achei pouco memoráveis até me dar conta de que já sabia cantar a letra do começo ao fim. Ainda assim, sempre demoro para perceber quando é ela que está tocando. Na letra, Taylor fala sobre um encontro de duas pessoas em um bar e os flertes que levam a uma noite de sexo casual, acho. Ela não fala isso diretamente, mas faz referências a estar sozinha com a pessoa no escuro, batom espalhado no rosto do boy e arranhões nas costas dele. You go, girl! Good for you!
Trecho digno de nota: You know I'm not a bad girl, but I do bad things with you

Gorgeous
Amei desde a primeira vez que escutei, pois é o tipo de música que me faz ter a certeza de que a old Taylor não morreu e apenas tirou umas férias. Aqui, nossa melhor amiga famosa vai falar de como é difícil lidar com a situação de encontrar a famigerada crush e perder completamente controle e o foco, se tornando incapaz de agir de forma normal. É tudo bem besta, mas quem nunca?
Trecho digno de nota: You've ruined my life, by not being mine / You're so gorgeous / I can't say anything to your face / 'Cause look at your face

Getaway Car
Essa aqui também foi uma das minhas primeiras preferidas do álbum. Gosto de como aqui tudo é bem visual. Assim, toda vez que escuto, assisto a um filme na minha cabeça, no qual Taylor fala de um relacionamento que, desde o início, ela já sabia que não ia dar certo. Não fica muito claro o porquê, mas fica claro que o relacionamento não era algo considerado certo. Teorias especulam que o ex-lover da música seria o Tom Hiddleston, com quem nossa amiga teria escapado de uma festa quando ainda namorava Calvin Harris. Muito triste que a era reputation está chegando ao fim e essa belezinha não foi single [3].
Trecho digno de nota: We were jet-set, Bonnie and Clyde / Until I switched to the other side / It's no surprise I turned you in / 'Cause us traitors never win

King of My Heart
Há poucas semanas, eu diria que essa era a música mais desnecessária do álbum, uma vez que absolutamente nada nela havia chamado a minha atenção. Porém, um belo dia, ela me ganhou. Acho que é um daqueles casos em que a gente tem que esperar o momento certo. De qualquer forma, se ainda não havia ficado claro até aqui, Taylor mostra mais uma vez que está apaixonadíssima pelo boy, que chegou aos poucos e, de repente, se transformou no dono do seu coração. É tudo bem fofo.
Trecho digno de nota: Is this the end of all the endings? / My broken bones are mending / With all these nights we're spending / Up in the roof with a school girl crush / Drinking beer out of plastic cups / Say you fancy me, not fancy stuff / Baby, all at once, this is enough

Dancing With Our Hands Tight 
Tá, essa aqui eu meio que ignoro e não tenho muita opinião a respeito. É boa, combina com a sonoridade e as temáticas do álbum. De forma geral, sinto que aqui ela está falando, mais uma vez, sobre como é difícil se relacionar quando os holofotes estão sempre apontados para você. Sei lá, acho que é isso.
Trecho digno de nota: I'm a mess, but I'm a mess that you wanted

Dress
Mais uma bem visual, mas com letra misteriosa. Taylor fala sobre estar apaixonada por alguém que não quer que seja apenas um amigo. Ela discorre também sobre encontrar essa pessoa em eventos e multidões sem nunca levantar suspeitas. Acho que ela está falando do Joe Alwyn.
Trecho de letra: And if I get burned, at least we were electrified / I'm spilling wine in the bathub, you kiss my face and we're both drunk / Everyone thinks that they know us, but they don't know nothing about




This Is Why We Can't Have Nice Things
Aqui, mais uma vez, Taylor Swift dá ao povo o que o povo quer; no caso,  uma música com indiretas para Kanye West. Tudo nessa letra mostra o lado ~vingativo~ de nossa amiga, que obviamente não perderia a oportunidade de transformar os limões de sua vida em limonada. Gostaria de apontar para a possibilidade de ela também estar dedicando a música à mídia. Muito triste que a era reputation está chegando ao fim e essa belezinha não foi single [4].
Trecho digno de nota: It was so nice being friends again / There I was giving you a second chance / But you stabbed my back while shaking my hand / And therein lies the issue / Friends don't try to trick you / Get you on the phone and mind-twist you

Call It What You Want
Essa aqui foi uma das últimas a serem divulgadas antes do lançamento do álbum e foi com ela que eu me tranquilizei, sabendo que o reputation seria muito bom. A música é mais tranquila e acho que funciona bem, já caminhando para o desfecho do disco. A letra é também uma das mais sinceras e vulneráveis, na qual Taylor discorre sobre estar vivendo um momento muito ruim em sua vida, mas  coloca os fatos em perspectiva e sinaliza que tudo isso pouco importa porque no fim do dia, Joe Alwyn (acho que podemos considerar que todas as letras loucamente apaixonadas do álbum são para ele, certo?) a ama por quem ela é, com todas as suas qualidades - positivas e negativas - e isso a deixa feliz. É bem fofa, uma das minhas preferidas.
Trecho digno de nota: Bridges burn, I never learn / At least I did one thing right / I did one thing right / I'm laughing with my lover, making forts under covers / Trust him like a brother, you know I did one thing right / Starry eyes sparklin' up my darkest night




New Year's Day
Uma baladinha simples de piano, mas carregada de significados. Taylor encerra o disco encerrando também um capítulo de sua vida e indicando o início de algo novo. Ao mesmo tempo, ela fala sobre a importância de se apegar às memórias em momentos de dificuldades, o que soa um pouco como um pedido aos fãs - meio como se dissesse, "hey, eu sei que estou distante e sei que nem tudo no disco soa como eu, mas eu preciso desse espaço e desse tempo para mim. Vocês podem me esperar?". Por fim, ela fala também sobre estar com alguém que não só participa da sua festa de ano novo, quando tudo está lindo, mas também te ajuda a limpar toda a bagunça no dia seguinte. Novamente, é muito fofo. Se for rolar um clipe de turnê para encerrar a era reputation - e tem que rolar! - a música tem que ser essa, Tay Tay!
Trecho digno de nota: Please don't ever become a stranger whose laugh I could recongnize anywhere

19 de dezembro de 2018

As músicas que (talvez) mais ouvi em 2018


Passamos da metade de dezembro e, finalmente!, falta pouco para nos despedirmos de 2018. Assim, respeitando a tradição (?), hoje vou fazer aquela listinha com as dez músicas que talvez mais ouvi nesse ano que já vai tarde. Mais uma vez, montei a lista com base na playlist de mais tocadas criada pelo Spotify e nas estatísticas do Last.Fm. E, para refrescar a memória, eis as regrinhas: não posso repetir artista e também não posso repetir as músicas dos anos anteriores. Assim, sem mais delongas, peguem seus fones, segurem na minha mão e vamos relembrar os greatest hits do meu 2018!

