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28 de agosto de 2018

Our Chemical Hearts (Krystal Sutherland)


Our Chemical Hearts, de Krystal Sutherland, traz a história de Henry Page, um adolescente que está no último ano do colégio e nunca se apaixonou. Enquanto ele imagina que o momento em que conhecerá o grande amor de sua vida será como no cinema, a realidade não poderia ser mais diferente. Grace Town, a nova e misteriosa aluna na turma de Henry, chama atenção por sua aparência desleixada - cabelos bagunçados, roupas masculinas largas e uma bengala.

Após serem escolhidos como editores do jornal da escola, não demora muito para que Henry se aproxime de Grace e perceba que, além de terem muito em comum, também há algo de bastante frágil nela. Intrigado, ele tenta descobrir mais sobre o passado de Grace e, aos poucos, tenta ajudá-la a se encontrar novamente.

A princípio, achei que o livro seria apenas mais uma história em que um garoto se apaixona por uma garota misteriosa - algo como Quem é você, Alasca? e Cidades de Papel, ambos de John Green -  e, de certa forma, foi exatamente isso que encontrei. Contudo, o livro tem sim o seu encanto e alguns aspectos merecem destaque.

Sem sombra de dúvidas, o aspecto que mais me chamou atenção foi a voz de Henry, que é quem narra a história. Apesar de ser um adolescente comum, sua personalidade é bem definida e isso transparece pela forma como ele conversa com o leitor, se utilizando de referências o tempo todo sem soar como algo forçado. Ele quer ser escritor e é possível que isso tenha a ver com a maneira como se expressa. Também gostei de como nessa história é o garoto que quer se apaixonar e cria expectativas sobre como tudo irá acontecer. Não li muitos livros com essa premissa e que tragam a essa perspectiva, então acho interessante destacar.

I'd always been decent at writing, at putting words together. Some people are born with an ear for music, some people are born with a talent for drawing, some people - people like me - have a built-in radar that tells them where a comma needs to go in a sentence.

Grace Town também foi uma grata surpresa ao se revelar como algo muito mais complexo do que uma manic pixie dream girl na história de Henry (a autora, inclusive, chega a brincar com esse estereótipo em um determinado diálogo). O leitor logo percebe que ela traz camadas profundas por trás de todo o mistério e de sua aparência desleixada e, assim como Henry, quer descobrir o que aconteceu com ela para que ficasse assim. 

When I look up into the night sky, I remember that I'm nothing but the ashes of long-dead stars. A human being is a collection of atoms that comes together into an ordered pattern for a brief period of time and then falls apart again. I find comfort in my smallness.

O romance, que acontece de forma natural e em um ritmo coerente, também funciona bem, tendo seu momento de destaque, mas sem tirar o foco de outros aspectos do livro, como alguns personagens secundários e a dinâmica de Henry com eles. Lola e Muz, seus melhores amigos, têm seus próprios conflitos e isso faz com que eles pareçam reais, ao invés de servirem apenas como um elemento na história do protagonista. 

Por fim, o ponto que, para mim, foi o mais interessante: o desfecho. Como mencionei anteriormente, o livro traz uma premissa bastante batida, que já vimos em outros livros, além de filme e séries de TV Porém, a autora soube se utilizar de algo comum para criar uma história que, mesmo sem inovar, tem alguma personalidade. O final do livro foi onde enxerguei melhor essa característica, já que a história poderia seguir por caminhos óbvios, mas acabou me surpreendendo. Tudo se encerra de forma bastante realista e coerente, transmitindo uma mensagem que, penso, ser bastante válida para o público ao qual o livro é indicado. 

Leitura recomendada para aqueles que gostam de livros YA contemporâneos com foco em primeiros relacionamentos e o amadurecimento que esse tipo de experiência pode proporcionar. Se você gosta de ler histórias que aconteçam durante a época de colégio e que abordem temas típicos dessa fase da vida, pode ser que Our Chemical Hearts também seja do seu interesse. No Brasil, o livro foi publicado pela editora Globo Alt.

Love doesn't need to last a lifetime for it to be real. You can't judge the quality of a love by the length of time it lasts. Everything dies, love included. Sometimes it dies with a person, sometimes it dies on its own. (...) Don't mourn a failed love; there's no such thing. All love is equal in the brain.