- Não escutei todos os lançamentos de 2020.
- O post é sobre o que escutei em 2020 e, por isso, a retrospectiva irá incluir coisas que não foram lançadas durante o ano.
- Mais uma vez, as categorias estão um pouco diferentes das edições anteriores. Algumas sumiram, outras surgiram e algumas foram modificadas.
30 de dezembro de 2020
Retrospectiva Musical 2020
19 de dezembro de 2020
As músicas que (talvez) mais ouvi em 2020
13 de dezembro de 2020
Sobre reler O morro dos ventos uivantes | Diário de Leitura #02
No início do ano, reli um dos meus livros favoritos: O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë. Foi uma releitura que aconteceu sem nenhum planejamento, estava no litoral, o calor era o típico do verão, os dias estavam ensolarados e o céu era de um azul vivo. De forma alguma descreveria o momento como o ideal para mergulhar em um clássico vitoriano, mas acho que essa imprevisibilidade foi o que tornou a experiência ainda melhor. Lembro que havia concluído a releitura de Harry Potter e a Câmara Secreta e, sem saber qual livro começar, decidi ler apenas os primeiros capítulos da obra de Emily Brontë na edição da L&PM disponível no catálogo do Kindle Unlimited. "Ah, quero só me lembrar de como a história começa", eu disse iludida e horas depois já estava completamente mergulhada mais uma vez nos tormentos de Cathy e Heathcliff.
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A releitura aconteceu entre os dias 7 e 25 de janeiro de 2020. |
Ao mesmo tempo em que a releitura me trouxe familiaridade, a história me parecia completamente diferente. Pude enxergar novas camadas, assim como a complexidade de seus personagens. Um dos pontos que achei mais interessantes e que não havia notado na primeira leitura é como a autora parece espelhar alguns deles (Heathcliff e Hareton, por exemplo) e como a história traz um aspecto meio cíclico, como se tudo formasse um círculo e se amarrasse no final. Também prestei mais atenção ao fato de que aqui também temos um caso de um relato de um relato, o que me fez questionar o tempo todo se as coisas eram exatamente como os narradores contavam. Essa estrutura me lembrou bastante a de Frankenstein, de Mary Shelley, mas também enxerguei outros pontos de semelhança em ambos os romances: a natureza parece refletir o humor dos personagens e em alguns momentos parece se tornar um personagem também; os personagens são todos dúbios, têm atitudes questionáveis e, em alguns casos, buscam algum tipo de vingança ou redenção. Há também o fato de que são poucas as pessoas em ambas as histórias que conseguem ganhar a simpatia do leitor. Tanto Emily Brontë quanto Mary Shelley criaram personagens detestáveis e, consequentemente, bastante humanos.
Um dos meus maiores receios antes de iniciar essa releitura era o de problematizar Heathcliff até chegar ao ponto de odiá-lo e parar de considerá-lo um dos meus personagens favoritos da literatura. Felizmente, nada disso aconteceu e acho que o amo mais enquanto personagem agora, mais de dez anos depois, do que quando eu tinha 18 anos. Acho que dessa vez, ainda que eu questionasse ainda mais as suas atitudes, consegui enxergá-lo de uma forma mais humana e, talvez por isso, senti o seu sofrimento e percebi o quanto ele está atormentado. Já em relação a Cathy, não sei dizer se avancei muito em sua compreensão. Claro que dez anos depois, consigo enxergar melhor as dificuldades de ser uma mulher no século XIX - infelizmente, algumas não se limitaram apenas à Inglaterra ou àquele período - e, dessa forma, também posso entender as motivações por trás de algumas de suas escolhas. Ainda assim, cheguei ao final da releitura sem a certeza de que havia de fato entendido quem é Catherine Earnshaw. Mas, talvez, seja exatamente essa a intenção da autora. Como concluí a releitura já sabendo que a experiência não demoraria a se repetir, da próxima vez que eu visitar O morro dos ventos uivantes, vou prestar ainda mais atenção nesse ponto.