A única que eu sabia que estaria na lista. Desde que escutei pela primeira vez, em abril (acho), já sabia que ela se tornaria a Música do Meu Ano, pois muito ótima e muito feita para mim. Atualmente, é a minha preferida do James Bay.

Adoro. Minha preferida dos Jacksons. Uma das minhas preferidas dos anos 80. Estou sempre escutando e acho que todo mundo deveria fazer o mesmo, pois essa música é uma belezinha que merece muito ser redescoberta.

Sempre gostei dessa música, mas acho que em 2018 - ano em que respirei MJ - ela ganhou um significado ainda maior para mim por ser uma das que ele mais gostava, além de ser um baita rockão. Não sei como ela acabou meio esquecidinha depois de todos esses anos, pois acho que merecia lugar de destaque junto com todos os demais sucessos de Vossa Majestade.

EU AMO ESSA MÚSICA, minha primeira preferida do reputation. Logo, faz sentido que eu tenha escutado - e continue fazendo isso - de forma exaustiva durante os últimos 12 meses ou mais. Tay Tay mandou muito bem com essa belezinha ♥.

Confesso que, apesar de saber que Scorpions seria a banda do meu 2018, não imaginava que a música que mais ouvi deles seria essa. Ainda assim, fico feliz que ela esteja aqui, já que é uma das minhas preferidas da banda. Gosto da melodia, da mensagem e da sensação de esperança que ela me transmite. Escutei tanto a versão original, quanto a versão acústica ao vivo com a participação do Morten Harket.
Fiquei surpresa quando vi que essa música entrou para a lista, já que só comecei a escutar o disquinho dela há pouco mais de um mês. Porém, só me surpreendo por esse motivo mesmo, já que a tenho escutado praticamente todos os dias. Definitivamente, a minha preferida do álbum e do The Rasmus.

Amei desde a primeira vez que escutei e como revivi meu amor pelo Dangerous Woman durante alguns meses, essa aqui foi bastante tocada. Lamento que ela não tenha sido single, pois muito boa.

Bom, escutei bastante a minha playlist nostálgica dos anos 80, então acho que faz sentido essa música estar aqui. É uma boa música, com uma batida gostosinha, o tipo que a gente não se cansa. Ainda assim, não sabia que tinha escutado tanto.

Se em 2018 finalmente entendi o hype de The Weeknd, a culpa é dessa música, porque se não tivesse gostado, não teria continuado a escutar o álbum. Tudo nessa música é ótimo! A introdução meio misteriosa, a batida gostosinha, a voz delicinha, o refrão que fica na cabeça sem enjoar, a letra...muito boa essa música.

Acho que essa foi a minha primeira preferida no novo disco do Shawn Mendes e, talvez, por isso eu tenha escutado mais que as outras. Não chega a ser a melhor desse post, mas fico feliz que tenha entrado para a lista.

***

Menção honrosa:
Uma das que mais gostei de escutar em 2018. É ótima e merece ser prestigiada.


10 de dezembro de 2018

O Homem do Terno Marrom (Agatha Christie) | Coronel Race, livro #1

Publicado em 1924, O homem do terno marrom é um livro um pouco diferente de Agatha Christie. Na história, somos apresentados à Anne Beddingfeld, uma jovem à procura de mais emoções em sua vida e que, após a morte de seu pai, investe toda a sua herança na realização de seu sonho. 

Depois de presenciar um acidente fatal em uma estação de trem, seguido pela chegada de um sujeito intrigante em um terno marrom, Anne acaba envolvida em uma aventura cheia de perigos que a levará até a África do Sul em uma viagem de navio, onde muito da história ocorre. Ao que tudo indica, o caso da estação de trem tem ligação com o famoso "Coronel", o perigoso líder de uma quadrilha criminosa, cuja identidade real ninguém conhece.

É por meio da narrativa envolvente de Anne que acompanhamos o desenrolar da história e, claro, da investigação. Também temos a perspectiva de outro personagem, que ocorre por meio de trechos de seu diário. Gostei bastante desse recurso, pois senti que proporciona uma visão maior dos acontecimentos, além de de deixar a leitura mais intrigante e divertida. 

Os personagens também são bem legais e quero destacar três: Suzanne - adorei como ela se torna amiga de Anne e se envolve nas investigações -, Sir Edward - o senso de humor dele me fez dar risada alto e sozinha enquanto lia - e o coronel Race - que não é o Coronel criminoso da história, mas um agente do serviço secreto britânico. Ele é um personagem recorrente em outros livros da autora e foi em O homem do terno marrom que fez a sua estreia. Gostei de poder conhecê-lo pelos olhos de Anne e fiquei curiosa para ler mais histórias com o personagem.

Por ser uma releitura, fiquei bastante surpresa com essa segunda experiência com a história, já que parece um livro completamente diferente do que li em 2015. E isso me fez pensar mais uma vez no quanto o momento certo é essencial e precisa ser sempre levado em consideração. Lembro de ter achado o livro bem sem graça, o que me fez considerá-lo uma das minhas maiores decepções naquele ano. Dessa vez, tenho certeza de que O homem do terno marrom foi um dos melhores que li em 2018. Ainda que o mistério não seja o mais engenhoso (basta prestar atenção para descobrir tudo antes da revelação), a leitura vale pela história e, principalmente pelos personagens. Anne é uma excelente heroína e fico triste por saber que esse foi o único livro com ela. Seria bem legal poder acompanhar mais de suas aventuras. Também senti que experiência foi bastante visual. Agatha nos faz viajar até a Cidade do Cabo junto com Anne e, junto com ela, ficamos encantados pelos cenários. É uma delícia poder sair um pouco de Londres e das casas de campo. Adorei esse lado mais aventureiro/explorador da autora.

Por fim, acho que dá pra dizer que O homem do terno marrom, mesmo trazendo vários dos elementos marcantes das histórias de Agatha, é mais um livro de espionagem do que de detetive. É também uma mistura de várias coisas: tem aventura, tem mistério, tem humor, tem romance, tem confusão mirabolante e nem tudo é exatamente o que parece. Leitura recomendada! 




3 de dezembro de 2018

O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)



Em O Planeta dos Macacos, Pierre Boulle nos apresenta a história de três astronautas que, em uma expedição espacial, encontram o planeta Soror, que é bastante semelhante ao nosso; com clima e condições favoráveis à vida humana. Contudo, nem tudo é o que parece. Os humanos que ali vivem são selvagens dominados por macacos.