29 de setembro de 2020
Em 2020, comecei a ouvir BTS

- Versão em estúdio (Adoro a voz do Namjoon cantando, queria mais músicas dele cantando)
- MV
- Comeback Stage em fevereiro de 2017 (sigo sem compreender o porquê de o J-Hope ter sido esquecido na versão em estúdio, mas fico feliz que pelo menos ao vivo ele tem participação. E, mesmo amando a voz do Namjoon, acho que a versão do Hobi ficou linda também).

- Versão em estúdio
- Performance em turnê de 2018 ou 2019. Acho que todos da vocal line estão bem elegantes. Principalmente o Jungkook, que está parecendo um príncipe.

Não vou mentir, apesar de amar demais a vocal line, a rap line é uma das minhas coisas preferidas de todo o BTS e, de todas as músicas dela, Tear é a que mais me deixa hipnotizada. Eu não entendo absolutamente nada de coreano, mas mesmo assim fico impressionada com a emoção que a música passa e dá pra sentir a angústia dos três, principalmente do Hoseok no final. Aliás, são em momentos como as performances ao vivo de Tear que me lembro do porquê de ele ser o meu bias.
Sei dançar
- Versão em estúdio
- Performance no Japão durante o MAMA em dezembro de 2018 (a apresentação do show aqui no Brasil em 2019 é ótima também, com eles brincando em um pula-pula enquanto cantam a música; infelizmente só tem fancam no Youtube, mas se você encontrar um torrent esperto do DVD do show em São Paulo, eu recomendo demais a performance)
- Versão em estúdio / Comeback Trailer
- Performance durante a turnê no Japão em 2016 (não é a mesma da Bang Bang Con, mas é tão boa quanto e o visual do RM está melhor aqui)
Quero na tour
Não ouço faz tempo
- Ma City - amei instantaneamente e já considero pakas, vai para a minha playlist de verão. (Versão em estúdio)
- Blood Sweat & Tears - UM HINO perfeito, sem defeitos, jamais errou. (Versão em estúdio)
- Boy In Luv - eu sou muito vendida para o BTS adolescente rebelde e com jeito de emo. (MV Choreography Version)
Uma das principais características do BTS é o fato de que eles falam sobre o que sentem e mostram suas vulnerabilidades. Suga, por lidar há anos com depressão, fala sobre isso nas suas músicas. Parte do que me faz amar Shadow - a melhor música do Map of The Soul: 7 e quem discorda está errado - é a fragilidade que Yoongi mostra ao admitir que sente medo de estar na posição em que se encontra e, ao mesmo tempo, sente medo de perdê-la também. E apesar disso, ele segue em frente porque sabe que é isso que ele precisa fazer porque a sua música e a mensagem que ele transmite com a sua arte ajudam milhares de pessoas pelo mundo e isso já é o suficiente para ele. Suga tem um coração de ouro. <3
- Versão em estúdio
- "ON" Kinetic Manifesto Film: Coma Prima (apesar desse nome chique e complicado, é basicamente um videoclipe da coreografia, mas de um jeito meio performance ao vivo. Não sei explicar direito, então é melhor assistir. Esse vídeo é ABSOLUTAMENTE TUDO PARA MIM).
- Performance para o The Tonight Show na Grand Central Terminal (como diria o Faustão, "quem sabe, faz ao vivo")
- Versão em estúdio
- Euphoria: Theme of LOVE YOURSELF: Wonder
- Performance durante um show da Love Yourself: Speak Yourself no Japão, em 2019 (Jungkook voando com essa jaqueta rosa em tom pastel = um sonho)
- FAKE LOVE (Extended Version) - de novo no desafio porque é a minha música favorita e o clipe da versão rock é o melhor de todos;
- Spring Day - esse clipe é lindo de um jeito melancólico, um dos meus preferidos mesmo
- Blood Sweat & Tears - o clipe dessa música é PERFEITO SEM DEFEITOS NUNCA ERROU; meu preferido do BTS
- DNA - MASTERPIECE! AMO!;
- Danger - BTS adolescente rebelde dançando no metrô. AMO. E essa música transpira Michael Jackson, o que me faz amar tudo nela ainda mais;
- Outro: Ego - clipe do bias, né.