Ulysse Mérou, um dos integrantes da expedição e o narrador da história, é capturado por um grupo de gorilas e levado para uma cidade desenvolvida, onde é aprisionado em um laboratório para ser estudado. O fato de se distinguir dos demais humanos por estar vestido e demonstrar um comportamento civilizado intriga os macacos, que o submetem à experimentos para testar sua inteligência.

Ao acompanharmos a narrativa de Ulysse, passamos a compreender como a sociedade símia é estruturada e, aos poucos, também passamos a enxergar semelhanças com a nossa, o que nos leva à uma série de reflexões acerca da humanidade. "O que nos torna humanos?", "somos tão diferentes dos animais?" e "quem são nossos reais inimigos?" são algumas das questões levantadas pelo autor com o intuito de instigar o pensamento do leitor.
Em tempos de tecnologias tão intrinsecamente arraigadas ao cotidiano do homem, a ficção científica é o gênero do momento. Obras do passado merecem ser resgatadas e preservadas, como testemunho da genialidade de autores visionários como Pierre Boulle. As realidades propostas por esses autores, sejam elas robôs, máquinas incríveis, macacos ou alienígenas, nos fazem perceber - e contestar - nossa própria humanidade, colocando-nos na perspectiva necessária para melhor compreendermos questões atemporais a respeito de nós mesmos. (Trecho do prefácio, pág.11) 

De todos os pontos apresentados, o que mais chamou minha atenção foi a questão dos estudos e testes com outras espécies. É fácil se sentir ultrajado e revoltado ao ler sobre as situações pelas quais Ulysse é submetido, mas uma rápida pausa para refletir nos leva à um sentimento incômodo misto de vergonha e hipocrisia. Afinal, não é isso que fazemos aos animais? Assim, será que somos tão diferentes dos monstros símios de Boulle, que enxergam humanos como uma subespécie e os caçam por diversão? Hoje esse tipo de questionamento está em pauta, mas imagino que tenha sido algo bem inovador em 1963, quando o livro foi publicado.

A narrativa é bastante envolvente e os capítulos são curtos, o que faz com que a leitura seja fluida e rápida. Além disso, há uma atmosfera de mistério que prende a atenção do leitor até o desfecho, com sua reviravolta de tirar o fôlego. É, sem sombra de dúvidas, uma leitura que permanece atual e, por isso, muito válida. Com certeza, um dos maiores clássicos da ficção científica. 

Porém, preciso ressaltar que mesmo tendo gostado da leitura, não sinto que o livro teve um impacto muito forte para mim. Muito disso se deve ao fato de já ter assistido a alguns filmes da franquia. Ainda que o livro de Pierre Boulle tenha inspirado apenas o filme de 1968 e o desfecho seja diferente (mas não muito), sinto que perdi o elemento surpresa fundamental para aquele efeito que faz a cabeça explodir, sabem? Também fiquei na dúvida se o final não seria o mesmo apresentado na adaptação de Tim Burton, lançada em 2001 - faz anos que assisti, então não recordo muito bem. 

Ainda assim, gostei de ter lido e fico feliz por finalmente poder riscar O Planeta dos Macacos da minha lista de leitura. Ah, e recomendo o livro para todos.

Em tempos de tecnologias tão intrinsecamente arraigadas ao cotidiano do homem, a ficção científica é o gênero do momento. Obras do passado merecem ser resgatadas e preservadas, como testemunho da genialidade de autores visionários como Pierre Boulle. As realidades propostas por esses autores, sejam elas robôs, máquinas incríveis, macacos ou alienígenas, nos fazem perceber - e contestar - nossa própria humanidade, colocando-nos na perspectiva necessária para melhor compreendermos questões atemporais a respeito de nós mesmos.

26 de novembro de 2018

A Redoma de Vidro (Sylvia Plath)

A edição em que li foi uma anterior lançada pela editora.


Depois de anos colocando A Redoma de Vidro na minha TBR apenas para chegar ao fim de doze meses sem sequer ter olhado para o livro na estante, finalmente posso dizer que li. Já tinha escutado muitos elogios à obra, que sempre aparece naquelas listas de melhores-livros-de-todos-os-tempos-que-você-precisa-ler, e como já esperava, contrariei meus próprios conselhos e criei expectativas. Algo me dizia que eu iria amar essa leitura e eu não podia conceber a ideia de estar enganada. Felizmente, não estava e esse livro é mesmo tudo isso que as pessoas dizem. Amei muito e se tornou facilmente um dos meus livros preferidos.

O livro foi publicado em 1963, pouco tempo antes de Sylvia Plath cometer suicídio, e tem um teor bastante autobiográfico. Conhecemos Esther Greenwood, uma jovem universitária que parece estar vivendo o melhor momento de sua vida; após entrar em uma univeridade de prestígio, ela consegue um estágio de verão em Nova Iorque, onde irá trabalhar em uma revista feminina. Tudo parece perfeito: ela tem amigos, frequenta os melhores lugares, está sempre em contato com cultura e, de forma geral, as possibilidades para o seu futuro parecem infinitas.

Porém, essa realidade de sonhos logo se torna um pesadelo, no qual Esther se afunda, aos poucos, em uma depressão. O fato de a história ser narrada pela própria protagonista torna tudo mais próximo, real e angustiante. É desesperador perceber como uma pessoa vai lentamente sendo consumida por uma doença que não era diagnosticada corretamente e nem tinha um tratamento apropriado. O sentimento aumenta ao considerarmos o que aconteceu com a autora.

Ao lado de O apanhador no campo de centeio, o livro é considerado importante por abordar a adolescência como uma fase de transição para a vida adulta - repleta de transformações, dores, dificuldades e experiências que resultarão no amadurecimento do protagonista- e é possível observar algumas semelhanças. Esther e Holden Caulfield têm o mesmo jeito crítico de observar as situações e as pessoas ao seu redor, tecendo comentários ácidos; e ambos enfrentam um colapso.

Porém, mais de uma década separa as obras e sinto que Sylvia Plath abordou a saúde mental de forma muito mais direta, tocando também na situação delicada que jovens mulheres viviam naquela época, pouco antes das revoluções culturais e sociais do fim dos anos 1960. Eram jovens que enfrentavam a difícil (e injusta) escolha entre suas famílias e suas carreiras. Não era possível ter as duas coisas e essa percepção, resultado de imposição social e repressão, inegavelmente trouxe traumas. O que mais me surpreendeu foi perceber o quanto a leitura permanece atual. Mesmo que hoje encontremos mais abertura para falar sobre saúde mental, ainda não falamos o suficiente e muita gente sequer consegue enxergar o quanto ela é negligenciada.

Cinquenta e cinco anos depois, A Redoma de Vidro permanece uma leitura relevante e necessária. Recomendo para todos, mas acho importante alertar que o livro pode causar desconforto. Como mencionei, é uma leitura angustiante e, talvez, seja um gatilho para algumas pessoas. Assim, meu conselho é guardar a leitura para um momento em que você esteja bem. Ler é sempre importante, mas mais importante ainda é a nossa saúde, combinado?


Esta leitura também faz parte do desafio The Rory Gilmore Reading Challenge.

20 de novembro de 2018

The 80's Nostalgia - Vol. 2: mais músicas para sentir saudades da década que não vivi, mas considero pakas


#01 Be With You - The Bangles
#02 New Sensation - INXS
#03 Somebody's Watching Me - Rockwell, com participação de Michael Jackson)
#04 Run To You - Bryan Adams
#05 Seven Wonders - Fleetwood Mac
#06 The End of Innocence - Don Henley
#07 Listen To Your Heart - Roxette
#08 Straight Up Paula Abdul
#09 Behind the Mask - Greg Phillinganes
#10 Shattered Dreams Johnny Hates Jazz
#11 La Isla Bonita Madonna
#12 Uptown Girl Billy Joel
#13 Glory of Love Peter Cetera
#14 Heaven is a Place on Earth - Belinda Carlisle
#15 Wouldn't It Be Good - Nik Kershaw
#16 Beds Are Burning - Midnight Oil
#17 Got My Mind Set On You - George Harrison
#18 Learning To Fly - Pink Floyd
#19 Isn't It Midnight - Fleetwood Mac
#20 Smooth Criminal - Michael Jackson

14 de novembro de 2018

A Incendiária (Stephen King)


A Incendiária foi publicado em 1980 e é um dos primeiros livros de Stephen King. Depois de anos esgotado aqui no Brasil, a Suma o trouxe de volta em 2018 com uma nova tradução e uma bela edição.

Apesar de o autor ser normalmente associado ao gênero terror, em  A Incendiária temos um suspense com ficção científica. Logo no início, somos apresentados à Vicky e Andy, um casal de universitários que resolve participar de forma voluntária de um experimento de uma organização secreta do governo chamada "a Oficina". Como resultado, os dois obtém habilidades psíquicas. Anos mais tarde, Charlie, a filha dois dois, nasce com um poder perigoso e incontrolável de fazer fogo com a mente. 

Não demora muito para que o governo demonstre interesse pela garota, com o intuito de usá-la como arma militar. Assim, o que acompanhamos durante a leitura, é a constante e desesperada fuga de Charlie e seu pai, que percorrem os Estados Unidos em busca de segurança. 

Analisando bem, acho que dá para dizer que o livro é dividido em duas partes principais e confesso que perdi um pouco de interesse durante trechos da primeira parte em que senti que a narrativa perdeu um pouco do ritmo, tudo ficou meio parado e nada parecia acontecer. Era uma perseguição sem fim. Porém, fui pega de surpresa quando, lá pela metade, a história tomou um rumo diferente e fiquei bem intrigada para saber como terminaria.

Sem sombra de dúvidas, o que mais amei foram os personagens - são todos bem desenvolvidos e com camadas, de forma que se tornam bem reais. Amei observar (ou seria assistir? Stephen King escreve de forma bem visual, rs) o amadurecimento de Charlie ao longo da história. Andy também é um personagem bem intrigante, adorei sentir o seu desespero para tentar salvar a filha (eu sei, que coisa horrível de dizer, mas essa e só mais uma prova de que Stephen King escreve muito bem). E nem sei o que dizer de Rainbird, além de que ele é fascinantemente medonho e, curiosamente, gostei do personagem; ainda que ele não tenha atributos para ganhar a simpatia de ninguém. Mais uma vez: Stephen King escreve muito bem.

De forma geral, gostei da leitura e recomendo. Porém, com ressalvas. Como mencionei, a leitura perde um pouco do ritmo em alguns momentos, o que pode ser um pouco entediante. O desfecho é satisfatório, apesar de previsível; ainda assim, não é um aspecto que tire o brilho do livro como um todo. Então, meu conselho é que tenham paciência e foquem mais no desenvolvimento dos personagens. Ah, acho que a leitura pode interessar aqueles que, como eu, adoram Stranger Things e não aguentam mais de saudades da série! 

Também quero destacar essa edição da Biblioteca King lançada pela Suma, que está muito caprichada. Além de capa dura e um design de páginas que remetam à ideia de papel pegando fogo, ela traz um posfácio assinado pelo autor e um texto de apoio de Grady Handerson, que tornam a experiência de leitura mais rica. A tradução é de Regiane Winarski, que também merece elogios!
Esse é seu grande defeito. Você olha e vê um monstro. Só que, no caso da garota, um monstro com utilidade. Talvez seja porque você é um homem branco. Homens brancos enxergam monstros por toda parte.

20 de outubro de 2018

Analisando as estatísticas do meu Last.FM | Boletim Musical #02

Hoje resolvi escrever por aqui para registrar mais um boletim musical. Gostaria de dizer que o post de hoje trará algo de diferente, mas novamente irei analisar as informações que o Last.Fm me oferece. Assim, sem mais delongas, vamos aos dados da minha vida musical nos últimos dois meses. 😃

ARTISTAS



Não é surpresa que os Scorpions estejam em em primeiro lugar, já que tenho a impressão de que tenho escutado as músicas da banda há uma eternidade, mesmo que seja só desde agosto (convenhamos que desde então é como se o tempo tivesse quase parado, né?). Tenho certeza de que serão eles os donos do troféu de banda do ano na edição 2018 do retrospectiva musical. Entre os outros artistas, quero destacar o Paul McCartney, que lançou álbum novo em setembro e eu escutei bastante nas semanas seguintes. Como encontrei meu CD do acústico do Kid Abelha, a banda tem me feito companhia como som ambiente enquanto trabalho ou organizo alguma coisa. Por fim, acho válido destacar o Liam Gallagher. Eu tenho escutado o álbum solo dele nos últimos dias, mas não sabia que tinha sido tanto para entrar em um top 10. No mais, tá tudo bem coerente com meu gosto musical mais recente.