- ON - porque sim, porque óbvio. Eu amo esse clipe <3
Canto em voz alta
- MV
- Performance no The Late Show With Stephen Colbert (os Beatles no Ed Sullivan Show!!!!!!!!!!)
Não falta na playlist
- Discurso do Namjoon na Assembleia Geral da ONU, em 2018, para a campanha Love Myself
- Performance no MMA (Melon Music Awards) 2019, é praticamente um show mais curto e acho que é uma ótima porta de entrada para quem quer conhecer o BTS
- Adoro a performance de N.O e We are bulletproof pt.2 no MAMA (Mnet Asian Music Awards) de 2019, a coreografia é sensacional!
- Em fevereiro, o BTS foi para os EUA promover o lançamento do álbum Map of The Soul: 7 e o Jimmy Fallon entrevistou eles dentro de um metrô, meio que fez uma gincana com umas brincadeiras divertidas e legais de assistir e depois levou eles para comer e servir sanduíche em uma lanchonete ponto turístico de Nova Iorque. É difícil não gostar deles, sabe? Pura simpatia.
- Participação do BTS no Carpool Karaoke do Late Late Show with James Corden. Tudo nesse vídeo me deixa feliz, principalmente o sorriso contagiante do J-Hope. Saudades do mundo antes da pandemia, quando esse tipo de interação podia acontecer.
- Discurso do BTS no Dear Class of 2020, evento de formatura do YouTube para os formandos de 2020, seguido da performance deles para o evento. Amei demais a escolha das músicas, achei que combinaram muito com a ocasião e trouxeram algum consolo nesses tempos difíceis.
- O MV de Stay Gold, que saiu em junho. Essa música é tudo para mim. ♥
- O MV de Dynamite! A música (a primeira toda em inglês! Obrigada pelo mimo, BTS!) é ótima e contagiante e o clipe só me faz sorrir o tempo todo. Adoro a vibe retrô anos 90 e as referências à disco music e Michael Jackson. Teve também essa performance no VMA 2020, a primeira vez que o grupo se apresenta na premiação. Mesmo lamentando que a atual situação do mundo nos impediu de assistir essa performance acontecendo no palco de verdade do VMA, fico feliz por mais essa conquista dos, cof cof, meninos. A apresentação foi ótima e os figurinos estão impecáveis. Amei!
- Por fim, um evento dos mais recentes: o Tiny Desk (Home Concert), que me fez sonhar com um BTS Unplugged in Seoul. Por favor, MTV, realize esse meu sonho depois que o corona acabar. Acho que essa apresentação também é uma boa opção pra quem quer conhecer o grupo, mas não curte muito hip hop ou músicas mais ~explosivas.
29 de agosto de 2020
Respondendo perguntas sobre Michael Jackson | Michael Jackson Day 2020
Por que você ama tanto o Michael Jackson e/ou o que você mais gosta a respeito dele?
Qual é o seu álbum favorito?
É difícil escolher apenas uma, então vou citar três:
- Man In The Mirror - mesmo não sendo composição do Michal, gosto muito de como ele tornou a música dele e qualquer pessoa que preste atenção vai perceber que essa é uma das músicas mais Michael Jackson de seu catálogo. A letra é simples, mas carrega um significado enorme e seria lindo se todas as pessoas conseguissem colocar em prática o que ela diz e se tornassem as mudanças que gostariam de ver no mundo. A gente estaria em uma situação muito melhor em 2020 se as pessoas aprendessem a olhar para além do próprio umbigo.