ÁLBUNS



Como disse, Scorpions se tornou a banda da minha vida no momento e nenhum disco tem sido tão minha trilha sonora quanto o MTV Unplugged in Athens (2013). É uma delicinha do começo ao fim, deixo tocar em loop. E, para dar uma variada, escuto também a coletânea Born To Touch Your Feelings (2017). O novo disco do Shawn Mendes continua encantando meu coração e eu tô bem apaixonadinha pelas músicas do moço. E a grande surpresa é o primeiro disco póstumo do Michael Jackson, lançado em 2010. Fazia anos que não escutava inteiro, incluindo as faixas fakes, e fiquei feliz por perceber que continuo gostando, ainda que tenha algumas questões (Sony, eu tô olhando pra você!). Também voltei a escutar o Electric Light (2018), do James Bay, e a única razão que encontro para ter escutado pouco é que não tenho me sentido muito ~rockeira em 2018 e esse trabalho recente tá mais do rock. 

FAIXAS



A única surpresa por aqui é Delicate, que eu gosto, mas não sabia que gostava tanto assim, mesmo sendo uma das mais gostosinhas do reputation (2017). De resto, só temos Scorpions e todas as músicas que aparecem na lista recebem um seems legit de minha parte, pois só de ler os títulos já começo a cantarolar trechos. As minhas preferidas são In Trance, que não conhecia até este ano, e Still Loving You, que nunca valorizei muito, mas agora amo demais, amo intensamente, amo para sempre. Power Ballad da maior qualidade! 

1 de outubro de 2018

TRILOGIA: A Rebelde do Deserto (Alwyn Hamilton)

A série de A Rebelde do Deserto é uma das que mais gostei de acompanhar nos últimos anos. Normalmente, espero as séries serem concluídas antes de me arriscar na leitura, mas nesse caso não resisti e comecei a ler em 2016, quando o primeiro livro foi lançado. Desde então, foi difícil aguentar até que os próximos livros fossem lançados e mais difícil ainda foi me despedir da história.

Aqui temos uma história de fantasia ambientada em um universo marcado pela magia dos gênios. Amani, a protagonista, vive na Vila da Poeira, um lugarzinho no meio do deserto de Miraji bastante impiedoso para qualquer pessoa, mas particularmente péssimo para uma garota pobre e órfã. Suas perspectivas de futuro apresentam duas possibilidades: um casamento forçado, no qual será condenada à uma vida de submissão, ou ir embora da Vila da Poeira antes disso. De forma meio inesperada, e com a ajuda de um misterioso forasteiro que chega na cidade (Jin❤), ela consegue escapar em um cavalo mágico. E o que se segue é uma trama repleta de aventura, ação, magia, reviravoltas e romance.

O primeiro livro - A Rebelde do Deserto - funciona mesmo como uma introdução ao universo criado por Alwyn Hamilton, pois mesmo que o leitor perceba que há muito mais acontecendo do que o que Amani vê, alguns pontos não ficam muito claros e ao fim da leitura, restam dúvidas. Principalmente em relação à situação política de Miraji, que é governada por um Sultão que, além de precisar lidar com ameaças estrangeiras, enfrenta uma forte oposição de um grupo de rebeldes. Ainda assim, como a primeira parte de uma história, o livro funciona muito bem e deixa o leitor bem empolgado para ler a continuação - tem uma super reviravolta no final! 

Em A Traidora do Trono, a história avança e, ao contrário do que costumo achar dos segundos livros, este aqui é realmente necessário. As explicações surgem aos poucos, a trama política fica ainda mais interessante e os personagens ganham ainda mais camadas conforme acompanhamos seus desenvolvimentos. A Amani está incrível nesse livro e, por causa disso, comecei a considerá-la uma das minhas heroínas preferidas em histórias de fantasia. Ah, os aspectos mágicos também ganham mais destaque, aprendemos mais sobre os gênios e outras criaturas que habitam esse universo. O final é de tirar o fôlego, cheio de ação, mais reviravoltas! e, claro, um enorme gancho para deixar o leitor com o queixo no chão, desesperado pela próxima parte. 

Por fim, em A Heroína da Alvorada, encontramos o desfecho dessa história maravilhosa e, de minha parte, digo que não poderia pedir por algo melhor do que o final que a autora nos deu. Aqui ela conseguiu juntar tudo de melhor dos livros anteriores e multiplicou tudo, de forma que encontramos uma história muito intensa, cheia de mistérios, mais reviravoltas e muita, muita ação. Tudo fica bem amarradinho e, realmente, não tenho do que reclamar. É surpreendente e emocionante e eu vou ficar com muitas saudades dessa história. 

Recomendo para todos que gostam de histórias de fantasia envolventes, com um universo cheio de lendas e personagens cativantes. 😉

26 de setembro de 2018

Um milhão de finais felizes (Vitor Martins)



Sabe aquela sensação gostosa de conforto que só um banho quente ou uma colherada de brigadeiro de panela podem proporcionar? Pois foi exatamente a sensação que que tive ao Um milhão de finais felizes, de Vitor Martins, lançado este ano pelo Globo Alt.

Aqui conhecemos Jonas, um jovem que está meio perdido e não sabe muito bem o que fazer com sua vida depois que terminou o Ensino Médio. Ele quer ser escritor e anota todas as ideias de histórias que parecem ótima em um caderninho de bolso que está sempre ao seu alcance. 

Um dia, durante o seu turno de trabalho no Rocket Café, ele conhece Arthur, um garoto de barba ruiva que parece um pirata e lhe inspira a começar a escrever uma história com protagonistas muito parecidos com eles dois. Enquanto tenta entender os seus sentimentos em relação a Arthur, Jonas também precisa lidar com uma família conservadora e que não sabe que ele é gay, além dos desafios de manter as amizades de colégio quando a vida adulta começa a consumir o seu tempo.

A primeira coisa que chamou minha atenção logo que comecei a ler foi o tom descontraído e bem humorado da narrativa, que faz com que Jonas pareça real e acaba por nos aproximar dele. Adorei que, ao mesmo tempo em que há uma leveza em tudo, também há uma dose certa de drama, o que mais uma vez deixa tudo muito real. Ler sobre a relação de Jonas com seus pais foi de partir o coração e saber que essa é a realidade de muitas pessoas é ainda mais doloroso. Outro ponto que merece destaque é a maneira cuidadosa com que o Vitor abordou a religião nisso tudo. Em nenhum momento ele soa ofensivo.

Além de Jonas, os outros personagens também são bem reais. Os amigos do Jonas, Danilo e Karina, são muito cativantes e queria muito que eles existissem. O Arthur é, além de bonito, muito fofo e jamais poderia julgar o Jonas por ficar meio sem reação quando olha para ele (quem nunca?). Ele tem seus próprios dramas e conflitos, que também ganham espaço. 

Os capítulos são intercalados com partes da história que o Jonas escreveu, o que me lembrou um pouco Fangirl, da Rainbow Rowell, e adorei que o Vitor fez isso também. Se eu tivesse que fazer uma ressalva, seria para dizer que queria ler mais sobre Tod e Bart, os piratas bonitões que integram a tripulação do Verloren II. Tomara que os leitores possam conhecer mais das aventuras dos dois. 

Lembro que quando eu era adolescente, não existia essa variedade de livros voltados para o público jovem adulto e fico muito feliz por saber que a literatura jovem cresceu e continua a crescer. E fico ainda mais feliz por saber que a nossa literatura jovem tem essa voz tão única do Vitor e que muitos adolescentes como o Jonas possam encontrar personagens com os quais se identificar e uma história na qual possam se encontrar. Leitura mais que recomendada! 😉

"A gente não tem controle de nada. Mas você não pode deixar essa falta de controle te impedir de viver o agora".

21 de setembro de 2018

O canto mais escuro da floresta (Holly Black)



Descobri O canto mais escuro da floresta enquanto procurava algo que despertasse o meu interesse no catálogo do Kindle Unlimited e, sem muitos critérios além de achar a capa bonita, resolvi arriscar a leitura. E ainda bem que o fiz, porque a experiência acabou se revelando uma das minhas preferidas do ano. Até então, meu único contato com o trabalho de Holly Black havia sido o conto Krampuslauf, um dos meus preferidos da coletânea O presente do meu grande amor, e não demorei muito para perceber certa familiaridade na narrativa, cheia de bom humor e personalidade.

Sem sombra de dúvidas, depois da capa bonita, a primeira característica que me atraiu foi o fato de a autora explorar a mitologia de fadas. Sinceramente, acho que nunca havia lido algo com essa temática, então tudo me pareceu interessante e, ao mesmo tempo, confuso. Aliás, acho válido mencionar que a autora não dedica muito tempo para explicações; sua história acontece em uma cidade em que fadas convivem com humanos, pregando todos os tipos de peças, e todo mundo parece estar bem tranquilo em relação a isso, de forma que o leitor deve simplesmente aceitar essa realidade e não questionar muito as estruturas do universo da história. Basta saber que o povo das fadas vive na floresta próxima da cidade e que, de forma geral, não causa muitos desconfortos para os habitantes. O mesmo não pode ser dito em relação aos turistas.

Há também o mistério do garoto que dorme no esquife no meio da floresta, o que acaba por deixar a história toda com um ar de contos de fadas moderno, porém do tipo que subverte alguns clichês e também é muito mais sombrio do que aqueles que costumávamos ler quando éramos crianças. O que mais gostei em relação ao garoto adormecido é que, enquanto nas histórias infantis a pessoa que dorme só desperta no final, aqui o despertar surge como um "chamado para a aventura", pois é justamente a partir deste momento que Hazel acaba se envolvendo em uma trama cheia de reviravoltas. A narrativa, como disse, é divertida e bastante fluída e Holly Black sabe como conduzir a história de um jeito que prende o leitor do começo ao fim. Ao mesmo tempo em que há linearidade, a autora parece esconder alguns elementos relacionados ao passado dos personagens e só os revela no momento oportuno, criando vários plot twists que me pegaram de surpresa.

Os personagens também são um ponto muito positivo; talvez o mais positivo, na minha opinião. Hazel é engraçada e bastante determinada. Há momentos em que realmente não sabemos o que esperar de suas atitudes e digo isso de um jeito positivo, porque ela é capaz de fazer qualquer coisa se isso significar que aqueles com quem se importa estarão salvos (também achei ótimo que ela não consegue se controlar e sai beijando todo mundo - juro que faz sentido no livro!). Ben, seu irmão, pode parecer mais avoado, mas logo percebemos que ele também é uma caixinha cheia de surpresas - meio inseguro, é verdade, mas sempre disposto a ajudar. Tem também o Jack, melhor amigo de Ben e interesse romântico de Hazel, e confesso que demorei um pouco para ter uma opinião formada a seu respeito e até para entender qual era a dele. Ele é aquele tipo de personagem do qual a gente desconfia (e temos um ótimo motivo para isso também, viu?). Por fim, mas jamais menos importante: Severin, meu personagem preferido do livro todo. Não dá para falar muita coisa sobre ele, pois poderia revelar muito da história; contudo, basta saber que ele é um personagem diferente do que eu esperava, possui um ótimo senso de humor e eu adoraria tê-lo como amigo.
Somos todos suscetíveis ao autoengano quando este nos é favorável.
A única forma de acabar com a tristeza era passando por ela.

De forma geral, adorei a leitura de O canto mais escuro da floresta e tenho apenas duas ressalvas. A primeira delas é em relação ao relacionamento de Hazel e Ben com seus pais. Existem muitas questões não resolvidas entre eles e o livro chega ao fim sem explorar esses aspectos, de forma que ficou parecendo algo meio jogado na história sem muito propósito. A autora chega a apresentar algumas explicações, mas não achei muito satisfatório. A outra ressalva diz respeito ao desfecho, que aconteceu, a meu ver, muito rápido. Não é algo que tenha atrapalhado a compreensão do que estava acontecendo, mas acho que algumas páginas a mais teriam funcionado melhor. O vilão também não me pareceu muito ameaçador e achei um pouco caricato (algo meio "sou mal apenas por ser mal", sabem?), mas como a ideia era contar uma história com ares de contos de fadas, acho que deu certo e não me incomodou. Leitura recomendada!

4 de setembro de 2018

Joyland (Stephen King)



Desde que Joyland foi lançado aqui no Brasil, em 2015 (o livro foi lançado lá fora dois anos antes), fiquei curiosa. Primeiro, porque a capa me intrigou e, julgando por esta única característica, já considerei a leitura bastante válida. Segundo, porque Stephen King é um daqueles autores tão famosos e adorados que em algum momento a gente tem que conhecer, porque a sensação é a de que estamos perdendo algo (na verdade, eu não estava, pois sempre me esqueço de que já havia lido outros dois livros do autor). E, terceiro, porque a história de um parque de diversões assombrado por um fantasma me pareceu irresistível demais para deixar passar.

Demorei, mas finalmente li e o momento não poderia ter sido melhor, o livro virou um dos meus favoritos do ano. Apesar de este não ter sido o meu primeiro contato com o autor, decidi que irei considerar Joyland a estreia de Stephen King na minha vida, já que foi com essa leitura que consegui compreender o porquê de tantos leitores falarem de forma tão apaixonada sobre suas obras.