- Is It Scary - essa é uma música mais lado b, mas é uma das que considero mais bem escritas e mais pessoais do Michael Jackson. Queria muito que ela tivesse se tornado single, pois não só é muito boa de ouvir (é um hit, meus caros) como também revela um lado bem humano dele. Michael Jackson costumava ser um cara da paz, do tipo que não rebatia as críticas com ódio e preferia espalhar amor pelo mundo. Mas isso não quer dizer que ele não se afetava com o que falavam sobre ele ou com o que acontecia com a sua vida. Na maioria das vezes ele só queria poder viver de um jeito mais normal e, ao mesmo tempo, não entendia muito bem o porquê da enorme obsessão das pessoas e da mídia em relação à ele. Então aqui ele meio que cria esse cenário meio gótico que parece de história de terror, mas critica de um jeito meio sarcástico e cheio de classe (muito fino, gente) aqueles que o atacavam, deixando muito claro que aquilo que diziam sobre ele revelava mais sobre eles do que sobre Michael Jackson. Essa música é perfeita.
- They Don't Care About Us - definitivamente a letra mais poderosa, mais impactante e, infelizmente, mais atual. Gosto de como Michael é direto, expondo o racismo na sociedade e, em alguns trechos, se utilizando da própria vivência como homem negro para fazê-lo. Não importa quem você é, as suas conquistas, o tanto que você trabalhou e, no caso dele, o valor de sua conta bancária: se você é negro, a sociedade vai te tratar de forma diferente, você será marginalizado e, no fim, ninguém realmente se importa. É uma letra bem triste.
Qual é o seu videoclipe preferido?
Black or White, porque foi assistindo ele naquele dia que não fui para a escola que percebi que amava Michael Jackson e que tinha "descoberto" um artista muito especial. Até hoje, é o videoclipe dele que mais assisto e aquele que sempre coloca um sorriso no meu rosto. A música transpira anos 90 e tem o Macaulay Culkin no vídeo, sabem? Não tinha como eu não amar.
- Michael: para conhecer - É uma mistura de músicas conhecidas com outras mais lado b e que eu acho que todo mundo deveria conhecer. Ao mesmo tempo, também são faixas que, de alguma forma, trazem algo de mais pessoal e que, por isso, nos revelam um pouco de quem era Michael Jackson e nos permitem conhecer um pouco mais sobre ele.
- Michael para dias tranquilos - É uma seleção de músicas mais calmas com temáticas variadas e todas me trazem uma sensação de paz. Recomendo ouvir no fim do dia.
20 de julho de 2020
Golem e o Gênio (Helene Wecker)
Uma das minhas metas de leitura para 2020 era ler um livro que me intimida e o escolhido foi Golem e o Gênio, de Helene Wecker, lançado aqui no Brasil em 2015 pela Darkside. Mesmo sabendo que o livro é um romance histórico com fantasia, o que me intimidava era o tamanho. Já cheguei a comentar que, de uns tempos pra cá, comecei a sentir medo de livros com mais de 500 páginas e, mesmo quando sei que posso gostar, sempre acabo deixando a leitura desses livros para outro momento.
Contudo, durante esse isolamento social e a constante sensação de incerteza, senti que a hora de tirar esse calhamaço da estante havia chegado. Logo nos primeiros capítulos, já fiquei intrigada e curiosa para saber o que iria acontecer na história.
Aqui somos transportados para Nova Iorque, logo após a virada do século XX e conhecemos as histórias da golem Chava e do gênio Ahmad. Ambos chegam à esse cenário de maneira inusitada. Ela, uma criatura de barro criada por um rabino, desperta em um navio e, após a morte de seu mestre, chega à cidade sem saber como se comportar, em quem confiar e, de forma geral, o que fazer com sua vida. Ele, uma criatura do deserto sírio muito poderosa, ficou preso em uma garrafa por mil anos e, após despertar inesperadamente na oficina de um ferreiro, não consegue compreender quem ou o que está por trás de sua prisão em forma humana e não faz ideia de como se libertar. Eventualmente, os dois personagens se conhecem e, por meio de suas experiências e conversas, a autora nos apresenta à uma parte de Mahattan que foi construída por imigrantes. Além das histórias de Chava e Ahmad, por meio das histórias de outros personagens que vivem nesses bairros, podemos conhecer um pouco da realidade desses imigrantes, assim como aspectos das culturas árabe e judaica.