Quanto ao livro, creio que o primeiro ponto que me atraiu foi a narrativa feita por Devin, que me cativou logo nos primeiros parágrafos e o tempo todo sentia como se estivesse conversando comigo. Além disso, o livro traz algo que eu adoro: personagens que, já com uma idade mais avançada, começam a recordar sua juventude e contam sua história. No caso de Devin, a história do verão em que começou a trabalhar em um parque de diversões e viveu experiências que mudaram sua vida. Assim, acho que posso dizer que o livro tem um quê de coming of age, outra característica a qual dificilmente consigo resistir.
Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo, e apenas aos quarenta temos certeza absoluta disso. Quando se chega aos sessenta, vai por mim, já se está completamente perdido.

A ambientação também é um fator que contribuiu muito para que eu me envolvesse com a leitura. É tudo muito detalhado - mas sem ser de um jeito excessivamente descritivo -, de forma que conseguia enxergar o parque de diversões, os brinquedos, as roupas dos personagens, etc. Além de sentir cheiros e eu acho incrível quando um livro me proporciona esse tipo de experiência. Os personagens também merecem destaque. Todos são bem reais, até aqueles que poderiam ser considerados mais excêntricos (os que tinham "alma de parque de diversões") são bastante coerentes. E o que falar sobre o Mike? Ele é uma criança muito especial, com uma doçura típica da idade (amei a piada interna com a pipa), mas também uma sabedoria e um jeito de enxergar a vida próprios de alguém muito mais velho.

E aí, temos a assombração no trem fantasma. Antes de ler o livro, eu pensei que fosse encontrar uma história de terror, daquelas com um espírito maligno que não consegue seguir a luz porque deixou algum unfinished business por aqui e, por isso, mata pessoas. Porém, estava redondamente enganada. Aqui não temos uma história de fantasma, mas sim uma história com fantasma. É uma diferença sutil, mas muito importante de se levar em consideração, pois acho que pode interferir na maneira como alguns leitores receberão a história. Há também o mistério do assassinato que nunca foi desvendado, que acaba por conferir ao livro alguns toques de mistério policial. Ou seja, Stephen King realmente não me deu chance para não gostar do livro. Confesso que descobri quem era o assassino um pouco antes da revelação e a reviravolta acabou por não me surpreender, mas isso não foi o suficiente para me fazer gostar menos da leitura. No fim, Joyland foi mais sobre amadurecer e se encontrar do que mistério ou terror, e eu adorei que tenha sido assim. 

Pesquisando sobre o livro e Stephen King pela internet, vi que muitos leitores disseram que o livro, além de ser uma boa porta de entrada para quem quer conhecer o trabalho do autor, também é um retorno dele ao tipo de história que costumava escrever no início de sua carreira. Assim, fico feliz por ter escolhido esse livro para "começar" as minhas leituras do mestre do terror. Se em seu vasto catálogo puder encontrar mais livros como Joyland, ficarei bem satisfeita. Não vejo a hora de escolher o próximo da lista. Ah, leitura recomendadíssima!

28 de agosto de 2018

Sonho Azul (Sandy & Junior, 1997)

19. O primeiro álbum que você comprou ou ganhou

Tenho 99% de certeza de que o primeiro álbum da minha coleção foi Sonho Azul (1997), de Sandy & Junior, a dupla mais amada deste Brasil; Eu era muito fã dos irmãos, que foram também a minha primeira obsessão musical. Infelizmente, por mais que me esforce, não consigo me lembrar exatamente quantos anos eu tinha quando escutei Sandy e Junior pela primeira vez, mas sei que foi o vinil (!) de Sábado à Noite (1992) da minha prima - depois ela acabou me dando, de tanto que eu escutava. Mesmo gostando das músicas deles desde muito pequena, só fui adquirir (leiam: ganhar de presente dos meus pais) um CD da dupla quando tinha sete anos e me lembro até hoje de toda a situação envolvendo a compra.

A gente estava no litoral, passeando e tomando sorvete, quando entramos em uma loja de CD (saudades das lojas de CD) para comprar um disco de alguma das duplas sertanejas que integravam os Amigos e que a minha mãe queria muito. Enquanto meus pais conversavam com os atendentes, lembro de ter visualizado uma seção infantil, na qual estavam os discos de Sandy e Junior. Não lembro se pedi, ou se estava muito na minha cara, mas meu pai entendeu o recado e disse que tudo bem, eu podia levar um, mas só um, pois CD era muito caro. Aquela foi uma das primeiras vezes em que precisei fazer uma escolha difícil: a capa do Dig-Dig-Joy (1996) era linda, toda cheia de flores amarelas e eu conhecia as músicas; mas o Sonho Azul (1997) era o disco novo e com a exceção de Beijo é Bom, cuja performance eu tinha assistido no Bom Dia & Companhia, era um grande e enigmático ponto de interrogação. Por um lado, havia o frescor da novidade, e por outro, a possibilidade de detestar tudo e ter que escutar mesmo assim para fazer o dinheiro valer a pena. No fim, acabei levando o Sonho Azul tendo como justificativa a nada nobre vantagem de poder me exibir para uma amiguinha do condomínio que sempre tinha os discos da dupla antes de todo mundo.

Perdi as contas de quantas vezes escutei o álbum durante aquele ano e nos anos que se seguiram até a minha adolescência. Creio que de toda a discografia da dupla, Sonho Azul tenha sido aquele que mais reinou no topo de discos preferidos e até hoje consigo compreender o porquê de isso ter acontecido. Não vou mentir, estava com medo de revisitá-lo antes de escrever o post, mas decidi arriscar mesmo assim e que bom que o fiz. Ainda que o disco seja um recorte bem específico da segunda metade dos anos 1990 e reflita sensações adolescentes - completamente justificável, se considerarmos que na época Sandy e Junior tinham 14 e 13 anos, respectivamente -, é um trabalho que envelheceu relativamente bem.

Entre as faixas que são gostosas de escutar, ainda que definitivamente pertençam à uma caixa de recordações, destaco as divertidíssimas Beijo é Bom e Eu Acho que Pirei. Ambas trazem aquele misto de anseio e ingenuidade típicos das primeiras experiências românticas vivenciadas na adolescência. Ilusão e Sonho Azul também trazem um pouco dessa sensação, mas por sempre tê-las considerado um tanto melancólicas, não escutava muito e não tenho muitas memórias afetivas com elas. Felicidade como forNão Abuse de Mim e Mais um tempo para crescer foram faixas que ganharam um novo significado desta vez, já que no auge dos meus sete anos, tinha um total de zero maturidade para compreender a existência de amor próprio e a noção de que há um tempo certo para tudo. Pega Na Mentira e Cê Tá Queimando Meu Filme são as faixas mais "raivosas" do disco, nas quais os irmãos mostram algum tipo de indignação. No primeiro caso, os irmãos chamam atenção para as mentiras que vemos por aí e, ainda que de forma boba, explicam que isso é errado - vale lembrar que eles tinham um público infantil também, né? Já no segundo, Junior está pistola porque tem um outro cara atrapalhando os seus planos e só quer que o sujeito cuide da própria vida. Acho válido ressaltar que aqui temos palavrão censurado com um piiiiiiiiiiiiiiiiii.

Passemos agora para aquelas que não contaram com a gentileza do tempo. Quando falamos de repertório de Sandy e Junior, não podemos nos esquecer das icônicas versões brasileiras para hits internacionais. Algumas deram muito certo e outras não poderiam dar mais errado. É o caso de Como Eu Te Amo (I Will Aways Love You  - sim, aquela da Whitney Huston) -  que nunca soou bem e hoje soa ainda pior -  e Little Cowboy, que tenho certeza de que os irmãos devem fingir que nunca aconteceu. Bee Gees Medley não é necessariamente ruim, mas também não é excelente e, sinceramente, não entendo muito o porquê de estar no álbum. Acho que Pomponeta dispensa comentários e basta saber que é uma Dig-Dig-Joy menos impactante.

Por fim, aquela que é a melhor faixa do disco e, sem sombra de dúvidas, o seu maior legado: Inesquecível. Considerada por muitos fãs como uma das melhores músicas da dupla (e do pop nacional, na minha opinião), aqui temos um bom exemplo de versão brasileira que funcionou super bem. Tão bem que a própria Laura Pausini elogia e de vez em quando canta com a Sandy em encontros promovidos pelo Faustão. O que mais gosto em Inesquecível é o quanto ela soa atemporal, de forma que poderia ser facilmente incorporada nos repertórios de shows da carreira solo da Sandy para sempre.

Hoje penso em Sonho Azul com o mesmo carinho com que penso nas minhas Barbies e clássicos Disney preferidos. Foi uma parte importante do meu passado (especificamente da infância) e crucial para a minha formação.  E ainda que não consiga encaixá-lo na trilha sonora da minha vida atual, gosto de pensar que assim como ocorre quando vejo fotografias antigas, Sonho Azul sempre irá aquecer o meu coração e me transportar para uma época mais tranquila e sem preocupações, na qual sonhar era o bastante.

Our Chemical Hearts (Krystal Sutherland)


Our Chemical Hearts, de Krystal Sutherland, traz a história de Henry Page, um adolescente que está no último ano do colégio e nunca se apaixonou. Enquanto ele imagina que o momento em que conhecerá o grande amor de sua vida será como no cinema, a realidade não poderia ser mais diferente. Grace Town, a nova e misteriosa aluna na turma de Henry, chama atenção por sua aparência desleixada - cabelos bagunçados, roupas masculinas largas e uma bengala.

Após serem escolhidos como editores do jornal da escola, não demora muito para que Henry se aproxime de Grace e perceba que, além de terem muito em comum, também há algo de bastante frágil nela. Intrigado, ele tenta descobrir mais sobre o passado de Grace e, aos poucos, tenta ajudá-la a se encontrar novamente.

A princípio, achei que o livro seria apenas mais uma história em que um garoto se apaixona por uma garota misteriosa - algo como Quem é você, Alasca? e Cidades de Papel, ambos de John Green -  e, de certa forma, foi exatamente isso que encontrei. Contudo, o livro tem sim o seu encanto e alguns aspectos merecem destaque.

Sem sombra de dúvidas, o aspecto que mais me chamou atenção foi a voz de Henry, que é quem narra a história. Apesar de ser um adolescente comum, sua personalidade é bem definida e isso transparece pela forma como ele conversa com o leitor, se utilizando de referências o tempo todo sem soar como algo forçado. Ele quer ser escritor e é possível que isso tenha a ver com a maneira como se expressa. Também gostei de como nessa história é o garoto que quer se apaixonar e cria expectativas sobre como tudo irá acontecer. Não li muitos livros com essa premissa e que tragam a essa perspectiva, então acho interessante destacar.

I'd always been decent at writing, at putting words together. Some people are born with an ear for music, some people are born with a talent for drawing, some people - people like me - have a built-in radar that tells them where a comma needs to go in a sentence.

Grace Town também foi uma grata surpresa ao se revelar como algo muito mais complexo do que uma manic pixie dream girl na história de Henry (a autora, inclusive, chega a brincar com esse estereótipo em um determinado diálogo). O leitor logo percebe que ela traz camadas profundas por trás de todo o mistério e de sua aparência desleixada e, assim como Henry, quer descobrir o que aconteceu com ela para que ficasse assim. 

When I look up into the night sky, I remember that I'm nothing but the ashes of long-dead stars. A human being is a collection of atoms that comes together into an ordered pattern for a brief period of time and then falls apart again. I find comfort in my smallness.

O romance, que acontece de forma natural e em um ritmo coerente, também funciona bem, tendo seu momento de destaque, mas sem tirar o foco de outros aspectos do livro, como alguns personagens secundários e a dinâmica de Henry com eles. Lola e Muz, seus melhores amigos, têm seus próprios conflitos e isso faz com que eles pareçam reais, ao invés de servirem apenas como um elemento na história do protagonista. 

Por fim, o ponto que, para mim, foi o mais interessante: o desfecho. Como mencionei anteriormente, o livro traz uma premissa bastante batida, que já vimos em outros livros, além de filme e séries de TV Porém, a autora soube se utilizar de algo comum para criar uma história que, mesmo sem inovar, tem alguma personalidade. O final do livro foi onde enxerguei melhor essa característica, já que a história poderia seguir por caminhos óbvios, mas acabou me surpreendendo. Tudo se encerra de forma bastante realista e coerente, transmitindo uma mensagem que, penso, ser bastante válida para o público ao qual o livro é indicado. 

Leitura recomendada para aqueles que gostam de livros YA contemporâneos com foco em primeiros relacionamentos e o amadurecimento que esse tipo de experiência pode proporcionar. Se você gosta de ler histórias que aconteçam durante a época de colégio e que abordem temas típicos dessa fase da vida, pode ser que Our Chemical Hearts também seja do seu interesse. No Brasil, o livro foi publicado pela editora Globo Alt.

Love doesn't need to last a lifetime for it to be real. You can't judge the quality of a love by the length of time it lasts. Everything dies, love included. Sometimes it dies with a person, sometimes it dies on its own. (...) Don't mourn a failed love; there's no such thing. All love is equal in the brain.